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Comic Con

Todo mundo que é leitor de quadrinhos há algum tempo já ouviu falar sobre e desejou visitar algum dia grandes convenções americanas como a San Diego Comic Con. Portanto, foi com muita empolgação que recebemos a notícia de que o pessoal do Omelete iria organizar uma grande convenção sobre cultura pop no Brasil, nos moldes daquelas grandes americanas.

Lógico, que como sempre, boa parte desta empolgação vem acompanhada de dúvidas e receios típicos da nossa péssima tradição de “a grama do vizinho é sempre a mais verde”. Será que existe público no Brasil para uma convenção deste porte? Será que os artistas gringos virão? Será que os estúdios vão trazer novidades como fazem lá fora ou teremos notícias requentadas? Quer apostar que vai ser uma bagunça? E por aí vai… Muita gente torcia contra, muito antes do evento acontecer.

E então começou a CCXP.

Comic Con (1)

Quem descia na estação Jabaquara era recebido na saída por voluntários do evento que encaminhavam os visitantes para as vans que faziam o transporte “metrô-evento” sem fila, sem tumulto, tudo muito organizado e com muita agilidade, mas o evento se consolidaria mesmo dentro do pavilhão de 39 mil m² do São Paulo Expo Exhibition & Convention Center (antigo Centro de Convenções Imigrantes), totalmente ocupado com estandes e atrações diversas que fariam a alegria de diferentes gerações de nerds brasileiros que buscavam novidades, autógrafos, colecionáveis, gibis, literatura, games e tudo relacionado à cultura pop em geral.

O espaço abrigava cerca de 40 expositores, mais de duzentos artistas diferentes e três auditórios, onde ocorriam as master classes, workshops, palestras, bate-papo com os artistas e pré-estreias, incluindo a exibição inédita de O Hobbit – A Batalha dos Cinco Exércitos em 4k para duas mil pessoas, e trailers em primeira-mão como o do novo Exterminador do Futuro.

Comic Con (2)

Dentro das palestras sobre quadrinhos, podemos destacar o bate-papo sobre os 75 anos de Batman, que trouxe Scott Snyder (responsável pela fase do personagem nos Novos 52), José Luiz García-Lopez (artista veterano responsável pelo licenciamento da DC durante muitos anos), Klaus Janson (arte-finalista de O Cavaleiro das Trevas), Sean Murphy (artista de Punk Rock Jesus), Dave Johnson (veterano capista da DC) e os brasileiros Ivan Reis (artista de Lanterna Verde, Aquaman e Multiversity), Rafael Albuquerque (de Vampiro Americano e Homem-Animal) e Rafael Grampá (de Mesmo Delivery); o bate-papo sobre Vampiro Americano com Scott Snyder e Rafael Albuquerque, responsáveis pelo título da Vertigo; e o painel sobre os quadrinhos Marvel com Olivier Coipel (artista de Thor), e os brasileiros Amilcar Pina (de All-New Ultimates), Marcio Takara (de Capitã Marvel e The Flash), Gustavo Duarte (de Monstros e Outras Histórias) e Marcelo Maiolo (de Arqueiro Verde).

Quem foi para a CCXP procurando novidades sobre cinema, teve a chance de participar dos painéis dos grandes estúdios como Warner Bros., que mostrou cinco minutos inéditos do novo Mad Max, Paramount, que exibiu em primeira-mão o trailer do novo Exterminador do Futuro e um recado de Arnold Schwarzenegger para os fãs, Disney e Marvel Studios, que exibiram a pré-estreia de Operação Big Hero, além de um painel sobre o novo filme dos Vingadores.

Mas o destaque mesmo ficou para a presença dos artistas.

Comic Con (4)

Em um painel emocionante, o eterno Senhor Barriga, Edgar Vivar, arrancou aplausos e lágrimas dos fãs em uma homenagem a Roberto Bolaños, incluindo cenas inéditas de bastidores gravadas por ele mesmo na época das gravações de Chaves, e Jason Momoa, o Carl Drogo de Game of Thrones, mostrou que só tem cara de mau ao entregar pessoalmente o microfone para que os fãs fizessem as perguntas durante um painel sobre sua carreira onde falou um pouco sobre o vindouro filme de Aquaman, onde interpretará o rei dos sete mares. Momoa inclusive circulou pelos corredores da Comic Com bem à vontade, deixando os seguranças malucos! Quem estava com um dinheirinho sobrando pôde conhecê-los pessoalmente, tirar fotos e levar um autógrafo para a casa nas “meet n’ greet’s” organizadas pelo evento.

