The 100 – 5ª Temporada (2018)

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The 100 - 5ª Temporada
Original:The 100 - Season 5
Ano:2019•País:EUA
Direção:Dean White, P.J. Pesce, Tim Scanlan, Omar Madha, Michael C. Blundell, Mairzee Almas, Antonio Negret, Henry Ian Cusick
Roteiro:Kass Morgan, Terri Hughes Burton, Aaron Ginsburg, Wade McIntyre, Nick Bragg, Drew Lindo, Jeff Vlaming, Lauren Muir
Produção:Heidi Cole McAdams, Miranda Kwok, Jason Rothenberg
Elenco:Eliza Taylor, Paige Turco, Bob Morley, Marie Avgeropoulos, Lindsey Morgan, Christopher Larkin, Richard Harmon, Tasya Teles, Isaiah Washington, Henry Ian Cusick, Adina Porter, Luisa d'Oliveira, Kyra Zagorsky, Christopher Larkin, Lola Flanery, Ivana Milicevic, William Miller

Não parecia que iria tão longe. A série, com óbvia roupagem adolescente, partia de uma estrutura bastante utilizada neste novo século ao explorar jovens em situações extremas, com camadas de ficção científica e romance. Levemente inspirada numa trilogia (em 2016 saiu um quarto livro) escrita por Kass Morgan, The 100 não escondia suas referências nas séries Lost e Game of Thrones, com pinceladas de Jogos Vorazes, Divergente e até Maze Runner. Sem grandes nomes no elenco – talvez, Henry Ian Cusick (por ter feito Lost) e outros nomes rodados em produtos para a TV -, a ousadia em modificar constantemente sua linha narrativa e assassinar seus principais personagens (a morte de Finn Collins na segunda temporada foi uma das mais impressionantes) parecia conduzir o produto a no máximo duas temporadas. No entanto, a luta dos 100 jovens que deixaram o espaço para conhecer finalmente o Planeta Terra foi se tornando maior e mais dinâmica, acrescentando doses de claustrofobia com o Monte Weather (2ª temporada), além de uma poderosa inteligência artificial (3ª temporada) e as consequências disso com uma eminente e devastadora onda radioativa (4ª temporada), que somente as liberdades poéticas de roteiros criativos, a cargo de Dean White entre outros, poderiam permitir. Assim, as expectativas para uma nova temporada eram imensas, principalmente com o final que basicamente apertava um botão de restart a tudo que fora mostrado.

No final da última, a heroína Clarke (Eliza Taylor) sobreviveu ao novo apocalipse e está praticamente sozinha no Planeta. Sua primeira reação, além de tentar sobreviver, é buscar comunicação com os amigos que fugiram para o espaço: Bellamy (Bob Morley) e a ex-vilã Echo (Tasya Teles), a experiente em tecnologia Raven (Lindsey Morgan), o boa-praça Monty (Christopher Larkin) e a namorada Harper (Chelsey Reist), o intragável John Murphy (Richard Harmon), que tem um namorico com a da mão de alienígena Emori (Luisa d’Oliveira, descendente de português). Ela também tenta em vão, devido aos destroços, acessar os sobreviventes que se esconderam em um abrigo – cerca de 1200 -, como Octavia (Marie Avgeropoulos), Thelonious Jaha (Isaiah Washington), Kane (Henry Ian Cusick), Indra (Adina Porter), a Dra Abigail (Paige Turco), entre outros das outras temporadas.

Enquanto caminha pelos desertos em busca de água e alimento, ela chega quase a pensar em se matar quando um pássaro lhe dá uma dica sobre a existência de um vale que sobreviveu milagrosamente à onda, mantendo suas árvores e lagos. Lá, ela encontra a pequena Madi (Lina Renna) e a conquista com desenhos, no episódio Eden, dirigido por Dean White, que foi ao ar no dia 24 de abril de 2018. Aqui, os mais calejados com o cinema já encontram referências ao clássico A Última Esperança sobre a Terra (1971) e até Inimigo Meu (1985). Seria um episódio centrado apenas em Clarke, durante seus seis anos de resistência, se a cena final já não mostrasse evidências do abrigo, capazes de deixar o espectador boquiaberto.

