Armadilha (2024)

• Share
• Tweet
• Share
• Pin
• Email

Armadilha Original:Trap Ano:2024•País:EUA Direção:M. Night Shyamalan Roteiro:M. Night Shyamalan Produção:M. Night Shyamalan, Ashwin Rajan, Marc Bienstock Elenco:Josh Hartnett, Ariel Donogue, Saleka Shyamalan, Alison Pill, Hayley Mills, Jonathan Langdon

Em Armadilha, o mais novo filme do diretor M. Night Shyamalan, acompanhamos Cooper (Josh Hartnett) levando sua filha Riley (Ariel Donogue) ao show de sua artista favorita, Lady Raven. O homem parece ser um pai dedicado e amoroso, interessado tanto no boletim da garota quanto em seu relacionamento com as amigas da escola. No entanto, ambos acabam descobrindo que o concerto não passa de uma sinistra armadilha envolvendo um assassino em série conhecido como O Açougueiro.

Os famigerados plot twists se tornaram uma marca de Shyamalan. Ame ou odeie o recurso, é inegável que todo espectador já adentra a sala de cinema aguardando o catártico momento da reviravolta final. Em Armadilha, no entanto, a surpresa vem logo no trailer, quando nos é revelado que o serial killer é ninguém menos que o próprio Cooper. Cria-se então um jogo de gato e rato em que o açougueiro precisa descobrir um jeito de escapar da grande arapuca armada pelo FBI para capturá-lo.

Muitas vezes duramente criticado por tentar compensar roteiros insossos com guinadas mirabolantes no final, aqui Shyamalan acerta o tom: Armadilha é um filme divertidíssimo, com um ritmo frenético que prende o espectador à cadeira até o final. Descrito pelo próprio cineasta como O Silêncio dos Inocentes em um show da Taylor Swift, temos aqui uma clara homenagem aos serial killers que escapam da prisão das maneiras mais mirabolantes, tal qual o lendário Hannibal Lecter. Só que o tom aqui é deliciosamente irônico, de forma a caminhar sempre no limite entre o crível e o ridículo, explorando o ponto de vista do assassino, brilhantemente interpretado por Josh Hartnett.

Vamos falar de Josh Hartnett? O galã dos filmes adolescentes do final dos anos 90 (alô Prova Final e Halloween: H2O), que andava sumido das grandes produções até seu retorno triunfal em Oppenheimer, dá um show aqui. É impressionante a miríade de expressões que seu personagem assume em tela, mesmo que em algumas cenas ele pareça definitivamente suspeito (como em uma cena específica em que os agentes não suspeitam de um marmanjo de avental no telhado do estádio). Outra que me chamou atenção foi a filha de Shyamalan, Saleka (claramente uma carteirada do pai para impulsionar sua carreira de cantora pop), que se não é exatamente um primor na atuação (risos), pelo menos cumpre bem seu papel de fenômeno das mídias sociais, capaz de fazer seus milhões de fãs encontrarem um homem desaparecido em segundos.

O grande problema do longa é justamente o ato final. O ritmo do filme sofre uma queda brusca quando a narrativa deixa de ter o estádio como pano de fundo, focando mais na perseguição a Cooper do que no ponto de vista do próprio maníaco sobre tudo aquilo. É nessa hora que aquele frágil limite entre crível e ridículo se perde totalmente, e o açougueiro deixa de ser um criminoso habilidoso para se tornar o próximo McGuyver na arte do escapismo. Toda a relação sobrenatural do facínora com sua falecida mãe também me parece bastante desconectada do enredo, inclusive tendo uma relevância exagerada no embate final.

Depois de alguns tropeços recentes, pode-se dizer que este é um acerto de M. Night Shyamalan, que realmente consegue subverter nossas expectativas mais uma vez. Dessa vez, o plot twist não é exatamente no final, sendo fundamental na construção do ritmo empolgante do filme. Infelizmente, isso acabou refletindo em um resultado insatisfatório no terceiro ato, o que de certa forma é um pouco decepcionante para quem sempre entrega encerramentos bombásticos. Apesar disso, Armadilha é sim um dos melhores thrillers do ano até agora, sendo particularmente positivo o retorno de Josh Hartnett a um grande papel em Hollywood. Certamente, vale a conferida.

• Share
• Tweet
• Share
• Pin
• Email