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Seduzidas pelo Demônio (1975)

Seduzidas pelo Demônio
Original:Seduzidas pelo Demônio
Ano:1975•País:Brasil
Direção:Raffaele Rossi
Roteiro:Raffaele Rossi, Padre Quevedo
Produção:Cassiano Esteves
Elenco:Afonso Arrichielo, Ivete Bonfá, José Fernandes, Lourênia Machado, José Mesquita, Cassiano Ricardo, César Roberto, Eleu Salvador, Shirley Steck

Esse é um filme sobre um cara possuído pelo tinhoso que sai por aí matando garotas seminuas. E conta com a participação especial do Padre Quevedo! Sim, você não leu errado, ele mesmo, ainda que em uma pequena cena.

O que acaba gerando certa confusão é sobre seu ano de produção. Filmado em 1975, lançado nos cinemas em 1978 e em vídeo no início dos 80 (pela CIC Vídeo, agora artefato arqueológico). O diretor é o já falecido italiano Raffaele Rossi, um dos muitos picaretas da Boca do Lixo, e depois realizaria, dividindo a direção com Laente Calicchio, Coisas Erôticas (1981), o primeiro filme brasileiro com cenas de sexo explicito. Raffaele Rossi demonstra em Seduzidas pelo Demônio uma inaptidão digna de um Ed Wood ou Bruno Mattei, transformando o que era para ser um filme de terror em, muitos momentos, uma autêntica comédia involuntária.

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Após uma abertura, digamos assim, lisérgica, com uma montagem de cenas que aparecerão depois com uma trilha tipicamente anos 70 (algo tipo Jesus Franco), temos uma cena de tribunal onde estão julgando o assassinato da mulher de um professor, e é através dos depoimentos que se apresenta a trama. Sim, temos um filme de terror construído em cima de flashbacks de um julgamento anos antes de O Exorcismo de Emily Rose.

Logo se descobre que o tal professor tinha um caso com uma de suas alunas, e que por sua vez namorava o filho adotivo deste. Para quebrar o climão de telenovela, o tal filho adotivo (um rapaz de bigodinho, que parece em muitos momentos com uma versão menos rechonchuda do Ron Jeremy) é possuído pelo diabo, o que faz com que ele saia à noite matando garotas.

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A trama é bastante simples e rotineira dentro do gênero, mas justamente a incompetência geral é que o torna único. A obra se desenvolve em ritmo de dramalhão e só depois de vinte minutos que temos a primeira manifestação sobrenatural, com closes de cortinas esvoaçantes e a aparição fantasmagórica do tal rapaz possuído. Na verdade entre idas e vindas no tempo, com destaque para as risíveis cenas de tribunal, o filme tem seus momentos bocejantes.

Só lá pelos seus cinquenta minutos é que a coisa melhora: nessa altura do campeonato o julgamento simplesmente mudou de réu. Se antes julgavam a amante do professor pela morte misteriosa da mulher dele, agora estão julgando seu filho adotivo. Uma autêntica lambança jurídica.É sobre a adoção e infância do infeliz é que rende os melhores momentos desta tralha.

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Em outro flashback, o professor conta que ele e sua esposa estavam de férias viajando pelo sul do Brasil, andando de carruagem e usando roupas típicas da região, quando pegaram um atalho conhecido como vale das mortes (“Não se assuste madame, passaremos apenas por alguns cadáveres” alerta um dos passageiros). Mostra-se então imagens de árvores com enforcados e braços e pernas mutilados. Na verdade essas cenas foram roubadas, sem um pingo de vergonha na cara, da produção alemã Die Schlangegrube und das Pendel (1967) de Harald Reinl, conhecido também pelos títulos alternativos em inglês: The Demon Blood e The Castle of the Walking Dead, estrelado pelo ex-Tarzan Lex Barker e o ícone Christopher Lee e lançado por aqui em tempos remotos pela Phoenix Vídeo como O Passado Tenebroso.

Chega a ser cômico ver as cenas no interior da carruagem com os atores vestidos com roupas de época e quando mostram os exteriores as cenas são do filme alemão – o contraste é gritante. O casal da carruagem para num castelo onde esta rolando uma missa negra! Outra bobagem: pulamos do gótico alemão direto para uma sequência onde vários encapuzados cantam uma cantiga que mais parece aqueles pontos de umbanda! Destaque para a sacerdotisa, que usa trajes sumários e máscara lembrando a ex-apresentadora de TV Tiazinha.

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Nesse sabbath os integrantes abandonam um bebê à própria sorte. Claro que o casal ira salvá-lo! Só que a criança mostra sinais de que tem coisa errada com ela. Os novos pais então o levam para tratamento com médicos e religiosos (com direito até há uma levitação de matar de inveja os técnicos em efeitos especiais do Chapolim). É nesse entrevero que temos a participação do Padre Quevedo. Na verdade sua aparição se limita há apenas três minutos, onde ele, com seu sotaque inconfundível, desfia sua ladainha sobre paranormalidade.

Depois de todos os flashbacks, incluindo uma confissão feita usando o soro da verdade, chegamos a uma das piores conclusões que você poderia esperar. Tenta ser piegas e acaba sendo hilário. Sem contar com o desempenho ridículo do elenco. Diálogos que matariam Janete Clair de inveja e um roteiro esdrúxulo. E ainda as mortes são muito mal encenadas, embora as garotas estejam invariavelmente seminuas.

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Na verdade Seduzidas pelo Demônio seria uma espécie de remake de outra tralha de Rossi, O Homem-Lobo (filmado em 1960, mas que conseguiu lançar apenas em 1971), que se tratava de um órfão adotado que se transformava em lobisomem. Aqui trocaram o licantropo por um possuído.
É claro que a grande curiosidade fica a cargo da minúscula participação do Padre Quevedo, e não tem como ficar pensando como ele aceitou aparecer nessa bomba, há quem diga que ele foi enrolado, que lhe disseram que era uma produção séria sobre paranormalidade. Coitado!

O título é outra enganação: não temos aqui nenhuma rapariga sendo aliciada pelo gramunhão, mas um mané que mata as garotas (sem contar com as suas visões do diabo, isto é, um magrão usando malha preta e chifres vermelhos, mais carnavalesco impossível!).

Tosco, pobre e picareta, mas incrivelmente divertido para aqueles que apreciam a velha deixa do “quanto pior, melhor”. Vale uma conferida nem que seja pela curiosidade.

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3 Comentários

  1. Paulo Blob me ganhou nessa resenha com a frase: “…não temos aqui nenhuma rapariga sendo aliciada pelo gramunhão”….

    Só me pergunto como em 1975, os caras confessaram um padre (ainda que fosse o Quevedo) a participar de um filme, que segundo o resenhista tinha cenas de sexo explicito…

    1. Dizer o quê? Se estiver de mau humor assista e dê umas boas risadas.

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