O Mundo Perdido
Original:The Lost World
Ano:1925•País:EUA Direção:Harry O. Hoyt Roteiro:Arthur Conan Doyle, Marion Fairfax Produção:Earl Hudson, Scott MacQueen, David Shepard Elenco:Wallace Beery, Bessie Love, Lloyd Hughes, Lewis Stone, Alma Bennett, Arthur Hoyt, Margaret McWade, Bull Montana, Frank Finch Smiles, Jules Cowles, George Bunny, Arthur Conan Doyle |
Os animais pré-históricos apresentados por Steven Spielberg nos filmes da série Jurassic Park foram criados por computador, sendo que o enorme sucesso destes filmes e a admiração do público pelos efeitos especiais nem precisam ser comentados. Mas não foi a primeira vez que os animais pré-históricos e efeitos especiais seduziram o mundo. Na década de 20, outro filme fez sucesso e causou espanto por suas inovações técnicas: O Mundo Perdido (The Lost World), lançado em 1925.
A obra que deu origem ao filme foi escrita por sir Arthur Conan Doyle, autor que ficou mundialmente conhecido como o criador do detetive Sherlock Holmes. Apesar do sucesso de Holmes, Doyle não se limitou a escrever apenas sobre as aventuras do seu famoso personagem, tendo também trabalhado com romances históricos, além de sempre estar informado sobre os avanços e descobertas do mundo científico. Conhecedor das descobertas e pesquisas arqueológicas da época, Doyle lançou, em 1912, o romance O Mundo Perdido, contando as aventuras do Professor Challenger na floresta amazônica, pois o (ridicularizado pelos seus colegas) professor acreditava na existência de criaturas pré-históricas nesta região, livres e vivas longe da civilização. No livro, suas teorias são confirmadas.
A obra faria sucesso (nada comparável ao sucesso das histórias com Sherlock Holmes, entretanto) e chegaria ao conhecimento do produtor cinematográfico Watterson R. Rothacker, cuja firma localizava-se na cidade de Chicago. Em 1918, Rothacker convidaria Doyle para participar do que, na época, ficou conhecido como “a maior produção cinematográfica de todos os tempos”. O filme seria estrelado por Wallace Beery (como Professor Challenger) e Bessie Love (como a mocinha).
Rothacker contratou o técnico de efeitos especiais Willis O’Brien para dar vida aos animais pré-históricos. O’Brien pensou em filmar quadro-a-quadro as sequências com estes animais, o que daria a sensação de movimento quando o filme fosse rodado em velocidade normal. Para tal, foi criado uma tela de acetato de celulose, inventada por Sidney Saunders, que permitia uma projeção de retaguarda substituindo a tela de vidro convencional, o que permitia a incorporação da filmagem quadro-a-quadro na película central. Outra novidade também foi inventada: o impressor óptico de Vernon Walker, que permitia a combinação de efeitos especiais com a ação ao vivo. Este conjunto de inovações técnicas viria a ser conhecido como stop-motion – sistema de filmagem quadro-a-quadro.
Os animais e monstros pré-históricos foram esculpidos pelo estudante de arte mexicano Marcel Delgado, sendo que cerca de 50 esculturas foram utilizadas por O’Brien durante as filmagens. Delgado criaria um estilo bastante popular nas suas esculturas e elas serviriam de modelo para os animais pré-históricos e monstros nos anos seguintes.
O trabalho no setor de efeitos especiais foi árduo e longo, sendo que as primeiras cenas dos animais pré-históricos em movimento foram lançadas apenas em 1922. Doyle, que as recebeu do produtor Rothacker, as exibiu durante um jantar oferecido pela Associação Americana de Mágicos, tendo, inclusive, o famoso Houdini entre os convidados. A impressão destas imagens foi a melhor possível: além dos espanto geral pela novidade, alguns dos convidados realmente desconfiaram sobre a natureza dos efeitos especiais acreditando que animais de verdade tivessem sido utilizados nas filmagens.
Lançado em 1925, o filme tornou-se um grande sucesso e um dos marcos dos efeitos especiais cinematográficos, sendo que o sistema stop-motion seria utilizado fartamente até a década de 70, quando novas técnicas foram tomando lugar da filmagem quadro-a-quadro. O espanto geral produzido quando Doyle apresentou as primeiras cenas para um público de mágicos também foi repetido nas salas de cinema.
Willis O’Brien participaria também dos efeitos especiais do clássico King Kong, de 1933, produzido pela RKO Pictures, dando vida ao gigantesco gorila (também criado por Marcel Delgado, que consistia num modelo com 45 centímetros de altura, construído com metal, borracha, algodão e pele de coelho), além das outras criaturas pré-históricas presentes no filme. Podemos constatar que King Kong tornou-se um filme mais famoso do que O Mundo Perdido, talvez pelo carisma do Rei Kong e por este ser um filme falado, já que O Mundo Perdido era mudo e, como quase sempre acontece nestas obras, seu envelhecimento é mais evidente.
Não foram apenas os efeitos especiais que unem os dois filmes: a semelhança entre as histórias eram tantas que a RKO Pictures precisou comprar os direitos do livro O Mundo Perdido para evitar sofrer um processo de plágio por King Kong.
O stop motion do filme era legal!
legal.