Os fãs de quadrinhos fizeram a festa com a enorme quantidade de artistas presentes no “artists alley”. Maior do que o de San Diego, vale a pena destacar. O fã podia pegar o autógrafo na sua HQ predileta ou em prints ou sketchs feitos na hora pelos artistas, que ainda sorriam para fotos e conversavam com todo mundo, sempre muito atenciosos!

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Estavam lá os artistas internacionais Klaus Janson, Oliver Coipel, Dave Johnson, Sean Murphy e Don Rosa, sempre atencioso e preocupado com os fãs que formavam filas gigantescas de mais de três horas no estande da loja Comix e se emocionou durante o painel sobre sua carreira. José Luiz Garcia-López muito simpático estava no estande da Editora Marsupial, mas podia ser visto circulando tranquilamente pelos corredores da CCXP. No estande da Aleph, o autor da “Trilogia de Thrawn”, Timothy Zahn, assinava seu livro, recém-lançado pela editora, e posava para fotos junto aos fãs de Star Wars. Uma pena que a mesma editora não deu a mesma atenção a Andrew Robinson, autor da HQ O Quinto Beatle, que também estava por lá.

Alguns estandes se destacaram entre os mais movimentados do evento, entre eles os dos organizadores do evento, Omelete, de onde transmitiram diversas “lives” durante todo o evento com diversos convidados especiais e o do estúdio Chiaroescuro, onde os fãs se amontoavam para pegar autógrafos de grandes artistas como Ivan Reis, Rafael Grampá, Rod Reis e Scott Snyder, entre outros.

No setor de vendas, a Panini saiu na frente dando descontos de até 25% nos produtos durante a CCXP, que esgotavam quase instantaneamente, e se destacou como o estande onde mais se compensava comprar no evento.

A Comic Com Experience ainda contou com a presença de Maurício de Souza, que foi até o seu estande onde milhares de fãs o aguardavam usando uma máscara do Coringa. Outras celebridades como Danilo Gentili também usaram este recurso, e assim puderam circular tranquilamente pela convenção.

Como pontos negativos, vale a pena o puxão-de-orelha para as filas burocráticas enormes para a entrada que fizeram com que os fãs esperassem a entrada debaixo de um sol escaldante. A certa altura, assim que os visitantes que aguardavam na fila começaram a entrar, a entrada para quem ainda estava trocando o ingresso também foi liberada, causando irritação àqueles que injustamente ficaram esperando no sol.

Comic Con (6)

Aliás, as longas filas foram o ponto que mais desagradou na maioria das pessoas com quem conversei durante o evento. Mesmo que os grandes eventos internacionais não estejam livres de grandes filas, algumas das filas da CCXP eram desorganizadas, gerando confusão nos visitantes, como as filas da Comix que se confundiam entre a fila para entrar no estande e a fila para pegar autógrafo e as filas no “artists alley”, que acabavam se sobrepondo. Outro ponto de descontentamento foram os preços praticados dentro do mercado, sem grandes atrativos e a falta de itens exclusivos realmente interessantes. Mas a isso, talvez possamos atribuir a certo receio das empresas por se tratar da primeira edição do evento.

A praça de alimentação separada a uma boa distância dos estandes foi uma boa sacada, evitando que as filas de quem esperava a refeição ou mesa para sentar, atrapalhasse a circulação nos corredores dos estandes. Novamente o desconhecimento do funcionamento do evento gerou pequenos problemas como a falta de mesas e de itens nos restaurantes, que cobravam o olho da cara por uma refeição simples como R$ 18,00 por um cachorro-quente.

Por fim a Comic Com Experience fez história no meio da cultura pop no Brasil. O sucesso foi tão grande que o evento já tem data marcada para o ano que vem, de 3 a 6 de dezembro, e mostrou que os fãs de quadrinhos e cinema são uma fatia de mercado que merece atenção. A mesma atenção dada pelos mais de 80 mil visitantes aos artistas presentes no evento que disseram se surpreender com a magnitude de um evento que não ficou devendo em nada às grandes convenções internacionais.

Vamos nos ver lá de novo em 2015!

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