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O Passageiro do Futuro (1992) (4)

O Passageiro do Futuro
Original:The Lawnmower Man
Ano:1992•País:EUA, Japão, UK
Direção:Brett Leonard
Roteiro:Brett Leonard, Stephen King, Gimel Everett
Produção:Gimel Everett
Elenco:Jeff Fahey, Pierce Brosnan, Jenny Wright, Mark Bringelson, Geoffrey Lewis, Dean Norris, Troy Evans, Rosalee Mayeux, Austin O'Brien, Michael Gregory

“Na virada do milênio uma tecnologia conhecida como realidade virtual existirá. Ela permitirá o contato com mundos artificiais tão ilimitados quanto a imaginação em si. Seus criadores anteveem milhões de aplicações positivas – enquanto outros a temem como uma nova forma de controle da mente”

Os fãs do escritor Stephen King (como eu) são geralmente rigorosíssimos em relação a toda e qualquer obra de cinema ou televisão que seja adaptada de seu trabalho. Uma das principais queixas é que frequentemente as adaptações não seguem fielmente o livro ou conto original, algo que gera polêmica, mas que às vezes se transforma em mudanças bem-vindas, como a alteração no desfecho da adaptação de O Nevoeiro (2007). Entretanto, pior do que simplesmente alterar um ou outro aspecto da obra original é quando a adaptação se transforma em picaretagem, como é o caso de O Passageiro do Futuro, produção da New Line que ficou conhecida principalmente por envolver um processo judicial de King que exigiu que seu nome fosse retirado dos créditos do filme, uma vez que somente o título original lembra o conto que eventualmente serviria de base ao filme, O Homem do Cortador de Grama, publicado em sua melhor antologia, Sombras da Noite (1978).

O Passageiro do Futuro (1992) (3)

Enquanto o curtíssimo conto era basicamente uma sinistra história sobre um maníaco cortador de grama que podia ou não fazer parte de uma obscura sociedade secreta, onde King usava de maneira esperta toques de humor negro e uma conclusão elegantemente aterradora, o longa é algo completamente diferente, contando com apenas uma sequência que lembra a obra de S.K. (envolvendo a perseguição de um cortador de grama que se move sozinho). De resto, o enredo se assemelha mais a uma ficção científica com ares distópicos do que propriamente um terror como se esperaria. O resultado, se desconsiderarmos o nome de King originalmente atrelado, rende até um programa assistível, principalmente se enxergarmos o visionário conceito por trás do roteiro de Brett Leonard e Gimel Everett.

Contando com uma engenhoca que se assemelha muito ao moderno Oculus Rift, e fazendo de certo modo analogias inteligentes com o que a internet se tornou hoje (lidando com os conceitos de redes, telefonia, alienação), o filme acompanha o obstinado cientista computacional Lawrence Angelo (Brosnan), que busca em suas pesquisas desenvolver a realidade virtual como maneira de explorar a mente humana, potencializando-a, enquanto o laboratório para o qual trabalha vê no projeto de desenvolvimento cerebral uma nova possibilidade bélica. Após perder seu macaco de testes devido a efeitos colaterais dos experimentos que levaram o símio a um ataque psicótico, Dr. Angelo decide fazer seus testes no simplório jardineiro Jobe (Fahey, o J.T. de Planeta Terror), que em pouco tempo eleva seu aprendizado ao máximo, tornando-se um gênio com capacidades nunca antes vistas num ser humano, desafiando até mesmo seu “criador” e ficando fora de controle. Enquanto tem que lidar com um “Super-Jobe“, o cientista ainda tem a corporação para o qual trabalha em seu encalço.

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Tendo por base um roteiro excessivamente formulaico, envolvendo em resumo uma corporação gananciosa, um experimento científico fora de controle e um cientista de boas intenções, o longa se destaca principalmente devido aos efeitos especiais que evocam Tron, e que hoje parecem datados e até risíveis, mas que são bastante divertidos e bem utilizados. Outro destaque que chama a atenção é a atuação de Jeff Fahey, que consegue roubar a cena com seu personagem (o único tridimensional do filme) que exige muitas nuances ao longo da trama e convence bem. Já o ex-007 se vira bem no seu papel caricato, não comprometendo.

Ao explorar de maneira apenas superficial conceitos ambiciosos, o filme se torna apenas um bacaninha, ainda que datado, entretenimento de ficção científica.

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Curiosidades:

– A confusão toda com o nome de Stephen King se deve ao fato de que o roteiro utilizado para o filme se chamava Cyber God e não tinha absolutamente nada a ver com o conto do autor. Pura jogada desonesta de marketing da New Line;

– O filme gerou um jogo homônimo para Super Nintendo e uma sequência direta em 1996;

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3 Comentários

  1. Esse filme foi lançado em Blu-ray nos EUA pela Shout! com a versão de cinema de 108 minutos e a versão do diretor de 140 minutos. Hora de revisar a obra? abraços virtuais.

  2. Assisti pela primeira vez esse filme em VHS… pra mim ele é tipo um “guilty pleasure”. Não que eu tenha ficado muito impressionado com as cenas de Realidade Virtual, mas assim igual a muitos, pensei: isso ainda vai evoluir muito daqui pra frente… cenas geradas por Computação Gráfica. Eu não li o conto original do Stephen, então sobre o enredo do filme é isso mesmo e vamos lá. Assistindo novamente, os efeitos são até meio que bizarros!! Gostaria de saber se uma pessoa que nunca assistiu esse filme assistir hoje, qual seria a reação dela…

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