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Encarnação do Demônio
Original:Encarnação do Demônio
Ano:2008•País:Brasil
Direção:José Mojica Marins
Roteiro:José Mojica Marins, Dennison Ramalho
Produção:Caio Gullane, Fabiano Gullane, Débora Ivanov, Paulo Sacramento
Elenco:José Mojica Marins, Jece Valadão, Adriano Stuart, Milhem Cortaz, Rui Resende, José Celso Martinez Corrêa, Cristina Aché, Helena Ignez, Débora Muniz, Thaís Simi, Cleo de Paris, Nara Sakarê

Posso afirmar categoricamente que o terceiro episódio da saga do sádico coveiro Zé do Caixão é a melhor produção nacional dos últimos 20 ou 30 anos. Uma obra de hipnótico impacto visual, com uma Direção de Fotografia espetacular de José Roberto Eliezer. Os talentos que auxiliaram nosso querido Mojica foram muitos. Começando com o roteirista Dennison Ramalho, que dirigiu o clássico curta metragem Amor Só de Mãe e Ninjas. Além do talentoso Dennison, a montagem ficou a cargo de Paulo Sacramento, o melhor em atividade no Brasil. Os efeitos especiais assustadores foram feitos por André Kapel responsável por cenas extremas de auto-canibalismo, numa sutil citação ao clássico da boca do lixo, O Pasteleiro, episódio do longa Aqui Tarados, de David Cardoso. Duas cenas porém se sobresaem em sua mescla de grotesco e sublime: aquela da mulher saindo da carcaça de um porco e a polêmica sequência do barril de baratas vivas. Sequências raras, que remetem ao mais surreal dos pesadelos.

A presença no elenco do genial Jece Valadão é sensacional! O momento em que ele dá uma surra na ex-mulher é muito absurda e remete a todas as performances clássicas do ator quando interpretava o machão cafajeste, papel que marcou sua carreira e construiu o seu mito. A busca de Zé do Caixão pela mulher superior que irá gerar seu filho ganha em Encarnação do Demônio extremos raramente vistos em nosso cinema. O filme já é um clássico instantâneo do cinema extremo, com sofisticadas referências de toda uma filmografia de gênero que os fãs mais ardorosos vão reconhecer com certeza.

Encarnação do Demônio (2008) (3)

As sequências da macumba, da chuva de sangue sobre os amantes – que remete a Coração Satânico – e a descida ao Inferno são outros grandes momentos do filme. Mesmo assim, o personagem Zé do Caixão está presente de maneira plena, o filme tem seu espírito, sua força, Mojica não foi domesticado pela produção grande que envolveu esse filme: está ainda mais sádico, ainda mais forte, com muito mais personalidade.

As sequências dos corpos suspensos por ganchos são de grande impacto. A montagem correta de Sacramento e o roteiro muito bem solucionado ajudam a criar no espectador uma sensação única ao ver Encarnação do Demônio em uma tela de cinema. O filme é um deleite para os sentidos, para paladares sofisticados que adoram grandes filmes de horror. Comparando com a conclusão da Trilogia das Mães, de Dario Argento, afirmo mais uma vez categoricamente que Mojica foi mais bem sucedido que o italiano. A Lenda continua e Mojica merece com certeza nossos aplausos.

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2 Comentários

  1. Mojica melhor do que Argento? Isso dá uma discussão dos demônios.

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