Mesa para Três (2022)

5
(4)
Mesa para Três
Original:
Ano:2022•País:Brasil
Autor:Pedro Leitão Magyar•Editora: Independente

A cidade de São Paulo é, sem dúvidas, um dos maiores polos gastronômicos do país. Podemos encontrar todas as culinárias que se possa imaginar, os mais diferentes restaurantes temáticos, lugares caríssimos e exclusivos, enfim, um verdadeiro paraíso para os chefs – e seus bolsos. Portanto, não é surpresa alguma quando o recém chegado ao Brasil Tamuz decide abrir um restaurante na cidade. Mais um local de comida árabe, porém, o chef garante seu diferencial: é a melhor comida do oriente médio que qualquer pessoa provará na vida. E diz isso sem arrogância ou prepotência, apenas atestando uma verdade.

Assim que inaugura, o Ziqqurat é de fato só elogios. Literalmente, não há uma única crítica negativa sobre o lugar. Ganhando a mídia, não tardou para chef Tamuz e seu restaurante virarem a nova sensação, com reservas completamente esgotadas. Tudo vai muito bem, até que um desaparecimento é reportado. Um famoso e exigente crítico culinário desapareceu sem deixar vestígios, e o último local no qual foi visto é justamente o Ziqqurat. Alexandre, policial experiente, assume o caso e, apesar da falta de provas, seus sentidos apontam que tem algo muito errado com aquele novo restaurante de comida árabe. O policial não poderia estar mais certo.

A narrativa é bem simples e com algumas enrolações que podem ficar cansativas, com os causos se repetindo algumas vezes até vermos algum avanço acontecer. A investigação é interessante e chama ainda mais atenção pelo envolvimento, que poderia ter sido mais explorado, de possíveis seitas nos desaparecimentos e o adicional do chef Tamuz ter o mesmo nome de uma antiga divindade suméria, mas perde o leitor a partir do momento que inclui elementos sobrenaturais, que ficam um tanto deslocados na história. A insistência de puxar a história para um lado mais espiritual após a metade do livro é um pouco destoante com o que foi apresentado até aqui. Se fossem inseridos desde o início, talvez não causariam tanto estranhamento.

O livro é publicado de forma independente pelo autor Pedro Magyar, portanto, há alguns problemas de diagramação e revisão, mas não é algo que chega a atrapalhar demais a leitura.

Um dos grandes pontos positivos de Mesa para Três é o detalhamento na qual uma cena específica é descrita, chegando a causar repulsa de tão vívida que é a descrição. Seu final também merece elogios, amarrando todas as pontas soltas e encerrando de um jeito macabro e, de certo modo, satisfatório e coerente.

Apesar de um toque sobrenatural que poderia ser dispensável, Mesa para Três é uma boa história de investigação, assassinato e mistério, sem a intenção de ser altamente inovador ou chocar o leitor com diversas reviravoltas surpreendentes – as poucas que tem são o suficiente. É um bom diferencial ter resgatado nomes da mitologia suméria e apresenta-los, mas, assim como as seitas, poderia ter sido ainda mais explorado. A previsibilidade de certos acontecimentos é divertida, proporcionando momentos de indignação quando algum personagem faz algo obviamente errado ou deixa passar um detalhe que está logo ali na cara, ou até mesmo causa certa satisfação quando a confirmação das suspeitas é dada. Em alguns momentos, é possível ver influências de famosas obras, como Hannibal, por exemplo. Aliás, fãs de Masterchef devem ver algumas semelhanças aqui e ali durante a leitura e, quem sabe, vão ficar satisfeitos, de um modo um tanto mórbido, com o que acontecerá.

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 5 / 5. Número de votos: 4

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

Avatar photo

Louise Minski

Um experimento de Schrödinger entediado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *