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Massacre no Texas
Original:Leatherface
Ano:2017•País:EUA
Direção:Alexandre Bustillo, Julien Maury
Roteiro:Seth M. Sherwood
Produção:Christa Campbell, Lati Grobman, Carl Mazzocone, Les Weldon
Elenco:Finn Jones, Stephen Dorff, Lili Taylor, Nicole Andrews, Sam Strike, Vanessa Grasse, Sam Coleman, Boris Kabakchiev, Jessica Madsen, James Bloor

O massacre ocorrido no Texas na década de 70, um dos mais brutais exemplares do cinema de Horror, ainda reverbera nos dias de hoje. Sally (Marilyn Burns), seu irmão Franklin (Paul A. Partain) e amigos foram vítimas de um pesadelo doentio e grotesco em proporções assustadoras ao som agudo de uma pesada motosserra. A partir daí, o gênero adquiria sua essência, fortalecido pela necessidade de se aproximar do real, do documental, de um inferno depressivo e assustador. Vieram continuações, versões bastardas e uma refilmagem que não serviram de complemento para a obra máxima de Tobe Hooper, mas que foram produzidas pela atração ao universo criado, trazendo novas visitas a uma família canibal, suja e desumana.

Mesmo com o fracasso de crítica de O Massacre da Serra Elétrica 3D – A Lenda Continua, lançado em 2013, com direção de John Luessenhop, que vinha com o rótulo de “continuação oficial do clássico“, mas acabou repetindo a fórmula dos slashers modernos, ainda havia quem apostasse na realização de mais um filme. Como o longa havia conquistado um discreto lucro na bilheteria – custou U$20 milhões e arrecadou pouco mais de U$34 -, o assassino da face de couro teria a chance de retornar ainda que envolvesse fatos anteriores aos ambientados em 74, com a justificativa da necessidade de contar o nascimento do monstro. Ora, se Michael Myers e até o Leatherface da refilmagem tiveram a oportunidade de abrir um álbum de lembranças, por que não resgatar a trajetória do vilão original? E o projeto ganhou o incentivo de Gunnar Hansen, ator que interpretou originalmente Leatherface, que imaginava que seu personagem havia perdido o senso de identidade, como se ele mesmo não soubesse as razões pelas quais usa peles humanas sobre o rosto e não fala.

Antes de ganhar luz verde, o conceito original traria uma nova continuação para o filme, novamente comandada por Luessenhop. O roteirista Seth M. Sherwood achou que poderia ser interessante desenvolver um prelúdio ao invés de uma sequência simples e escreveu o roteiro, ignorando o que havia sido planejado anteriormente. Primeiramente, foram divulgadas notícias que diziam que o projeto havia sido cancelado definitivamente; posteriormente, o título Leatherface voltou aos tabloides, com falas dos envolvidos e a promessa na direção de Alexandre Bustillo e Julien Maury, responsáveis pelo comando do sangrento A Invasora (2007), além do poético Livide (2011) e do coulrofóbico Aux yeux des vivants (2014). As filmagens aconteceram entre maio e junho de 2015, sem perspectiva de finalização e lançamento, tanto que a Lionsgate chegou a engavetar o longa, mantendo-o numa geladeira que durou quase dois anos, até o anúncio de exibições limitadas nos cinemas, priorizando o formato video on demand. É possível que saia algo bom daí, se a própria distribuidora não acreditou em seu potencial?

Leatherface é bem fraco realmente. Um enredo com boas doses de violência e sangue, com uma distância significativa do Texas. Há uma tentativa de brincar com a identidade do vilão, levando o infernauta a tentar descobrir quem seria Leatherface e como ele se transformaria naquele símbolo do medo. Assim, não somente ele perde a noção de sua origem como o próprio público, que chega a esquecer por diversas vezes que se trata de uma produção ambientada no mesmo universo. Um longa sem identidade, perdido num road movie com personagens maldosos, retratando uma América que não conseguia se encontrar.

Na cena inicial, está acontecendo uma festa de aniversário na casa da família Sawyer, comemorando o “amadurecimento” do jovem Jedidiah (Boris Kabakchiev). Como presente, sua insana mãe, a caricata Verna (Lili Taylor), lhe dá uma motosserra e pede que ele faça sua primeira vítima, um rapaz que foi acusado de ter roubado um porco da família. Sem coragem de completar o serviço, apenas cortando sem querer a perna do sequestrado, o vovô o ajuda dando um fim no convidado.

