Mansão da Morte (1986)

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Mansão da Morte
Original:Sorority House Massacre
Ano:1986•País:EUA
Direção:Carol Frank
Roteiro:Carol Frank
Produção:Ron Diamond
Elenco:Angela O’Neill, Wendy Martel, Pamela Ross, Nicole Rio, John C. Russell, Marcus Vaughter, Vinnie Bilancio, Joe Nassi, Robert Axelrod, Fitz Houston

Apesar de ser um filme menor, o excelente Slumber Party Massacre parece ter causado um certo rebuliço na ‘cena slasher’ ali na década de 1980. Nessa época, o subgênero já tinha tanto admiradores quanto críticos, e estes, mesmo com muitos entraves, tentaram contestar o formato e o apelo misógino tão comum à maioria desses filmes. Seguiu-se então, nesse período, uma breve onda de filmes de terror dirigidos (e também escritos e às vezes também produzidos) por mulheres, da qual emergiu a simbólica história do assassino da furadeira como um dos primeiros e maiores destaques.

Entre esses filmes, estão alguns medianos e algumas tranqueiras, como os curiosos  A Night to Dismember (1983), Strip-Tease da Morte (Stripped to Kill, 1987), e alguns filmes da diretora Roberta Findlay lançados nessa época. Cemitério Maldito (Pet Sematary, 1989), e os filmes da série Slumber Party Massacre são exemplos melhores que conseguiram ultrapassar o status de filmes B e são lembrados e revisitados até hoje pelos fãs do gênero.

O bom Mansão da Morte (Sorority House Massacre), lançado em 1986, também faz parte dessa leva, e, na verdade, parece fazer parte do “universo” de Slumber Party Massacre, e de uma suposta franquia chamada O Massacre. Falo “suposta” pois até o momento não vi informações sobre se tratar de uma franquia oficial ou de uma sacada de cinéfilo de terror por localizar as séries que compõem a franquia (Slumber Party Massacre, Sorority House Massacre e Cheerleader Massacre) no mesmo “contexto cultural”. O fato é que aqui nesse Mansão da Morte temos mais uma vez uma diretora, desta vez Carol Frank, conduzindo um slasher à sua maneira, numa época em que isso não era exatamente o comum.

Na história, Beth acaba de ser aceita numa daquelas fraternidades de universidades americanas, localizada em um casarão que foi palco de um violento crime 15 anos antes: um jovem matou os pais e tentou matar a irmã de cinco anos. Antes que conseguisse, foi preso em um manicômio, de onde foge, 15 anos depois, para concluir o serviço. Bem familiar né?!

Tão logo se muda para o casarão, Beth começa a manter um inesperado contato psíquico com o assassino. Enquanto tenta descobrir se suas visões são realidade ou delírio, os amigos de Beth começam a ser assassinados e ela é forçada a confrontar seu passado.

As comparações com Halloween (1978) são inevitáveis e não foram ignoradas nas críticas e na recepção do público a Mansão da Morte. Não bastasse pegar carona no enredo criado por John Carpenter e Debra Hill, Carol Frank tenta repetir o estilo de dirigir de Carpenter em muitas cenas, algo bem evidente pra quem já reviu Halloween tantas vezes. A história, no entanto, é melhor elaborada, e tenta até rever alguns pontos discutíveis do Halloween clássico (como a relação entre o assassino e a protagonista, que nunca fica clara), mas com outro “humor”.

Carol Frank parece querer orientar seu trabalho para algo menos paranoico e mais realista (apesar desse elemento sci-fi da telepatia, que é o que dá liga ao roteiro). A composição do corpo de personagens ajuda muito, assim como o contexto de onde eles saem: um grupo de estudantes de psicologia entre os quais uma começa a manifestar perturbações psíquicas. Além disso, assim como nos Slumber Party, os personagens aqui não repetem a caricatura típica dos slashers. Ainda que não os desenvolva de forma profunda, pode-se perceber que é um corpo de personagens com uma história, e não um arremedo de piadas de mau gosto e ideias ruins.

As cenas de morte, para quem curte coisas mais extremas, são meramente burocráticas. Não há excessos, e até o sangue em cena é bem reduzido, uma coisa quase econômica, eu diria. Essa falta é bem compensada pelas cenas de caça do assassino. O suspense é envolvente, e o clima sempre fica genuinamente tenso à medida em que ele se aproxima da protagonista.

Mansão da Morte tem notas bem baixas nas avaliações internet afora. Essa semelhança tão evidente com Halloween pode ter prejudicado sua recepção, e talvez ele seja um trabalho mais lembrado por fazer parte dessa onda de filmes de terror realizados por mulheres, ou mesmo pelos aficionados pelo gênero. Mas ainda assim é um bom filme, e que se sustenta por si, com seus erros e acertos.

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Pedro Emmanuel

Cearense, jornalista, quase geógrafo (ainda cursando), meio praieiro e ligeiramente antissocial. Minha viagem é aprender o máximo possível sobre a vida e sobre a morte, e assim ir assimilando alguns mistérios da existência. Vivo como se fosse um detetive, mas minha mente vagueia muito. Sou fã de Star Trek, Jefferson Airplane, e do Massacre da Serra Elétrica original.

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