A Montanha dos Canibais (1978)

3.3
(7)

A Montanha dos Canibais
Original:La montagna del dio cannibale / The Mountain of the Cannibal God
Ano:1978•País:Itália
Direção:Sergio Martino
Roteiro:Sergio Martino, Cesare Frugoni
Produção:Luciano Martino
Elenco:Ursula Andress, Stacy Keach, Claudio Cassinelli, Antonio Marsina, Franco Fantasia, Lanfranco Spinola, Franco Coduti

Ah, a Itália e seus diretores… Ah, o coração da floresta e seus canibais… Possivelmente o leitor mais iniciado no terror já deve ter assistido, ou pelo menos ouvido falar, sobre umas boas dúzias de filmes assim. Diretores como Lenzi, Deodato e companhia entregaram roteiros fuleiros apenas para jogar um punhado de incautos expedicionistas no meio do mato a padecer nas mãos das quase sempre tribos locais comedoras de carne humana. A diversão nestes casos está na carga ofensiva e grotesca da violência, o que quase sempre conseguiam.

Em 1978, o versátil diretor Sergio Martino resolveu contribuir com seu próprio filme neste gênero, ou seja, estava a fim de ganhar alguns trocados. Infelizmente fez um filme bastante inferior ao de seus conterrâneos mais famosos, tanto sob os aspectos técnicos, quanto na sua tentativa de chocar o espectador, porém se Martino não fez uma produção melhor ao menos colocou uns rostinhos mais conhecidos do grande público e isto é o primeiro dos motivos para assistir A Montanha dos Canibais.

Susan Stevenson (Ursula Andress imortalizada em 007 Contra o Satânico Dr. No) é a esposa de um famoso expedicionista perdido nas florestas da Nova Guiné (assim como poderia ser nas Filipinas, Amazônia, Burunei, etc.). Assustada com a possibilidade de seu marido estar morto, ela e seu irmão Arthur Weisser (Antonio Marsina) vão pedir ajuda ao consulado britânico, porém ela é informada pelo cônsul Burns (Lanfranco Spinola) que as buscas foram interrompidas porque a expedição foi conduzida ilegalmente.

Com as mãos atadas e por indicação do próprio cônsul, os dois procuram o professor Edward Foster (Stacy Keach de Fuga de Los Angeles), amigo do marido de Susan, que acredita que o desaparecimento foi próximo a uma montanha sagrada que os nativos crêeem conter uma maldição. Susan convence Edward a fazer uma expedição de resgate, mesmo contra as leis locais e suas próprias crenças. Para acompanhá-los, destacam vários nativos locais, entre eles um que foi praticamente criado por Edward chamado Asaro.

Depois de encontrarem uma aranha venenosa no caminho, os nativos acompanhantes dos três fazem um ritual, sacrificando um lagarto e comendo suas entranhas ainda cruas. Não entendo muito da anatomia dos lagartos, mas aparentemente o deste filme não era cenográfico… Nada ofensivo demais, muito menos comparado a tartaruga de Cannibal Holocaust e só um tom a mais de quem já assistiu a Largados e Pelados, no entanto não é uma coisa legal de se ver enquanto almoça.

A polícia circunda a área de helicóptero e isso desperta a fúria (sem muito propósito) de Arthur, fazendo com que quase todos fujam, menos Asaro. Por isso, é estranho quando na cena seguinte vários outros nativos estejam acompanhando o grupo. Em seguida pegam um barco e chegam à ilha onde está a montanha, encontram um corpo na praia que é de um leproso com um amuleto e o canivete do marido de Susan.

Um integrante de uma das tribos canibais há muito perdidas dá um sumiço em Asaro. Nos dias que se seguem os componentes nativos (e consequentemente descartáveis) morrem na floresta, sejam pelos animais, sejam pelos canibais. Sobrando apenas os três, acontece então que Susan é perseguida, mas é salva por Manolo (Claudio Cassinelli de Keruak, O Exterminador de Aço), um médico que trabalha na missão do padre Moses (Franco Fantasia do western Sabata, Adeus), velho amigo de Foster.

Na missão é explicado mais sobre a tribo dos Puka, que logicamente duvidavam de sua existência até o momento. O mala sem alça do Arthur comete adultério e o grupo é expulso do acampamento, entretanto Manolo resolve ajudar e seguir viagem até a montanha, mas os canibais estarão esperando e eles não são tão amigáveis como o padre Moses.

Cesare Frugoni, o roteirista, não deve ter tido muito trabalho na concepção de sua história, e também não é para menos, só que em uma tentativa de fazer uma reviravolta surpresa acaba falhando, pois é o tipo de revelação que todos os que acompanharam desde o começo já esperavam.

E claro que não ficaria completo sem uma cena de violência animal, neste caso uma cobra que se enrola em um macaquinho que tenta, em vão, escapar enquanto tem sua vida drenada pela serpente. Para quem não está acostumado pode parecer ofensivo, entretanto não é nada muito mais violento do que um documentário da National Geographic.

Sergio Martino, que em sua carreira já fez de tudo um pouco, tenta puxar mais pelo lado aventureiro (Indianajonesco, se permitem o neologismo), contudo peca não só por entregar um trabalho menos chocante, o que seria ao menos um destaque, mas principalmente por ficar embromando metade do filme. A bem da verdade a tribo só aparece efetivamente no ato final, faltando menos de meia hora, e aí precisa dar uma certa corrida para acabar a história, não dando muito tempo para que o espectador dê importância para o destino dos personagens.

Mas apesar do que eu disse não é de todo ruim, existem cenas bastante gráficas com efeitos simples e convincentes, como a aguardada e manjada cena da castração, entretanto nem um pouco comparável em grafismo com seus primos mais famosos como Cannibal Holocaust ou Cannibal Ferox, por exemplo.

Outro motivo que poderia levar o espectador incauto a assistir à produção é Ursula Andress, que mesmo com mais de 40 anos permanecia linda e talentosa. Já que estamos falando de elenco, ele é melhor do que a maioria (se não todos) os filmes de canibais desta época, à exceção de Antonio Marsina, que é um fardo para o público de tão ruim. Lançado há muito tempo em VHS pela extinta Pole Vídeo e em DVD pelo selo Cultclassic, para quem não é iniciado no gênero canibal não é um desperdício completo, contudo empalidece comparado aos já mencionados Holocausto ou Ferox. Fique principalmente pela beleza sempre estonteante de Ursula Andress.

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Gabriel Paixão

Colaborador e fã de bagaceiras de gosto duvidoso. Um Floydiano de carteirinha que tem em casa estantes repletas de vinis riscados e VHS's embolorados. Co-autor do livro Medo de Palhaço, produz as Horreviews e Fevericídios no Canal do Inferno!

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