Servant – 4ª Temporada (2023)
 Servant - 4ª Temporada
Original:Servant - Season 4
Ano:2023•País:EUA Direção:Dylan Holmes Williams, Kitty Green, Ishana Shyamalan, Carlo Mirabella-Davis, Logan George, Celine Held, Nimród Antal, M. Night Shyamalan, Veronika Franz, Severin Fiala Roteiro:Tony Basgallop, Henry Chaisson, Alyssa Clark, Ishana Shyamalan, Amy Louise Johnson, Kara Lee Corthron, Devin Conroy, Henry Chaisson, Laura Marks, Produção:Ishana Shyamalan, Henry Chaisson, Elenco:Lauren Ambrose, Toby Kebbell, Nell Tiger Free, Rupert Grint, Tony Revolori, Victoria Cartagena, Katie Lee Hill, Boris McGiver, Phillip James Brannon, Barbara Kingsley, Denny Dillon |
“Eu posso sentir a coisa escura em mim ficando maior.”
Inicialmente previsto para perdurar por cinco temporadas, Servant não teve força para conduzir seus mistérios por mais um ano, chegando ao seu episódio final em 2023, no dia 17 de março. A série, criada por Tony Basgallop e produzida por M. Night Shyamalan, até que soube se reiventar a cada ano e já demonstrava sinais de cansaço na terceira temporada, com momentos não tão assustadores ou empolgantes, e poucas pistas sobre a seita que envolve a babá Leanne (Nell Tiger Free) e que trouxe dores de cabeça para o chef Sean (Toby Kebbell), sua esposa Dorothy (Lauren Ambrose) e seu cunhado Julian (Rupert Grint). Ainda assim teve um final adequado, completando lacunas e permitindo reflexões e expectativas de continuidade.
Dia 13 de janeiro foi ao ar o primeiro episódio da derradeira temporada, intitulado “Pombo“, com direção de Dylan Holmes Williams a partir de um roteiro escrito por Henry Chaisson. Focado em Leanne, o episódio mostra como a babá do bebê-boneco-que-virou-bebê-de-verdade Jericho está lidando com os membros de sua igreja, a tal Igreja dos Santos Menores. Para quem não se lembra, a temporada anterior mostrou a força da garota em angariar seguidores para o seu próprio culto, deixando-os na praça em frente ao apartamento da família Turner, porém aqueles que não a seguiam ainda insistem em trazê-la de volta ou eliminá-la. Com uma atmosfera claustrofóbica, ela tenta encontrar meios de se livrar dos antigos, sem que consiga definir quem seriam eles, culminando numa ação que mostra sua importância para algo maior.
Após o terrível acidente no final da terceira temporada, Dorothy está de volta à morada, oficialmente no episódio “Coceira“, de Kitty Green. Sem mobilidade e ignorando as tentativas de aproximação de Leanne e Sean, ela aceita a companhia de duas enfermeiras, as sinistras Beverly (Denny Dillon, de A Casa do Espanto IV) e Roberta (Barbara Kingsley. Enquanto a Spruce Street, na Filadélfia, é atacada por percevejos, Leanne está numa missão pessoal de identificar possíveis ameaças, acreditando que as senhoras possam ser parte do culto. No episódio “Séance“, dirigido pela filha de M. Night Shyamalan, Ishana Night Shyamalan, Dorothy aceita que Barbára conduza uma sessão espírita no local, tendo a ameaça de Leanne, disposta a buscar cicatrizes nas costas que comprovem a participação delas no culto. Uma cratera se abre na rua em frente ao apartamento, mostrando mais uma vez a força sobrenatural da babá.
