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Noriko (2005) (2)

A Mesa de Jantar de Noriko
Original:Noriko no shokutaku
Ano:2005•País:Japão
Direção:Sion Sono
Roteiro:Sion Sono
Produção:Takeshi Suzuki
Elenco:Kazue Fukiishi, Tsugumi, Yuriko Yoshitaka, Shirô Namiki, Sanae Miyata, Yôko Mitsuya, Tamae AndôNaoko Watanabe

O Pacto (Suicide Club), de Sion Sono, foi um dos retratos mais tensos, críticos e reflexivos sobre o Japão ser o país com maior índice de suicídios no mundo. O diretor conseguiu através de um enigmático filme cercar vários motivos e consequências sobre esse fato no país. Em 2005 Sion Sono trouxe o tema à tona novamente em Noriko’s Dinner Table: o filme não chega a ser uma continuação, nem um prequel do anterior, mas uma história em paralelo ligada diretamente aos fatos ocorridos em O Pacto.

O longa é narrado em três partes, passando pelo ponto de vista de três personagens: Noriko (Kazue Fukiishi, de One Missed Call e 13 Assassins), sua irmã Yuka (Yuriko Yoshitaka) e seu pai Taeko (Sanae Miyata). A primeira parte conta a história de Noriko, uma jovem solitária, insatisfeita com tudo que a cerca, principalmente pelo tratamento dado pelo seu pai, que ela considera egoísta. Através de um chat na internet, ela conhece um grupo de jovens com a mesma visão do mundo, e decide se aventurar para conhecê-los em Tóquio. Adotando o pseudônimo de Mitsuko, Noriko chega à capital do país a procura de Ueno Station 54, apelido da líder do grupo que ela fazia parte na internet. Através dela, Noriko começa um estranho trabalho onde os integrantes oferecem uma espécie de família de aluguel, ou seja, as jovens passam um tempo como se fossem familiares de pessoas solitárias, encenando histórias negociadas antes. Mas qual a finalidade disso tudo? O grupo está ligado diretamente a onda de suicídios que viria a ocorrer no japão, relatados no filme O Pacto. A personagem Ueno Station 54 se refere ao suicídio dos 54 estudantes  na plataforma de metrô. A família de aluguel está ali para preencher o vazio de pessoas que não parecem ter mais motivação para viver, tratando principalmente o relacionamento entre familiares – Marido-esposa, pais-filhos, irmãos…tudo hoje é muito superficial; os jovens passam horas e viram madrugadas em frente a computadores, enquanto os pais se matam de trabalhar para garantir o sustento da família. Não existe mais diálogo, não existe mais conexão. Sim, a conexão – a enigmática pergunta do filme O Pacto é novamente evocada quando um jovem pergunta ao pai de Noriko – “Qual a sua conexão com você?“.

Noriko (2005) (1)

Não demora que a irmã de Noriko também faça parte do grupo, seguindo os mesmos passos sem manter contato. Já o pai larga tudo após o suicídio do esposa e decide investigar por si só o desaparecimento das filhas. Aos poucos vai ligando os pontos através de sinais deixados por sua filha mais nova Yuka. Ele teme que as duas estivessem envolvidas na onda de suicídios coletivos que assolavam o país. Descobre a relação das garotas com Ueno Station 54, cujo nome real era Kumico, e segue também para o Japão a fim encontrar suas filhas.

Mais reflexivo e menos violento que O Pacto, Noriko’s Dinner Table é um filme incômodo à maneira como diretor aborda coisas do cotidiano, problemas que parecem tolos demais ao nosso ponto vista. Mas tudo isso que é citado nas entrelinhas merece uma reflexão em como o relacionamento do ser humano parece cada vez mais distante, cada vez mais vazio, cada vez mais fútil. Pequenas coisas que valem muito, hoje não tem mais importância. O filme não tenta explicar os fatos ocorridos em O Pacto e deixa mais perguntas em aberto. Seu pecado é se alongar demais, e durante certo momento, ficar cansativo. O elenco é competente e tem atuações seguras – principalmente na perturbadora cena final que dá nome ao filme.

Noriko (2005) (3)

Sion Sono é um dos diretores mais inquietantes do japão. Ao lado de Takashi Miike, tem uma carreira consolidada com filmes que chocam tanto pelo conteúdo gráfico, quanto pelos temas abordados. Quer fugir da “magia” de Hollywood? Procure mais sobre esse incômodo cinema japonês.

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7 Comentários

  1. Os japoneses são um povo com um nível intelectual e cultural muito diferente do nosso. Às vezes temos que olhar os filmes uma, duas, três vezes para entender as mensagens DIRETAS, que dirá as subliminares.

  2. Pela primeira vez eu não sei como reagir depois de ter assistido um filme, eu sei que é muito bom, mas não consigo ter uma opinião, porque são tantos momentos e mensagens, meu deus

    1. Acabei de assistir e achei inquietante, lindo e triste ao mesmo tempo! Me fez chorar duas vezes. Atuações ótimas, assim com a música e roteiro. Realmente, o filme expande diversas questões apresentadas no Suicide club.

  3. Achei fezes total esse filme. Bem desinteressante.
    2 horas perdidas e jogadas no lixo.

    uhul

  4. procurarei assistir, gostei mto de O Pacto, não sabia desse outro filme

  5. Excelente filme… Muito massa, mas, não tão bom quanto O PACTO…, mas, muito bem conduzido e interessante!

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