O segundo e excelente episódio, Red Queen, comandado por P.J. Pesce, resume a vida no abrigo durante os seis anos que ficaram enclausurados, sem expectativa alguma de sobrevivência. Quando a alimentação passa a ameaçar a vida de todos, um conflito interno leva ao aprisionamento de Abigail e Kane, e o domínio dos residentes que se acham injustiçados pela seleção dos que deviam ficar ali. A única solução possível seria a emersão de um líder, alguém capaz de adquirir o respeito da maioria nos votos e decisões. Eis que Octávia resolve assumir o posto, a partir de sua capacidade de luta e fidelidade à Wonkru, o que poderia dar indícios de uma solução agradável. Contudo, seis anos depois, o poder lhe subiu a cabeça e ela passou a criar torneios internos para diminuir significativamente a quantidade de bocas famintas do local e também resolver problemas, como o roubo de medicamentos para alimentar o vício de Abigail, consequência da droga que devastou mentes na terceira temporada.

No espaço, o grupo inicia um plano de acesso à Terra, quando percebem que uma nave acaba de pousar por lá. Trata-se de uma nave de condução de prisioneiros, fortemente armada, que aterrissa e causa problemas para Clarke e Madi (agora interpretada por Lola Flanery, da série O Nevoeiro, 2017). Com elas, novos personagens entram na série, com destaque para a líder Charmaine Diyoza (Ivana Milicevic, de Grito de Horror: O Renascimento, 2011), o agressivo soldado Paxton (William Miller) e o piloto Miles (William Miller). Quando Bellamy descobre que a nave possui cerca de 300 prisioneiros em um sono criogênico, ao chegar à Terra ele chantageia Diyoza para ajudar a resgatar os que estão presos no abrigo, unindo finalmente os núcleos para uma eminente guerra pela conquista do Vale, o único ponto verde no Planeta.

Engana-se quem imagina que o grande inimigo da temporada será os prisioneiros da nave-prisão. Octavia não mede esforços para enfrentá-los, mesmo que as chances de sobrevivência sejam remotas devido à capacidade bélica dos forasteiros. Cega pela fidelidade a Wonkru, ela promove os principais arrepios da temporada ao colocar em um combate mortal três rostos conhecidos do espectador, incluindo seu próprio irmão e a filha de Indra, Gaia (Tati Gabrielle), que, ao entender que Madi sobreviveu à onda por ser uma Sangue da Noite, já pensa numa ascensão ao poder, o que contraria obviamente os interesses maternais de Clarke. Dessa forma, é provável que o público passe a sentir raiva das “cabeçadurices” de Octavia e Clarke em suas decisões arriscadas.

Outro ponto interessante da quinta temporada é o acréscimo de vermes do deserto, criaturas que parecem cobras e entram no corpo do hospedeiro para depois levá-lo à morte – Alien, o Oitavo Passageiro é uma boa lembrança. Octavia pensa em utilizá-los como arma de guerra contra os prisioneiros, forçando Bellamy a agir literalmente como irmão mais velho diante de uma traquinagem da caçula. Sim, aquele mesmo Bellamy que já teve decisões erradas em temporadas anteriores e até levou o espectador a desejar uma morte acelerada ao personagem.

É exatamente essa constante troca de narrativas e personalidades o que mais atrai em The 100. Até mesmo Murphy e Indra passam a ser bem vistos pelo olhar do público, com ações inteligentes para tentar impedir uma guerra que parece impossível de ser vencida. Também tivemos uma grande perda – não assim tão lamentada – nessa temporada nos episódios iniciais, além de outras duas no derradeiro de maneira emocionante, capaz de levar os fãs às lágrimas. Os ousados episódios finais deixaram uma expectativa ainda maior para a continuação, que traz a informação de encerramento do Livro I. Como a série é bastante diferente das obras originais, de onde será que trarão ideias para os novos rumos de The 100 em 2019? É o que descobriremos a partir de amanhã, com a estreia da nova temporada!

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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