4.1
(15)

Fatos Estranhos
Original:Evil Things
Ano:2009•País:EUA
Direção:Dominic Perez
Roteiro:Dominic Perez
Produção:Dominic Perez, Mario Valdez Steckler
Elenco:Laurel Casillo, Morgan Hooper, Torrey Weiss, Ryan Maslyn, Elyssa Mersdorf, Gail Cadden, Sarah E. Harwood

Quando os found footages começavam a dar os primeiros passos para se estabelecer como subgênero – o próprio [Rec], longa que o popularizou, havia sido lançado há poucos meses -, Evil Things era uma das atrações do CineFantasy de 2009. Embora o teaser, exibido pelo canal da Veja São Paulo no youtube, parecesse interessante e até assustador, não consegui vê-lo no festival. O tempo se passou, e acabei perdendo-o de vista entre inúmeras cópias da fórmula até dar uma leve trombada com ele no sistema de streaming Amazon Prime, onde o longa aparece dublado, com o título Fatos Estranhos. Finalmente, pude conferi-lo e, agora, posso dizer que não perdi muita coisa. Bom, vamos analisá-lo com o olhar de 2009…

No primeiro frame, aparecem aqueles tradicionais créditos de evidência da polícia, relatando sobre os jovens desaparecidos, uns números estranhos e a data do ocorrido. Ainda era uma característica fresca da fórmula, com poucos exemplares, mas não deixa a menor sensação de que se trata de informações reais. Um grupo de cinco jovens sai de Nova York para as comemorações do aniversário de um deles, a motorista Miriam (Elyssa Mersdorf), com a câmera só mostrando os rostos deles quando o carro faz uma parada para aliviar o enjoo de uma das garotas. A justificativa para as filmagens constantes são apresentadas entre as primeiras falas: “Por que você tem que gravar tudo?“. E o cinegrafista Leo (Ryan Maslyn) responde, “Porque eu comprei essa câmera ontem.“. Mais tarde, ele se apresenta como documentarista, mas também não sabe explicar a razão de filmar tudo.

Durante o caminho gelado, com as estradas cobertas por grossas camadas de neve, eles são atormentados pelo motorista de uma van escura. Ele os ultrapassa e depois freia, para depois se sentir incomodado com os faróis e passá-los novamente. A cada parada para beliscar algo ou jantar, eles notam a presença do veículo à espreita e começam a ficar assustados. Como já tive uma experiência similar nas estradas para o interior, confesso que essa ideia me causou um certo desconforto. Quem seria o misterioso motorista e por qual razão ele estaria atrás dos jovens? Nem aguardem explicações pois elas não virão…

O grupo chega à casa da tia Gail (Gail Cadden), onde haverá informações sobre a imensa distância de qualquer outra casa – “Estamos no meio do nada.” – e obviamente os celulares não terão qualquer sinal. Incomodados com a falta de energia, sendo que nenhum deles pensou em ligar os disjuntor, a tia reaparece para ajudá-los. Há a festa de aniversário, algumas conversas bobas mas justificáveis, até o dia seguinte, quando resolvem dar uma volta na floresta e se perdem. Sons estranhos, desespero, correria à noite e gravação constante (nem a desculpa da câmera ter uma lanterna foi usada, pois todos os jovens foram passear de dia com lanternas!). Mais incompreensível ainda acontece no reencontro à morada, quando as luzes da casa permitem que eles a reencontrem (peraí! Eles saíram de manhã! Por que deixariam todas as luzes acesas?)

O medo se estabelece quando ouvem fortes batidas na porta e recebem uma fita de vídeo, com a boa perspectiva da tia, em pleno 2009, ainda manter um videocassete sob a televisão. Assistem ao vídeo, com Leo nem se preocupando muito com o conteúdo, apenas em filmar a reação dos amigos ao ver o material. A partir daí, desesperados, eles tentam fugir – com uma estranha trilha incidental acompanhando-os, como se a polícia tivesse editado e colocado sons de suspense -, mas são surpreendidos a todo momento por uma ameaça que não deixa claro se é sobrenatural ou humana. E o longa termina, sem trazer as explicações necessárias, apenas obrigando o espectador a ver todos os créditos por conta das gravações do motorista da van.

Em seu primeiro de dois filmes da carreira, Dominic Perez justifica a realização ao se inspirar em acontecimentos reais. Nem me interessei em pesquisar porque imagino que o episódio deve ter envolvido um louco na estrada, perseguindo pessoas – como aconteceu comigo. Sem muito o que mostrar – até porque o subgênero ainda não tinha apresentado as ferramentas de possibilidades -, o diretor parte para o implícito como A Bruxa de Blair, mas sem saber lidar com a insegurança e o medo. As decisões erradas e a interpretação rasa do elenco complicam ainda mais a empatia ou o interesse.

Com o desaparecimento dos créditos a conclusão que se tem é a que justifica Fatos Estranhos de sua condição obscura. Podia ter contribuído para o subgênero de maneira a se estabelecer entre as produções que o inspiram, mas não soube ousar o suficiente para se tornar inesquecível e influente. Não foram dez anos que enfraqueceram o trabalho de Dominic Perez, e, sim, sua própria realização, numa época em que os suportes estavam começando a sustentar o estilo.

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3 Comentários

  1. Quell non quell three to one in a cell Needle in a haystack wishing well

    Little boy blue running rhymes on a bow With 10 canaries lined up in a row

    When luna is a glow while a friendly fish sings Lily livered kings whisper wicked Evil Things

    Alguém sabe oq isso quer dizer? Estou tentando entender a anos.

  2. Duas caveiras foi até generosidade. Filme que vai do nada a lugar nenhum e conclui sem qualquer conclusão (se o caminho até lá fosse interessante esse seria até que o menor dos problemas). Vi até o final pq pensei que algum milagre podia acontecer, mas nossa senhora, a curiosidade matou o gato com requintes de crueldade.

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