4.8
(8)

Gênios do Mal
Original:Chalard Games Goeng / Bad Genius
Ano:2017•País:Tailândia
Direção:Nattawut Poonpiriya
Roteiro:Nattawut Poonpiriya, Tanida Hantaweewatana, Vasudhorn Piyaromna
Produção:Jira Maligool e Vanridee Pongsittisak
Elenco:Chutimon Chuengcharoensukying, Eisaya Hosuwan, Teeradon Supapunpinyo, Chanon Santinatornkul, Thaneth Warakulnukroh

Cenas tensas já foram mostradas em tela de diversas formas possíveis. Assassinos mascarados que perseguem vítimas indefesas, fantasmas escondidos na escuridão, monstros esfomeados em busca de pessoas desatentas e até mesmo motoristas ensandecidos prontos para atropelar quem vier pela frente. Mas e se eu te disser que situações comuns do dia a dia, como colar em uma prova, podem te causar tensão sendo mostradas em tela, você acreditaria?  Se alguém me fizesse a mesma pergunta, há um tempo, eu iria duvidar dessa possibilidade, mas depois de ter assistido a esse filme tão pouco comentado por aqui, posso dizer que qualquer coisa, quando bem roteirizada, pode criar tensão.

Em Gênios do Mal, conheceremos Lynn (Chutimon Chuengcharoensukying), uma adolescente introvertida e muito inteligente que ganha uma bolsa de estudos para terminar o ensino médio numa escola de elite. Além de uma aluna esforçada, ela também é dotada de um raciocínio matemático que a eleva acima de quase todos os outros alunos, a tornando de imediato uma das modelos da nova escola. Aos poucos, mesmo tendo a questão óbvia das diferenças sociais, ela acaba se tornando amiga de Grace (Eisaya Hosuwan) e conhecendo seu namorado Pat (Teeradon Supapunpinyo), que é um menino muito rico filho de uma família tradicional.

Vendo o desespero da amiga em uma prova, Lynn resolve passar as respostas da mesma no verso de uma borracha.  Entusiasmada com a inteligência da nova amiga, Grace conta para Pat, que resolve pagar por novas respostas de outras provas. Eis então que o número de interessados aumenta exponencialmente e cola vira um negócio lucrativo, com direito a códigos secretos e somas altíssimas pelos gabaritos que serão entregues. A tensão aumenta quando os planos tomam proporções gigantescas ao tentar obter as respostas de uma prova universitária de importância internacional.

É importante acentuar que em uma boa parte do oriente há uma prova similar ao ENEM chamada Gaokao. Essa prova tem o objetivo de aferir e pontuar o conhecimento dos alunos, mas, acima de tudo, é a partir dela que os estudantes têm acesso ao ensino superior. O grande diferencial é que essa prova pode ser feita apenas uma vez na vida; se a nota for abaixo da média, não existe chance de entrar em nenhuma universidade e os reprovados saem direto para o mercado de trabalho em funções de nível médio. Esse rigor é tão grande que métodos de burlar o Gaokao obtendo a famigerada cola já ocorreram diversas vezes e o argumento desse filme inclusive se baseia num desses casos.

Aqui a tensão ao passar uma cola consegue ser transmitida em tela pela direção segura de Nattawut Poonpiriya, mas só conseguimos senti-la ao entender a pressão que as provas escolares têm nessa cultura e isso é transposto de forma brilhante pelo elenco. O argumento central do roteiro se baseia na questão dos limites que os alunos estão dispostos a quebrar pra obter um bom desempenho numa prova que é a única métrica que eles têm de futuro.

E aqui realmente não há limites. O filme nos mostra o início de um sistema de fraude quase infantil que se torna um mecanismo tão complexo que chega a lembrar as aventuras de Ethan Hunt nos filmes Missão Impossível. Códigos secretos, escutas, telefones grampeados, viagens internacionais, tudo com um único objetivo, colar numa prova, ou decidir o próprio futuro.

Esse filme foi um dos representantes ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira em 2017 e conseguiu 30 prêmios em festivais de cinema internacional nas mais diversas categorias, e quando começamos a assistir, esse louvor faz sentido. As cenas são tensas e as mais de duas horas de rodagem em nenhum momento são cansativas. Aqui, até a cena do primeiro ato da cola passada de Lynn pra Grace em uma borracha consegue ter um peso emergencial necessário para um bom suspense. É ao mesmo tempo divertido e desafiador acompanhar a mente sagaz da protagonista, e é inevitável a torcida para que ela se dê bem no final.

Pena que ele não foi tão comentado e lembrado por aqui, mas, caso você esteja em busca de um filme que vale cada segundo, posso lhe assegurar que você sairá surpreso no fim dessa experiência.

Caso tenha gostado dessa crítica, ela também sairá em vídeo no meu canal no Youtube Cripteca, e será um grande prazer te receber por lá também.

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