Os Anfitriões (1987)

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Os Anfitriões
Original:American Gothic
Ano:1987•País:UK, Canadá
Direção:John Hough
Roteiro:John Hough, John Hough, Michael Vines
Produção:Christopher Harrop, Christopher Harrop
Elenco:Sarah Torgov, Terence Kelly, Mark Erickson, Caroline Barclay, Mark Lindsay Chapman, Fiona Hutchison, Stephen Shellen, Rod Steiger, Yvonne De Carlo, Janet Wright, Michael J. Pollard, William Hootkins, Steve Oatway

American Gothic” é uma pintura de Grant Wood, que data de 1930. Nela, um fazendeiro segurando uma forquilha ao lado de sua filha (ou esposa), ambos em trajes coloniais, e uma casa em estilo “gótico rural” ao fundo, representam um cenário típico e tradicional do oeste americano. A população de alguns estados americanos, no entanto, reagiu negativamente à pintura, não se reconhecendo no retrato que exala “puritanismo sombrio” criado por Wood.

Independente da recepção, American Gothic se espalhou mundo afora, sendo figurinha fácil entre as obras mais facilmente reconhecíveis no imaginário popular, estando presente em livros didáticos, estampas de camisetas, imãs de geladeira, e até inspirando filmes, por que não?! É o caso desse interessante – adivinhem – American Gothic, slasher oitentista de John Hough, e que aqui no Brasil também atende pela alcunha de Os Anfitriões.

Enredo típico, um grupo de amigos resolve passar um fim de semana em um local afastado, até que o hidroavião em que viajam sofre uma pane e eles se veem presos em uma ilha quase deserta. Quase deserta, e essa é sua sorte (ou azar), porque ali vive uma família que parece ter saltado diretamente da pintura de Grant Wood (daí o título original do filme). O casal vive isolado com os três filhos (altamente peculiares), e consegue fazer com que o grupo de amigos passe a noite em sua casa, em “estilo gótico rural”, com a promessa de conserto do avião para o dia seguinte.

Essa noite se transforma em dias, quando os amigos finalmente se percebem presos numa teia de conservadorismo sádico orquestrada pela família, que, entre seus mais estranhos hábitos, está o de viver sem comunicação com o mundo fora da ilha, “conservando” o estilo e o comportamento de, pelo menos, 50 anos antes. A estratégia de matar e “conservar” os corpos de qualquer um que venha de fora e traga novos ares para sua bolha é só um dos pontos fora da curva dessa típica família tradicional americana.

Enquanto slasher, American Gothic se destaca entre os demais exemplos do período, especialmente pela crítica direta aos males do conservadorismo cristão em excesso. Bem típico desse subgênero, esse olhar crítico ao conservadorismo se perde na maioria das produções de tão subliminar, enquanto aqui o papo é direto e reto, sendo, na verdade, a essência da história. O “conservar”, aliás, é motor do enredo, que se desenrola a partir das perdas, tanto pelo lado da família quanto do lado dos jovens visitantes.

O elenco é um dos pontos altos do filme, e brilha em cena. Aqui destaco a presença de Rod Steiger e Yvonne de Carlo, interpretando os chefes da família psicopata, ambos artistas que brilharam na fase “dourada” de Hollywood. Para se ter uma ideia, Steiger esteve presente em clássicos como Dr. Jivago (1965) e No Calor da Noite (1967), títulos seminais da Hollywood clássica. Os fãs de terror vão lembrar dele como o padre de Terror em Amityville (1979). Já Yvonne, em atividade desde a década de 1940, também tem muitos papeis em filmes de horror, especialmente na fase “madura”.

O diretor John Hough também é figurinha conhecida por filmes como As Filhas de Drácula (1971), Mistério no Bosque (1980) e até um Grito de Horror, entre outros que já deram as caras aqui no Boca do Inferno.

Enfim, esse American Gothic é pra turma dos slashers. Não inventa a roda, mas é original, crítico, alegórico em certa medida, bem realizado, com um elenco distinto, e satisfaz o espectador, principalmente com aquela sensação de claustrofobia que só um cerco de gato e rato bem orquestrado consegue provocar.

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Pedro Emmanuel

Cearense, jornalista, quase geógrafo (ainda cursando), meio praieiro e ligeiramente antissocial. Minha viagem é aprender o máximo possível sobre a vida e sobre a morte, e assim ir assimilando alguns mistérios da existência. Vivo como se fosse um detetive, mas minha mente vagueia muito. Sou fã de Star Trek, Jefferson Airplane, e do Massacre da Serra Elétrica original.

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