O Retorno da Múmia
Original:The Mummy Returns
Ano:2001•País:EUA Direção:Stephen Sommers Roteiro:Stephen Sommers Produção:Sean Daniel, James Jacks Elenco:Brendan Fraser, Rachel Weisz, John Hannah, Arnold Vosloo, Oded Fehr, Patricia Velasquez, Freddie Boath, Alun Armstrong, Dwayne Johnson, Adewale Akinnuoye-Agbaje, Shaun Parkes, Bruce Byron, Joe Dixon |
O monstruoso sucesso do primeiro filme, A Múmia, que arrecadou mais de US$400 milhões de dólares somente em bilheteria em suas estreias pelo mundo, incentivou a Universal Pictures a desenvolver uma sequência. E mais: a intenção seria mudar pouco do que fora bem visto no original, trazendo novamente o vilão Imhotep (Arnold Vosloo), sua amada Anck-su-namun (Patricia Velasquez), além do retorno de Brendan Fraser, como Rick O’Connell, Rachel Weisz, atuando como Evelyn, o atrapalhado Jonathan, vivido por John Hannah, e o guerreiro medjai Ardeth Bay, novamente na pele de Oded Fehr. O filme ainda promoveu basicamente a estreia cinematográfica do lutador de luta livre Dwayne Johnson, conhecido como The Rock. Ele aparece pouco em cena no começo, sendo substituído por uma versão digital na sequência em que literalmente surge como O Escorpião Rei.
Com carta branca, Stephen Sommers voltou à direção, podendo se dedicar também ao roteiro, o que justifica as poucas mudanças no enredo. O Retorno da Múmia é quase uma refilmagem do primeiro filme ou até poderia ser uma versão alongada dele, já que a primeira parte se concentra no retorno de Imhotep e de Anck-su-namun. Isto é, todo o objetivo do primeiro filme passou a segundo plano depois que a Múmia conseguiu trazer sua amada de volta. Se ele não tivesse ambições de conquistar o mundo, o velho clichê dos filmes de ação, poderia muito bem ter vivido sua vida com a amante, com a manutenção de seus poderes. E é esse forçado “retorno da múmia” que enfraquece sua força narrativa ao ponto de desmerecer toda a aventura do primeiro.
Com mais uma narração na Antiguidade, o longa mostra eventos ocorridos em 3067 a.C, quando o Escorpião Rei tinha pretensões de conquistar o mundo, através da promessa de conceder sua alma a Anúbis. Ele comanda um exército e realiza seus feitos temporários, tendo que cumprir sua parte no contrato. Já em 1933, Rick O’Connell (Fraser) agora é casado com Evelyn (Weisz) e participa de missões de exploração com o filho deles, Alex (o limitado Freddie Boath). Sofrendo de flashbacks que mostram uma antepassada sua em conflito com Anck-su-namun (uma ideia vista em A Múmia, de 1932), tendo herdado a capacidade de lutar, Evelyn é constantemente incomodada por pesadelos – um acréscimo desnecessário tanto quanto a tatuagem de Rick ter relação com o passado. Eles encontram o bracelete do Escorpião Rei, e, em Londres, Alex o prende ao braço.
O artefato dá ao garoto a sinalização de Ahm Shere, onde estaria o Escorpião, mas ele tem a obrigação de chegar ao local em uma semana ou será morto. Sabendo que trazer o Escorpião à vida para depois matá-lo pode dar à pessoa o poder de comandar o Exército de Anúbis, um grupo de soldados, liderado pelo bibliotecário Baltus Hafez (Alun Armstrong), seus comparsas Lock-Nah (Adewale Akinnuoye-Agbaje) e Meela Nais (Velasquez), descendente de Anck-su-namun, pretende trazer Imhotep de volta para que ele possa enfrentar o Escorpião Rei. Eles levam o garoto Alex com eles para encontrarem a localização exata, enquanto Rick, Evelyn, Jonathan e Ardeth fazem de tudo para resgatá-lo e impedir os propósitos dos inimigos.
Como se percebe, nada faz sentido. O roteiro é apenas uma desculpa para mostrar cenas de ação em Londres, com múmias, escaravelhos e o poder de Imhotep de criar tempestades de areia e de água, além de combates de exércitos. Para mudar um pouco o cenário e tentar algo “novo“, a busca pela pirâmide onde está o Escorpião faz com que uma floresta cresça ao redor dela, com pigmeus perseguindo aqueles que tentam atravessá-la. Assim, além das múmias com suas bocarras, também há os monstrinhos da floresta, também esticando os queixos em expressões de grito – Sommers gostou tanto disso que depois fez o mesmo em Van Helsing – O Caçador de Monstros.
Sommers ainda dialoga com o primeiro filme até mesmo na cena em que o garoto Alex derruba pilastras como a mãe fizera com as estantes de livros. E há a dúvida também sobre um certo símbolo egípcio, como acontecia no original, mostrando que Jonathan aprendeu o significado. Se há tanto em comum, o mesmo pode-se dizer em relação aos efeitos especiais. Tanto a versão múmia de Imhotep quanto as demais que aparecem, os pigmeus e até o Escorpião são exageradamente digitais, não permitindo que o público realmente acredite que as criaturas estão ali. Também são ruins os efeitos do rosto do vilão na areia e no movimento das águas, algo que só deve ter agradado o diretor e os fãs dos personagens.
Muito inferior ao primeiro pelas poucas novidades apresentadas, O Retorno da Múmia também chegou à casa dos US$ 400 milhões na bilheteria. Todo o entretenimento proposto novamente assegurou o interesse do espectador que lotou os cinemas e colocou o filme na sétima bilheteria de 2001 – lembrando que foi o ano de O Senhor dos Anéis. Mais uma vez deve se atribuir o sucesso ao carisma de Fraser e da química envolvendo o elenco principal, além, é claro, das sequências de ação com múmias e perseguição por diversos lugares. Sete anos depois um terceiro filme foi feito, A Múmia: Tumba do Imperador Dragão, desta vez com grandes mudanças até mesmo no elenco principal e nos inimigos. E com menos interesse ainda do público pelas múmias da Universal.
Ainda que seja um filme bem legal e divertido, é bem inferior ao primeiro filme.
Sério que não curtiram “O Retorno da Múmia”? Uma sequência digna do primeiro vai…