Assombrosas (2023)

3.5
(8)

Assombrosas
Original:Fenómenas
Ano:2023•País:Espanha
Direção:Carlos Therón
Roteiro:Marta Buchaca e Fernando Navarro
Produção:José Luis Jiménez e Kiko Martínez
Elenco:Belén Rueda, Gracia Olayo, Toni Acosta, Emilio Gutiérrez, Miren Ibarguren, Ivan Massagué, Óscar Ortuño, Antonio Pagudo, Lorena López, Fran Cantos

Na Espanha dos anos 90, o Padre Pilón e as sensitivas Paz, Gloria e Sagrario formam o conhecido grupo Hepta, uma equipe que estuda fenômenos cujas explicações não são possíveis por meio da ciência. Mesmo a contragosto, as três mulheres se veem obrigadas a investigar uma série de eventos paranormais que acontecem em um antiquário no centro de Madri. No entanto, o que parecia apenas um simples caso, se revela uma aterrorizante ameaça que há séculos busca finalizar uma insana perseguição religiosa. E somente superando as incertezas, os conflitos internos e as diferenças que as separam, é que as famosas investigadoras terão, quem sabe, uma chance de sobreviver.

Escrito por Marta Buchaca e Fernando Navarro (co-roteirista de Verônica: Jogo Sobrenatural, 2017), Assombrosas (2023) é uma produção original da Netflix (logo, disponível em seu catálogo), supostamente baseada em fatos (dos quais, é claro, nunca ouvimos falar por aqui), dirigida por Carlos Therón (cineasta espanhol experiente em comédias) e estrelada por Belén Rueda (de O Orfanato, 2007, e Os Olhos de Júlia, 2010), Gracia Olayo (de Balada do Amor e do Ódio, 2010) e Toni Acosta (da série Mães A(r)madas, 2019). Aliás, já adiantando, o grande destaque do longa é o elenco, que conta ainda com a participação de Emilio Gutiérrez Caba (de A Comunidade, 2000), como o Padre Pilón. Mesmo com um roteiro que explora muito pouco sua camada mais dramática, o conjunto composto por atores experientes e carismáticos eleva substancialmente o valor da obra, mostrando-se um dos principais incentivos para o espectador se arriscar em Assombrosas.

Já em relação ao roteiro, talvez o maior equívoco seja a dúvida constante sobre qual direção seguir. Ao mesmo tempo em que afirma com ênfase que a trama é baseada em fatos, não hesita em introduzir o humor (ainda que comedido), sempre que possível; além de abandonar durante o terceiro e último ato o tom investigativo e realista inicial, abraçando um exagero quase hollywoodiano e muito pouco crível (para um acontecimento real).

Outro recurso usado que deve incomodar o espectador mais exigente é um diálogo explicativo que esclarece as motivações misteriosas do vilão, apresentado numa das últimas cenas exibidas; uma solução didática mais comum em produções americanas, mas sempre questionável em termos de qualidade narrativa, pois soa preguiçosa e pouco criativa.

A propósito, para aqueles céticos (como este que vos escreve) que duvidaram dos fatos que inspiraram o filme, logo após a cena citada no parágrafo anterior, a câmera deixa o interior do bar onde acontecia o diálogo para mostrar na calçada um trio de senhoras caminhando; são as sensitivas da vida real: Paz, Gloria e Sagrario.

Um acerto de Assombrosas é a ambientação nos anos 90, apresentando uma metrópole chuvosa, por vezes antiga e escura, que emula uma atmosfera ameaçadora e quase sobrenatural. Quanto aos efeitos especiais, são poucos, mas eficientes quando usados. E como o objetivo dos realizadores era um trabalho com um alcance mais amplo, sem as limitações das classificações indicativas ou censura, praticamente não há cenas com sangue, muito menos gore.

Apesar dos pontos que poderiam ser melhor desenvolvidos ou trabalhados, Assombrosas é uma produção simpática que funcionaria melhor como o piloto de uma série, ainda mais considerando a cena pós-créditos que insinua uma sequência.

Enfim, Assombrosas (2023) merece sua atenção? A resposta é sim, se você busca um entretenimento descompromissado, sem maiores expectativas. É um filme que diverte, seja pelo bom elenco, pela temática sempre interessante ou pela duração exata (apenas 94 minutos que encobrem parcialmente as irregularidades do roteiro e outras limitações técnicas). Contudo, como não inova no conteúdo ou mesmo na forma, é uma produção que não perdura, acaba sendo passageira e esquecível.

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João Pires Neto

João Pires Neto é apaixonado por livros, filmes e música, formado em Letras, especialista em Literatura pela PUC-SP, colaborador do site Boca do Inferno desde 2005, possui diversos contos e artigos publicados em livros e revistas especializadas no gênero fantástico. Dedica seu pouco tempo livre para continuar os estudos na área de literatura, artes e filosofia

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