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Hellblazer: Ascensão e Queda
Original:Hellblazer: Rise and Fall
Ano:2021•País:EUA
Páginas:152• Autor:Tom Taylor, Darick Robertson, Diego Rodriguez•Editora: Panini Comics

Criado em 1985 como um personagem coadjuvante na revista do Monstro do Pântano, John Constantine imediatamente se tornou um sucesso com o público, ganhando em 1988 sua própria revista solo, Hellblazer, pelo selo Vertigo da DC Comics. As aventuras do detetive ocultista canastrão, arrogante e egoísta que faz qualquer coisa necessária pra cumprir seus objetivos tiveram ao longo dos anos roteiros de nomes de peso como Neil Gaiman (Sandman), Garth Ennis (The Boys), Mike Carey (Lúcifer) e Grant Morrison (Patrulha do Destino). Em 2020, a editora decidiu colocar Tom Taylor (Injustiça, DComposição) para trabalhar em uma nova história do personagem onde ele precisa da ajuda de ninguém menos que Lúcifer.

Durante uma noite aparentemente comum em Liverpool, um corpo literalmente cai do céu na cidade. A vítima é um conhecido milionário e, em seu corpo, estão costuradas gigantescas asas parecidas com as de um anjo. Imediatamente, essa estranha e bizarra morte é noticiada por todos os cantos, e a investigação cai nas mãos da detetive Aisha Bukhari e seu parceiro Gary. Como se o caso já não fosse estranho o suficiente, alguém rouba as asas do corpo no necrotério antes que a perícia fosse realizada, e mais mortes de figurões poderosos continuam a acontecer. A elite está caindo, e está apavorada. Com um caso extremamente peculiar desses, não é de se espantar que mais uma pessoa fique interessada em investigar tal morte: John Constantine, que já conhece Aisha de outros verões.

O trio passa a trabalhar junto quando mais uma curiosa figura aparece para oferecer ajuda. O caso chamou a atenção de Lúcifer, rei do Inferno, e a cada momento a investigação se torna mais curiosa. Como ricaços morrendo pode ter ligação com Lúcifer e o Inferno a ponto de ele resolver se envolver? O passado de John está prestes a assombrá-lo.

Os leitores mais antigos de Constantine estão acostumados com a dualidade com a qual ele é retratado. Em suas primeiras histórias, era uma pessoa sagaz, individualista, antissocial, cínica e com atitudes moralmente questionáveis. Já em histórias mais recentes, a DC tentou dar uma repaginada no personagem, deixando-o mais próximo de um anti-herói sarcástico e carismático com habilidades sobrenaturais. Tom Taylor tenta unir o cinismo antigo do personagem com cenas de ação um tanto super heroicas das versões mais recentes, o que pode desagradar fãs mais ferrenhos do personagem.

Lúcifer em nada parece com o isolado ser retratado em Sandman ou em seu título solo, e sim se aproxima muito mais de sua versão televisiva da famosa série – inclusive na aparência, com cabelos escuros ao invés de loiros -, sendo mostrado como um galante sociável com pavio curto e, em sua forma original, com uma aparência um tanto genérica, lembrando as formas cartunescas de como o diabo costuma ser retratado.

O quadrinho possui diversas críticas políticas, mostrando como aqueles que detém de muito dinheiro e poder subjugam sem o menor pudor aqueles que estão abaixo. Apesar da crítica ser feita de forma ácida e de fácil entendimento, ela acaba sendo um tanto rasa pois não recebe um desenvolvimento maior e é pouco trabalhada no roteiro.

A arte de Darick Robertson, no geral, casa bem com a história. As cenas de horror corporal e gore são bem desenhadas e detalhadas, além de conseguir passar com clareza as expressões aterrorizantes do antagonista. As poucas escolhas que podem desagradar os mais puristas com relação à arte do material (como a aparência de Lúcifer) podem ser propositais do roteirista, não do artista. As cores de Diego Rodriguez capturam muito bem a visceralidade que os desenhos de Robertson tentam passar algumas vezes.

Hellblazer: Ascensão e Queda é um quadrinho que tenta agradar a diferentes públicos que procuram histórias que envolvam sobrenatural e personagens já popularizados pela mídia sem extremismos. As caraterizações dos personagens principais variam entre suas diferentes versões existentes e há uma certa quantidade de sexo e também violência explícita acima do que se vê em quadrinhos de super heróis – já que faz parte do selo Black Label, que substituiu Vertigo como a casa de histórias mais adultas -, porém tudo na medida certa para não haver exageros além do proposto. Essas combinações fazem com que esse material seja um ótimo ponto de entrada para novos leitores, principalmente aqueles acostumados com as versões televisivas de John Constantine e Lúcifer.

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2 Comentários

  1. A DC ainda tentando transformar John Constantine dos quadrinhos em um genérico Doutor Estranho.

  2. Vi muitos elogios das histórias Hellblazer de John Constantine do Simon Spurrier, poderiam fazer uma análise também.

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