Vozes do Além (2005)

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Vozes do Além
Original:White Noise
Ano:2005•País:UK, EUA, Canadá
Direção:Geoffrey Sax
Roteiro:Niall Johnson
Produção:Paul Brooks, Shawn Williamson
Elenco:Michael Keaton, Deborah Kara Unger, Ian McNeice, Chandra West, Sarah Strange, Nicholas Elia, Mike Dopud, Marsha Regis

Michael Keaton era o rosto do bom moço quando fez Vozes do Além (White Noise, 2005). Embora tenha feito o sarcástico e divertido Beetlejuice, de Os Fantasmas se Divertem (1988), era bastante lembrado por ser o rosto do Batman, de Tim Burton, pelas comédias água com açúcar (Eu, Minha Mulher e Minhas Cópias, Ela Vai ter um Bebê), pelos dramas lacrimosos (Minha Vida, Uma Noite Mágica) e pelos filmes de ação (Medidas Desesperadas, Jackie Brown). Com uma carreira sólida, sem nunca realmente enfrentar um declínio profissional, o terror sobrenatural de Geoffrey Sax veio como uma proposta inusitada dentro de sua filmografia, ainda que traga flertes com seus outros papéis.

Keaton interpreta o arquiteto e apaixonado Jonathan Rivers, em um momento de felicidade ao descobrir que sua esposa e escritora de sucesso, Anna Rivers (Chandra West, de Amizade Maldita, 2019), está grávida. A alegria dura pouco naquele mesmo dia, em que ele pretendia comemorar com lírios, champanhe, chocolates belgas e um jantar especial. Sem retornar para casa, o carro de Anna é encontrado abandonado numa costa, e as buscas duram mais de cinco semanas sem vestígios de seu corpo. Apreensivo por uma resposta, ele percebe que está sendo seguido por um estranho, alguém que afirma que Anna está morta e anda recebendo contatos dela “do outro lado“.

Pouco depois, Jonathan recebe a notícia de que o corpo fora encontrado, com feridas e um braço quebrado. Seis meses depois, em um novo endereço, com alguns momentos ao lado do filho Mike (Nicholas Elia), de outro casamento, ele recebe uma ligação do celular de Anna, o primeiro contato com sua falecida esposa. No mesmo dia, ele ainda ouve a voz dela chamando-o pelo nome numa gravação pela secretária eletrônica, motivo mais do que suficiente para ele ir atrás do tal sujeito, Raymond Price (Ian McNeice), que, depois que perdeu o filho, procurou uma forma de entrar em contato com ele, encontrando as respostas através do EVP (Electronic Voice Phenomenon), através de gravadores e captação de imagens de “ruído branco” (do título original “White Noise“) em televisores.

Através do procedimento, Raymond conseguiu registros do próprio filho e de Anna, além do noivo falecido de Sarah Tate (Deborah Kara Unger, de Terror em Silent Hill, 2006), presente no local. Entre mensagens que se definem como vozes e sombras perdidas, há também três elementos agressivos que deixam registrados insultos, chamando-o de “porco“, “bastardo” e “cru“. Com a morte repentina de Raymond, os contatos deixam Jonathan obcecado para tentar entender o que Anna quer lhe contar, enquanto algumas aparições e orientações conduzem a lugares onde tragédias estão em vias de acontecer. A médium cega Mirabelle (Keegan Connor Tracy, de Premonição 2) traz mais pistas, incluindo uma menção à Rua Willow, local em que um acidente de carro permitirá que ele salve uma criança. Unindo-se a Sarah, Jonathan percebe que entidades maléficas querem impedi-lo de encontrar as respostas que procura sobre Anna e também a respeito de uma mulher desaparecida na região.

Há alguns bons sustos em Vozes do Além, quando, em momentos de silêncio, sons agressivos e uma imagem repentina surgem de repente. O ritmo do roteiro de Niall Johnson é lento, apresentando aos poucos os elementos que trarão algumas doses leves de arrepios. E o próprio EVP, assim como os “ruídos brancos“, são pouco explorados, distante de algo mais profundo e aterrorizante. Quem viu o excelente A Troca (The Changeling, 1980) deve lembrar dos calafrios propostos pela gravação acidental do músico, com os lamurios de uma criança. Se explorasse mais o “outro lado“, sem copiar ideias de O Sexto Sentido (The Sixth Sense, 1999) e Ecos do Além (Stir of Echoes, 1999), com o protagonista como salvador de outros incidentes, Vozes do Além poderia ter um resultado melhor e com mais personalidade.

Revisto quase 20 anos de seu lançamento, o longa se mostra apenas razoável e pouco assustador. O bom moço Michael Keaton é o grande destaque do filme, sabendo lidar bem com o drama de seu personagem sem tornar o filme um melodrama sobrenatural. Depois o ator continuaria se destacando em sua carreira, mas assumindo vilões de quadrinhos até resgatar um de seus personagens mais conhecidos, a assombração Beetlejuice!

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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