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Atividade Paranormal 4 (2012)
O Diabo está na Repetição
Atividade Paranormal 4
Original:Paranormal Activity 4
Ano:2012•País:EUA
Direção:Henry Joost, Ariel Schulman
Roteiro:Christopher Landon, Chad Feehan
Produção:Jason Blum, Oren Peli
Elenco:Katie Featherston, Matt Shively, Stephen Dunham, Kathryn Newton, Sprague Grayden, Alexondra Lee, Brady Allen, Aiden Lovekamp, Sara Mornell, Brendon Eggertsen, Alisha Boe, Brian Boland

Fã de carteirinha desde a primeira instalação, não poderia deixar para trás a “tradição” de assistir à franquia Atividade Paranormal, que ano após ano assombra os cinemas com suas câmeras amadoras ligadas madrugada adentro. Iniciada em 2009, o fenômeno dirigido criado pelo cineasta Oren Peli é sempre sinônimo de grana no cofre da Paramount: custo baixo, alta lucratividade. Uma equação simples que faz com que a franquia tenda a se perpetuar nos cinemas, igual ao amiguinho Toby, o demônio que ninguém vê na série.

Porém tudo o que é amplo demais acaba tendo um custo “artístico“; este custo é representado na queda da qualidade. Atividade 1 era tosco, barato e isto tornava-o assustadoramente realista; o segundo, com mais orçamento, personagens e profissionalismo, estabelecia a franquia e dava um ar diferenciado as ideias dos roteiristas; o terceiro tinha invariavelmente um charme retrô e boas ideias que o tornavam uma diversão à parte. Este quarto filme, como no anterior dirigido por Ariel Schulman e Henry Joost baseado no roteiro de Christopher Landon, não consegue segurar o rojão e acaba se tornando uma “carne de segunda” da franquia: tudo igual, mas com uma qualidade significativamente inferior.

Atividade Paranormal 4 (2012) (1)

Atividade 4 abre alguns anos após o sequestro de Hunter pela tia possuída Katie (Katie Featherston), o que é recapitulado para quem nunca viu os filmes anteriores. Agora estamos em 2011, bem longe do local dos acontecimentos originais, e acompanhamos o dia-a-dia da família composta pelo casal Holly (Alexondra Lee) e Doug (Stephen Dunham) e seus filhos, o pequeno Wyatt (Aiden Lovekamp) e a adolescente Alex (Kathryn Newton). A família passa por alguns problemas vindos do matrimônio abalado do casal, mas tenta manter as aparências por conta dos filhos.

Uma dada noite, Alex percebe que há alguma movimentação no playground do quintal e ao ir checar (sempre com a câmera a tira colo) encontra um visitante inesperado: um pequeno assustador de 6 anos chamado Robbie (Brady Allen), que mora na casa ao lado. Após um acidente, a mãe do garoto (que nunca aparece na tela, mas você já deve saber quem é) é hospitalizada e Robbie, sem parentes próximos, é acolhido por Holly para passar alguns dias na residência.

Acordando inesperadamente a noite, fazendo uma estranha amizade com Wyatt e conversando frequentemente com seu amigo imaginário Toby, a presença de Robbie deixa todos na casa apreensivos, porém é Alex quem se preocupa mais. Ela e seu “namoradoBen (Matt Shively) resolvem hackear todos os notebooks da casa, fazendo suas webcams registrarem todos os movimentos da família afim de tentar esclarecer se efetivamente há algo demoníaco no ar.

Atividade Paranormal 4 (2012) (2)

Não deveria escrever mais sobre o roteiro, pois incorreria em spoilers, mas, sinceramente, não existe o que escrever: é uma mistura dos filmes anteriores. Você tem a busca por respostas e o namorado mala da primeira parte, a família com problemas e a adolescente desacreditada da segunda e as crianças assombradas da terceira, tudo no rítmo “found-footage” também encontrado em Atividade Paranormal 2.