Meses depois, um jovem casal está em caminhonete cruzando a região. Betty (Lorina Kamburova) e Ted (Julian Kostov) – que depois, nos créditos, descobre-se que o sobrenome do rapaz é Hardesty, ou seja, ele futuramente será o pai de Sally e Franklin – são obrigados a parar quando o veículo quase atropela a carcaça de um animal. Ao se aproximar, revela-se que se trata do garoto Jed com uma máscara de porco, que pede ajuda e corre em direção a um celeiro. Betty vai atrás dele, até cair em uma armadilha montada pela família Sawyer.

A polícia, sob o comando do Texas Ranger Hal Hartman (o esquecido Stephen Dorff) e do guarda Sorrel (Finn Jones), chega ao local, mas não tem provas que condenem todos ali. Como Betty é filha de Hartman, ele se vinga de Verna recolhendo Jed para uma instituição mental, local onde ele passará os dez anos seguintes. Uma nova enfermeira é contratada; Lizzy (Vanessa Grasse) é apresentada aos pacientes perturbados como o gordo Bud (Sam Coleman), seu amigo Jackson (Sam Strike), o violento Ike (James Bloor) e a queimada Clarice (Jessica Madsen). Nesse ponto, o público já imagina qual a “jogada” do roteiro: um dos meninos será o futuro Leatherface, mas em qual deles vocês apostaria a identidade perdida?

Quando Verna decide forçar uma visita ao local, mesmo a contragosto do diretor (Christopher Adamson), ocorre uma rebelião no hospital, com dezenas de mortos. Bustillo e Maury carregam nas cenas sangrentas para justificar o currículo e intensificar a maldade dos personagens, principalmente do mudo Bud e de Ike, além de outros presos. Eles fogem do hospício levando Lizzy de refém, e cruzam a região em mais atos de crueldade em cada local por onde passam, como um restaurante e um trailer, numa referência direta a Bonnie e Clyde. Nessa jornada pelo Texas – filmada na Bulgária por restrições orçamentárias -, cada um deles terá a oportunidade de descobrir seu lado psicótico, sombrio, e o que seria capaz de fazer para alcançar os objetivos almejados.

Com o sangue escorrendo em profusão, Bustillo e Maury aproveitam para fazer a câmera homenagear ângulos do original. Seja na caminhada de Betty até o celeiro, com uma perspectiva baixa similar a de Pam (Teri McMinn), até a correria pela floresta ao som da motosserra ou mesmo a dancinha do assassino no complemento de seu objetivo. E o elenco é até esforçado, mas Lizzy está muito longe do terror experimentado por Marilyn Burns, cujo olhar de desespero é uma das principais referências de sua interpretação no clássico.

Assim, a falta de identidade do vilão é comparada a de todo filme, sem que o longa se demonstre necessário para a franquia. No mesmo erro cometido por Rob Zombie, a origem de Leatherface soa apenas oportunista, como uma espécie de fanfic do original, mas sem as ferramentas que deram à obra-prima suas principais características: falta a sujeira do Texas, o aspecto realista e até a filmagem amadora. Além disso, a ambientação pouco remete à década de 60, uma falha também cometida na refilmagem de 2003, que acredita que a trilha sonora já seja suficiente para caracterizar a época.

Não chega a ser pavoroso como outras continuações do original, porém não consegue disfarçar sua condição supérflua. O Texas vai continuar inspirando psicopatas a refeições rápidas com turistas incautos, sem que qualquer novo massacre tenha a força e a agressividade das lâminas em movimento nas mãos de Gunnar Hansen ou o medo e o desespero na expressão de Marilyn Burns.

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15 Comentários

  1. Simplesmente O massacre 3D e esse Massacre no Texas acabaram com a sequência completamente desnecessário, o grande feito da remake de 2003 e o Inicio de 2006 continua sendo os melhores ate hoje 2022

  2. Eu me pergunto se tinha esteroides, anabolizantes e algum vírus que ataca a saúde mental, na carne humana da população texana dos anos 50-70, e se sim, porque só o “Jededai” teve a transformação muscular e retardo mental tão grande da adolescência a vida adulta

  3. Assim como panico na floresta a serie leatherface virou uma salada não faz nem + sentido mostrar a origem qual primeiro ultimo tanto faz com este termino a série esperando fazer outro.Marminino julgando pela aparência pensei que era o gordinho já que o antigo era grandão e mongolão.

