Força Assassina (1980)

3.8
(5)

Força Assassina
Original:The Boogey Man
Ano:1980•País:EUA
Direção:Ulli Lommel
Roteiro:Ulli Lommel, Suzanna Love, David Herschel
Produção:Gillian Gordon, Ulli Lommel, Wolf Schmidt, Terrell Tannen
Elenco:Suzanna Love, John Carradine, Ron James, Nicholas Love

Ainda pequena, Lacey assiste ao irmão, também criança, assassinar o amante da mãe a facadas. Como testemunha da tragédia, apenas um antigo espelho. Duas décadas depois, os irmãos mudaram-se para uma área rural, porém continuam atormentados pelo terrível acontecimento do passado. Willy literalmente não fala enquanto a irmã sofre com assustadores pesadelos. Para se livrar deste transtorno, a sugestão do psicólogo Dr. Warren é que Lacey retorne à sua antiga residência e assim supere os acontecimentos do fatídico dia. Entretanto, a terapia tem consequências trágicas quando, em um acesso de desespero, ela destrói o espelho do quarto onde tudo aconteceu. O espelho, em pedaços, libera uma força incontrolável e mortal que estava aprisionada há 20 anos.

Força Assassina aka The Boogey Man (O Bicho-Papão, em tradução livre) é um slasher sobrenatural americano dirigido pelo cineasta alemão Ulli Lommel (pouco conhecido, porém dono de uma carreira cinematográfica tão extensa quanto irregular, que inclui a direção de mais de 65 longas-metragens, além da atuação em outros 90), protagonizado pelos irmãos na vida real Suzanna e Nicholas Love (ambos trabalharam em outras produções de Lommel, como BrainWaves, sci-fi de 1982). O filme conta ainda com uma pequena participação de John Carradine (de A Sentinela dos Malditos, 1977, e A Mansão da Meia-Noite, 1983), patriarca do clã Carradine, como o Dr. Warren.

O filme foi mal recebido pela crítica na época de seu lançamento. A maior queixa era a falta de originalidade da produção, que transbordava influências e referências diretas a produções de peso como O Exorcista (1973) e Terror em Amityville (1979). Em relação a Amityville, além da ideia de um objeto amaldiçoado (o espelho, curiosamente o plot principal do futuro Amityville 7 – Uma Nova Geração, de 1993), a arquitetura da casa dos protagonistas é muito parecida com a casa mal assombrada mais famosa do cinema, inclusive com as janelas que lembram dois olhos demoníacos. Outra influência clara (esta, até bem-vinda), está na vibração carpentiana presente em muitas tomadas e sequências – e também na trilha sonora de Tim Krog com os sintetizadores pesados que remetem diretamente às composições de John Carpenter, mesmo que falte equilíbrio entre a música e a ação em alguns momentos.

Apesar do resultado mediano, algumas opções da produção devem agradar, como a reviravolta inesperada no gênero: o que começa como um slasher clássico oitentista, termina como um horror sobrenatural. É notável também a utilização no enredo de conceitos do folclore popular, como espelhos que trazem má sorte quando se quebram ou aprisionam espíritos e entidades como o Bicho-Papão (Boogeyman).

As cenas que exigem mais maquiagem (as mortes, por exemplo) e efeitos visuais (o exorcismo final) carecem de empenho e capricho. Provavelmente devido ao baixo orçamento, a maioria das passagens mais violentas acontece em off, o que infelizmente impede que o filme seja elevado a um nível mais expressivo. Mas ao menos uma é bem impactante: a entidade, presente em apenas um fragmento do espelho, força a garota a perfurar a própria garganta com uma tesoura, em uma sequência tensa e incômoda.

Duas continuações muito inferiores seriam lançadas no futuro: Boogeyman 2 (1983) e Return of the Boogeyman (1994) – além do recente e inédito Boogeyman: Reincarnation (obra póstuma do diretor, que faleceu em 2017). Dica: ficar atento para não confundir Força Assassina com Boogeyman (O Pesadelo, por aqui), fraca produção de Sam Raimi lançada em 2005.

Força Assassina foi distribuído em VHS no Brasil pela extinta Top Tape, mas continua inédito nos formatos DVD ou Blu-ray – para os curiosos e interessados, a única opção legal é investir alguns dólares na versão importada.

Enfim, The Boogey Man é uma produção pouco original, na verdade um emaranhado de referências, contudo não totalmente dispensável. Quase esquecida, pouco comentada, mas que vale uma conferida sem grandes expectativas.

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João Pires Neto

João Pires Neto é apaixonado por livros, filmes e música, formado em Letras, especialista em Literatura pela PUC-SP, colaborador do site Boca do Inferno desde 2005, possui diversos contos e artigos publicados em livros e revistas especializadas no gênero fantástico. Dedica seu pouco tempo livre para continuar os estudos na área de literatura, artes e filosofia

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