“Boo” é o episódio de Halloween da temporada, com direção de Dylan Holmes, para um roteiro de Amy Louise Johnson e Ishana Night Shyamalan. É nele que Sean realmente sente a ameaça de Leanne e volta a se aproximar da esposa, enquanto a garota usa sua força para enfrentar mais uma tentativa do culto de levá-la embora. Mas eles conseguem o apoio de Sean em “Vizinhos“, de Carlo Mirabella-Davis, com argumento de Kara Lee Corthron, quando o chef resolve dar uma festa de boas-vindas planejando uma facilitação para que a babá seja levada embora definitivamente, mesmo a contragosto de Julian. Mas não é tão fácil quanto imaginam.
O sexto episódio, “Jardim Zoológico“, dirigido por Céline Held e Logan George, a partir de um roteiro de Devin Conroy e Ishana Night Shyamalan, traz uma importante revelação sobre as enfermeiras que vieram ajudar Dorothy, quando os Turners resolvem dar uma festa para Jericho e tudo dá errado. Já “Mito“, de Ishana Night Shyamalan, promove uma descoberta que pode mudar tudo, com o Tio George (Boris McGiver) apresentando justificativas plausíveis para mostrar que Leanne não é um monstro, mas apenas uma garota obcecada por Dorothy e que roubou o bebê de um sem-teto para ocupar o lugar de Jericho. Suas conclusões intrigam Sean e Julian, enquanto Dorothy se aprofunda em suas pesquisas sobre as aparições de Leanne nas reportagens que fez.
“Túneis“, de Nimrod Antal, com roteiro de Laura Marks, está entre os melhores episódios da temporada. É nele que acontece o maior confronto entre os Turners e Leanne, quando Sean e Julian conseguem entregar a garota a George. Mas, ela mostra toda a sua força contra todos, enfrentando as tentativas de purificá-la com seus poderes, incluindo uma atmosfera aterrorizante de fim dos tempos, envolvendo temporal e ventania. “Awake” apresenta o tão aguardado despertar de Dorothy. Com direção do próprio M. Night Shyamalan, a partir de um roteiro de Ishana, Sean e Julian contam a ela sobre a morte de Jericho – curiosamente colocando Dorothy no local onde o bebê foi abandonado -, e Leanne faz uma proposta de final de feliz, com a possibilidade de trazer a criança de volta à vida.
Por fim, “Fallen“, de Veronika Franz e Severin Fiala, encerra a série Servant de maneira intensa, com algumas surpresas e revelações. Uma delas envolve o retorno da Oficial Reyes (Victoria Cartagena) nos últimos acordes, mostrando a Julian uma realidade perturbadora sobre um acontecimento quase trágico de temporadas anteriores. Já para Leanne é reservado um fim melancólico, como uma espécie de redenção para seus atos, e deixando referências ao Mágico de Oz (sapatos encontrados como a Bruxa do Sul). Apesar da boa narrativa, é claro que fica uma sensação de que poderia vir algo mais apocalíptico, conduzindo não só os Turners e o apartamento, mas todos a um destino sombrio, sem volta.
Analisando a série como um todo, o resultado é bem acima da média. Servant trouxe momentos divertidos, tensos, situações absurdas, ambientadas quase que inteiramente em uma mesma moradia. O elenco teve uma ótima química, sem estereótipos, com destaque para Lauren Ambrose (agora presente na segunda temporada de YellowJackets), que soube apresentar uma personagem de várias camadas, entre psicose e paixão, esposa e mãe. Também deve-se destacar as qualidades técnicas, a boa direção e roteiros que trouxeram novidades a cada episódio curto, com elementos de humor ácido, dramas e conflitos familiares, além de um culto satânico e sua paridade com as reportagens de Dorothy e as receitas de Sean.
Não teve o tipo de conclusão que achei que a série merecia, mas também não foi ruim, ficou satisfatória. Depois de uma primeira temporada excelente e de uma segunda que me fez perder o interesse, a terceira e a quarta temporadas me trouxeram de volta a curiosidade e vontade de saber quem realmente era Leanne. Acho que foi uma boa escolha não ter uma quinta temporada, pois já vinha há tempo dando voltas nos mesmos lugares, repetindo situações/conflitos e trazendo pouco de novo ou para solução do mistério.