Ele Vem à Noite (2020)

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Ele Vem à Noite
Original:Im Nachtlicht
Ano:2020•País:Alemanha
Direção:Misha Kreuz
Roteiro:Misha Kreuz
Produção:Anja Uhland
Elenco:Diana Maria Frank, Ralf Drexler, David Rott, Stefanie Philipps, Sebastian Hülk, Peter Eberst, Juri Senft

Depois de perder o apartamento onde residia e o emprego, Minthe Hellheim (Diana Maria Frank) se vê numa situação desesperadora, quase aceitando trabalhar em um ambiente de perdição. Ela tem pouco conhecimento sobre seu passado, tendo crescido em lares diversos, entre orfanatos e adoções sem significância. Com especialidade em engenharia, ela recebe a oferta do estranho Dr. Schwarz (Ralf Drexler) para restaurar um velho moinho, no Vale do Lobo, com dinheiro adiantado, ferramentas e até um veículo à disposição, permitindo também sua estadia no local. Além dela, reside ali a silenciosa Sra. Goost (Stefanie Filipe), que possui um segredo voraz escondido nos subterrâneos do engenho, uma criatura alimentada com visitantes e que tem relação com o passado obscuro do vilarejo próximo.

Parece bom, ainda mais quando se sabe que se trata de uma produção alemã de terror, que abraça a licantropia. Um local ermo, envolto em uma mata densa, uma moça perdida, tendo que confrontar um mundo machista, composto por homens de interesse, com a metáfora da Chapeuzinho Vermelho. Mas não é bem assim. Embora a mensagem seja compreensível e tenha a boa direção de Misha Cruz, e o rosto conhecido de Sebastian Hülk (da série Dark) como o detetive Rick Karon, que sofre nas mãos de seu chefe preconceituoso, a realização de Ele Vem à Noite beira o amadorismo. Perde-se muito tempo na confecção de seus personagens, como Eva (Ruby O. Fee), munida de uma besta, e diálogos que não levam a lugar algum, do que numa atmosfera aterrorizante que a proposta pede.

E a tal criatura, escondida nas sombras durante mais de 90 minutos e que deveria ser a atração principal, é de uma maquiagem sofrível, evidenciando os baixos recursos e a nula criatividade. Também pesa negativamente a falta de expressividade da protagonista: Diana Maria Franco é bem inexpressiva, olhando para as pessoas como se não entendesse o que está acontecendo, sem, por exemplo, passar qualquer credibilidade sobre sua eficiência na função para a qual foi contratada. É bem distante do papel de uma heroína ou uma jovem amargurada e que tem interesse em saber mais sobre suas origens.

Disponível na Amazon Prime para quem não tem nada melhor para assistir, Ele Vem à Noite é mais um filme ruim de lobisomem. Talvez tenha como diferencial a fala alemã, pois o enredo não traz nada de novo ou interessante para justificar sua apreciação.

Em tempo, não confunda com o ótimo It Comes at Night, lançado por aqui como Ao Cair da Noite (2017), uma produção muito melhor e atmosférica.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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