Ruptura – 1ª Temporada (2022)

4.4
(9)

Ruptura - 1ª Temporada
Original:Severance - First Season
Ano:2022•País:EUA
Direção:Ben Stiller, Aoife McArdle
Roteiro:Dan Erickson, Mohamad el Masri, Anna Ouyang Moench, Wei-Ning Yu, Chris Black, Andrew Colville, Kari Drake, Helen Leigh, Amanda Overton
Produção:Aoife McArdle, Amanda Overton, Adam Scott, Patricia Arquette, Gerry Robert Byrne
Elenco:Adam Scott, Zach Cherry, Britt Lower, Tramell Tillman, Jen Tullock, Dichen Lachman, Michael Chernus, John Turturro, Christopher Walken, Patricia Arquette, Gwendoline Christie, Robby Benson, Alia Shawkat, Merritt Wever, John Noble, Ólafur Darri Ólafsson

No balanço de 2022, talvez meu maior pecado tenha sido não ter visto Ruptura quando do seu lançamento. Resolvida essa pendência no final do ano, não resisti em escrever essas poucas linhas sobre esse estupendo seriado disponibilizado pela Apple TV.

Imagine uma tecnologia em que uma pessoa possa se submeter a um processo disruptivo neural, que, a partir do momento que entra no trabalho, não consegue se lembrar de quem é, quais seus hobbies, sonhos, se tem família etc. Funciona da seguinte maneira: ao entrar no elevador programado para isso, o cidadão não tem qualquer lembrança de sua vida fora da empresa e, na outra ponta, no final do dia, ao sair do trabalho, não consegue se lembrar do que fez, não sabe qual é o seu trabalho, se tem alguma interação com pessoas durante o dia etc.

O ponto de ruptura é tão gritante que a mesma pessoa tem uma vida somente para o trabalho e outra no chamado “mundo externo”.

Essa premissa é aterradora pois o indivíduo é metaforicamente dividido em dois, sendo que um consegue ter acesso aos prazeres e dores mundanas enquanto o outro somente trabalha. A rotina se torna dantesca, principalmente para o “eu” do trabalho, que fica num looping corporativo, mas também traz problemas para o “eu” externo, já que este tem o desconforto e a apreensão de não ter mínima noção do que faz durante o dia.

Além disso, o clima na empresa não ajuda em nada, pois a impressão que se tem é estar numa seita, com condutas rígidas que, se descumpridas, acarretam punições severas.

A apresentação desse universo particular demora um pouco a engrenar nos dois primeiros episódios (talvez pela estranheza da situação), mas, depois que a trama está posta, o seriado assume ares paranoicos emulados de forma até tragicômica.

A fotografia e cenários frios e impessoais acentuam o clima de pesadelo. Acho que essa é a palavra que melhor define a empreitada: um pesadelo calcado na realidade, já que o mundo corporativo apresentado pode muito bem ser encontrado por aí, com pessoas que não sabem a finalidade do que fazem e não têm nenhum propósito.

A história foca num grupo de empregados (Adam Scott, Zach Cherry e John Turturro) de um determinado departamento que recebe uma nova colega (Britt Lower). Ao chegar, ela percebe a burrada que fez e é o gatilho (além da aposentadoria suspeita de seu antecessor) para que os outros membros do departamento comecem a se questionar.

Ben Stiller produz e dirige magnificamente alguns episódios. Além do ator já consagrado, ele já havia demonstrado talento atrás das câmeras em comédias como Trovão Tropical (2008) e A Vida Secreta de Walter Mitty (2013) e, aliado ao roteiro afiadíssimo e inovador do novato Dan Erickson, temos aqui uma das séries mais perturbadoras já realizadas.

Apesar de ainda achar Adam Scott com parcos recursos dramáticos, ele até que está bem como o principal personagem da trama, contudo, são John Turturro e Christopher Walken que elevam a voltagem interpretativa, principalmente quando juntos na tela.

O final é de dar taquicardia em qualquer ser humano com um coração e um mínimo de sangue correndo nas veias. Ansiedade nas alturas aguardando a (em filmagem) segunda temporada.

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Ricardo Gazolla

Formado em Direito e trabalhando no setor privado, apaixonado por cinema desde a infância quando assistiu Os Goonies (1985) na tela grande. Sua predileção pelo horror começou um pouco depois ao conhecer em VHS A Hora do Pesadelo (1984), Renascido do Inferno (1987) e A morte do demônio (1981). Desde então o cinema se tornou um hobby, um vício socialmente aceito, um objeto de estudo, um prazer público e, agora, no site Boca do Inferno, uma forma de comunicação com as pessoas.

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