Fear the Walking Dead – 2ª Temporada (2016)

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Fear the Walking Dead (2016) – 2×08: Grotesque
Fear the Walking Dead (2016) (2)

Fear the Walking Dead: Monster
Original:Fear the Walking Dead: Monster
Ano:2016•País:EUA
Direção:Daniel Sackheim
Roteiro:Kate Barnow
Produção:Pablo Cruz, Avram 'Butch' Kaplan, Alan Page, Arturo Sampson
Elenco:Kim Dickens, Cliff Curtis, Frank Dillane, Alycia Debnam-Carey, Colman Domingo, Mercedes Mason, Lorenzo James Henrie, Rubén Blades, Arturo del Puerto, David Warshofsky, Catherine Dent, Jeremiah Clayton, Aria Lyric Leabu, Jake Austin Walker, Michelle Ang, Brendan Meyer, Marlene Forte, Danay Garcia

Grotesco. “p.ext. que ou o que se presta ao riso ou à repulsa por seu aspecto inverossímil, bizarro, estapafúrdio ou caricato.” (Uma das definições do Google)

O que pode ser mais grotesco do que se sentir sozinho em uma terra desconhecida, habitada por criaturas que querem se alimentar de sua carne? O próprio cinema já usou de sua linguagem para simbolizar essa sensação desconfortável de insegurança de um estrangeiro em um país estranho, seja com monstros e alienígenas ou psicopatas torturadores. Nick (Frank Dillane) já havia encontrado sua identidade própria com os mortos, através de uma camuflagem de vísceras que permitia que ele finalmente se sentisse parte de alguma coisa, algo que não acontecia em “seu papel” de ex-drogado na família Clark.

Deixado para trás, no afastamento de seus conhecidos por motivos distintos, o rapaz encontrou abrigo na morada de Sofia (Diana Lein), uma das empregadas do falecido Thomas Abigail. Apesar da oferta de se reunir com seus familiares, Nick opta por uma jornada solitária, a partir da sugestão de que ele deveria seguir para o norte e evitar qualquer confronto com uma organização sombria de criminosos denominada La Maña, que se aproveita de uma terra sem lei para ampliar seus domínios. Com alguns suprimentos, ele parte de Baja em direção a Tijuana a procura de uma nova realidade.

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No caminho, por entre dunas e um calor insuportável, aproveitados pelo diretor Daniel Sackheim em tomadas abertas para evidenciar a solidão do jovem, Nick perde sua mochila ao se abrigar em uma residência, ocupada por uma mãe, uma criança e um taco de beisebol. Em uma estrada de carros mortos, abandonados pela doença, lembrando um ambiente similar já visitado por Rick e seu grupo na série The Walking Dead, ele confronta os tais aproveitadores indicados por Sofia, com armas de fogo, ferindo mortos e vivos em atos de violência desmedidos. Essa jornada de poucos diálogos reserva encontros dolorosos com balas perdidas, zumbis e cães, e o abrigo provisório no teto da carcaça de um veículo. Aos poucos, ele se aproxima de sua condição almejada, mancando, sujo de sangue e com roupas rasgadas.

Como era de se esperar, Grotesque também providencia algumas cenas do passado de Nick, sua tentativa de buscar ajuda com as drogas e a relação com Gloria (Lexi Johnson), a primeira comedora de carne humana a aparecer em Fear the Walking Dead. São momentos que ajudam na limpeza de caráter e sangue do personagem, dando-lhe a profundidade necessária para justificar muitas de suas ações na primeira e segunda temporada, como a de se afastar de sua mãe, não encontrar afeição no padrasto e a aproximação de Celia.

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Seguindo o que imaginado, a segunda parte da temporada deverá seguir esses três núcleos distintos, levando o espectador a visitar Madison (Kim Dickens) e Strand (Colman Domingo), no cuidado da suposta órfã Ofelia (Mercedes Mason); Travis (Cliff Curtis) na tentativa de curar o problemático Chris (Lorenzo James Henrie), além de Nick. Se esses segmentos terão força para se sustentar em episódios isolados, só os enredos poderão trazer as respostas. O de Kate Barnow, para o oitavo episódio, foi até interessante, principalmente na caracterização mais adequada para os mortos, sem apenas sujar algumas bocas de sangue. Teve algumas bobagens “inverossímeis e caricatas“, como o criminoso atrapalhado que tenta recarregar a arma, e permite a aproximação do mortos lentos, ainda que tenha servido para uma refeição sangrenta. E, pelo visto, teremos uma nova comunidade nos próximos encontros com Nick, e a inclusão de personagens promissores como Luciana (Danay Garcia, de Prison Break).

Fear the Walking Dead retornou lentamente nos passos de um zumbi que acabara de deixar para trás um desjejum farto. Permitiu alguns momentos curiosos e tensos, mas não foi o prato que os espectadores esperavam para se saciar.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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