  4. Se o filme não fosse sobre o Leatherface e fosse sobre um novo “assassino” poderia até ser legalzinho.. acho que tá faltando isso: novos slashers e não Reboot$ e hi$tória$ de origem.. mas a criatividade parece que morreu em Hollywood

  5. Que filme ruim.
    Eu gostaria de ver um remake do Massacre…nas mãos do ROB ZOMBIE.
    Concerteza ele faria bem melhor que esse, e o remake de 2013.
    Até o “Inicio”, e o filme de 2003, são bem melhores que essa porcaria de 2017.

    1. Deus nos livre dessa história cair nas mãos de um toupeira como o Rob Zombie.

    2. Pior que o universo de “Texas Massacre” é um padrão para quase todos os filmes que ele já fez na carreira. Seria tão óbvio ele fazendo um filme da franquia, que ou daria muito certo, ou seria uma decepção imensa. Sem meio termo.

  6. ***Atenção: Comentário contém spoilers***

    Podem criticar “O Início” de 2006, mas esse contou a história da origem de Leatherface muito melhor que a desse filme e muito mais convincente.

    Contar a história da origem de qualquer vilão do terror, eu sempre achei meio suicida, porque manter o mistério do personagem é um dos fatores que nos faz temer eles. Quando eu vi o filme original pela primeira vez, eu vivi me perguntando como teria sido a infância de Leatherface (por ser o meu filme de terror favorito). Eu imaginava que ele sempre teve problemas mentais, nunca soube falar, só não imaginava porque ele usava as máscaras de pele humana.

    E realmente, esse filme passou muito longe de ter a história que eu esperava, o cara que se tornaria o Leatherface é um cara de aparência normal (ele nem é tão grande), personalidade normal (o mais bondoso entre os 3 rapazes), fala normalmente, enfim, É UMA PESSOA NORMAL!!! Não tem absolutamente nada a ver com o psicopata. O casal Ike e Clarice apareceram na maior parte do filme e não tiveram absolutamente nenhuma importância na história.

    O filme não foi o pior da franquia (com certeza foi melhor que o 3D e o Next Generation), valeu por mostrar o jovem Drayton Sawyer que apresenta uma boa semelhança ao original. Mas na minha humilde opinião, o filme deixou a desejar.

    1. Claro o de 2006 é infinitamente superior a esse em tudo!

  7. Lamentavelmente Do Jeito que Andam as coisas, em vez de cuidarem quem faz download tinha que cuidar e proibir Remakes,nossa não da Mais Pra Aguentar estão assassinando personagens do Cinema de Horror Absurdo isso é uma tamanha falta de Criatividade e mais não tem que ter esse Negocio de contar como Fulano Virou assim,não é Hannibal Lecter nem nada,antigamente era bem mais legal, sempre quando um filme de terror tinha uma continuação o por que de o Fulano Se Tornar assim era contado na continuação (Jason),ou no Primeiro Filme(Michael Myers), Agora Leatherface não tem Mistério ele faz Parte da Família de Cannibais e deu mas não os caras tem que inventarem sem mais!!!!

    1. Na verdade o filme é uma colcha de retalhos mal costurada e, novamente, recheadas de situações absurdas ( a habilidade dos internos ao dirigir, um jovem baleado é um exemplo), personagens descartáveis e sem nenhuma importância e um desenvolvimento francamente ruim. Realmente, o melhor é não criar mais “inícios” e deixar a imaginação trabalhar quanto à origem da família de Leatherface

  8. Eu sou um dos poucos que realmente gostaram de ” Leatherface ” , pra mim valeu a longa espera e a minha nota são 4 caveiras !
    Quando for lançado aqui vou comprar pra minha coleção !

  9. Os caras fizeram A invasora e Livide, podem fazer merdas p resto da vida, q sempre terão crédito por essas duas obras FODAS!
    Milici, aliás tenho curiosidade p saber sua interpretação do final de Livide.
    Abs

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