O Mal do Século (2016)

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O Mal do Século
Original:O Mal do Século
Ano:2016•País:Brasil
Autor:Junior Berts•Editora: Independente

Bruxas, magos, fantasmas, possessões e piratas, além de diversas referências e citações a figuras importantes do horror gótico, são alguns dos elementos – embora populares na maioria das histórias de horror – que também foram usados pelo autor Junior Berts na construção de seu romance gótico O Mal do Século.

A história começa com a narração do protagonista Vincent Blessington, um excêntrico e recluso idoso que mora sozinho em seu palácio nas colinas de Yorkshire. Vincent tem a companhia de Sarah, uma jovem desiludida com a própria vida que tentou cometer suicídio nas terras que são propriedade de nosso narrador, mas acabou sendo salva pelo mesmo. Sarah, curiosa com relação ao seu salvador, faz perguntas sobre sua vida e, principalmente, sobre as duas lápides presentes no terreno do palácio, querendo saber se são de familiares ou pessoas queridas por Vincent já falecidas.

Para responder essa questão, Vincent faz uma recapitulação de sua vida, partindo do ano 1832 quando, sendo filho do poderoso dono de bancos Lorde Blessington, é visto como um vagabundo desvairado. Sempre na companhia de poetas ébrios e de seu problemático amigo Deyvi Thomas, dirigindo peças de teatro e frequentando todos os prostíbulos da cidade ao invés de usufruir da vida na alta sociedade. Um dia, tudo muda drasticamente quando, durante uma de suas empreitadas esborniantes, recebe das mãos de uma mensageira desconhecida uma carta contendo apenas uma frase: “Sua lembrança mais antiga o salvará”. Sendo exilado no palácio da família em Yorkshire por seu pai, Vicent é amaldiçoado por uma macabra mulher, e precisa embarcar em uma aventura rumo ao desconhecido para descobrir o motivo de tal maldição e o que significa aquela misteriosa carta.

Berts cria uma narrativa de aventura onde os contextos históricos são muito bem inseridos, enriquecendo o texto e ajudando na fluidez da leitura. A todo momento algo está acontecendo e nada é citado levianamente. Eventos importantes, citações a figuras famosas, como por exemplo Goethe, Byron e Crowley, são alguns elementos que trazem ao leitor uma sensação de familiaridade e imersão com a época que se passa a história. Os personagens são bem trabalhados, e até mesmo alguns personagens secundários têm, inicialmente, mais nuances do que o personagem principal, que é um tanto linear em sua forma de pensar e agir.

Logo de início, alguns acontecimentos parecem seguir um caminho óbvio, algo até admitido pela voz de Sarah, com seu ponto de vista de ouvinte. Porém, algumas dessas obviedades na trama e a constância de Vincent são feitas de forma proposital, sendo um contraponto com as várias reviravoltas que acontecem na reta final da história. Nota-se um certo cuidado para não repetir elementos de horror presentes; em um momento temos o terror sobrenatural, com direito a entidades e forças das trevas agindo diretamente, outras vezes a obra trabalha com o horror psicológico, mostrando Vincent sendo levado a seu limite mental pelas situações vividas. Junto a tudo isso, ainda existem conflitos com uma considerável dose de violência.

Com a revolução industrial chegando ao seu ápice, Berts consegue abordar temas políticos e sociais relevantes junto ao sobrenatural e misticismo, tudo envolto em uma ambientação sombria, de uma forma natural, com muita criatividade e destreza em sua escrita. Nada parece fora do lugar ou causa estranheza.

O Mal do Século é uma trama que, inicialmente, parece ser uma clássica história com muitos elementos conhecidos pelos fãs de horror, mas se mostra uma leitura divertida cheia de aventuras com referências históricas e elementos indispensáveis em romances góticos.

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Louise Minski

Um experimento de Schrödinger entediado.

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