As grandes decepções começam no fato que não há nada em Atividade 4 que já não tinha sido feito, e melhor, nos filmes anteriores. A apreensão das produções anteriores consistia principalmente em não saber o que a escalada nas atividades poderia trazer na noite seguinte, e tudo apresentado de maneira coerente com a narrativa e, às vezes, até minimalista até o “magnum-opus” no desfecho. Aqui as sutilezas são muito menos evidentes: É claro como água o que vai acontecer, você só não sabe quando. E, com isto, você se tem milhares de jump-scares criados com pouco embasamento narrativo e bagagem de roteiro, ou seja, você ainda se assusta (e como!), porém se antes os sustos eram como num passeio no trem-fantasma, agora são como aquele amigo chato que pula de dentro do armário e você sente vontade de enchê-lo de porrada depois.

A construção da trama é um grande fator para estabelecer este status, portanto. Diferentemente do segundo filme, a família não percebe que há algo de errado e insiste na batida fórmula de desacreditar; a única que acha que existe algo a mais na casa, Alex, e acredita cegamente que a explicação para o estranho comportamento de Robbie é o trauma de ter sua mãe hospitalizada. O comportamento errático de Wyatt após receber o garoto não é considerado motivo para alarde pelos pais.

Atividade Paranormal 4 (2012) (4)

Não é aceitável no decorrer do filme que os pais sejam tão negligentes e desinteressados assim na criação dos filhos, tornando-se meros coadjuvantes ante a ação que os envolve. Um contraste com os papéis de, por exemplo, Kristi e Dan na parte 2 – que apesar de coadjuvantes mais céticos, não hesitaram em fazer alguma coisa (qualquer coisa!) quando perceberam algo de errado – e Dennis na parte 3, e olha que nem pai das meninas ele era! Falando nos pais, uma curiosidade, Alexondra Lee e Stephen Dunham formavam um casal também na vida real, porém Dunham faleceu tragicamente após sofrer um ataque cardíaco súbito a cerca de um mês do lançamento de Atividade Paranormal 4.

Voltando ao filme, colocando nas costas somente na figura de Alex e Ben como heróis, como já dito um papel levemente similar a Katie e Micah em Atividade 1, fica difícil simpatizar com eles quando Ben é tão ausente e a atriz que interpreta Alex não tem carisma suficiente para levar o filme nas costas sozinha. O mesmo ocorre com Wyatt e Robbie, simulando as jovens Katie e Kristi de Atividade Paranormal 3, infelizmente sem o mesmo talento convincente das meninas.

Além disto, não que alguém se importe, mas Atividade Paranormal 4 ainda coloca uma incoerência na linha do tempo da franquia, já que o filme se passa em 2011 – e Katie ainda vive “muito bem, obrigada” – quando um bocado do argumento em Atividade Paranormal em Tokio vem da história que a protagonista Haruka está com as duas pernas quebradas após atropelar Katie e matá-la… em 2010!

Ao final das contas não posso deixar de apontar que após cinco filmes quem está ficando cada vez mais cético, apesar de todas as evidências, sou eu mesmo. Especialmente quando o poster prometia uma experiência decisiva onde “toda a atividade levará a isso” e acaba entregando uma ponte mal feita, com pouquissimas revelações e novidades (um kinect e câmeras de notebooks? Bah!), para ligar a Atividade Paranormal 5 ou seu chamado “spin-of latino” que, baseado na cena pós-créditos, provavelmente se passará no México. O monstro continua a solta, contudo só espero que alguém lá em Hollywood tenha as bolas para aprender com os erros da parte 4, buscar tirar a franquia da zona de conforto, da fórmula de grana fácil, parar de lançar uma “xerox” de si mesma, e não deixá-la rolar ladeira abaixo como outras tantas franquias esmagadas no passado.

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3 Comentários

  1. nem vi ainda essa porra,nem sei se vou.

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