Quadrilha de Sádicos 2 (1984)

3.4
(7)

“PARTES 2” QUE NÃO DEVERIAM EXISTIR

Dizem os produtores de Hollywood que, se um filme faz sucesso, a continuação é inevitável, mesmo que não existem ideias boas para continuar (o que vale é faturar na bilheteria). Algumas raríssimas sequências conseguem ser superiores ao original, e outras até se mantêm numa média aceitável, já que normalmente o nível cai mesmo a partir da Parte 3 em diante. Porém, há também aqueles casos em que a nefasta Parte 2 é tão ruim, tão dispensável, tão imbecil, que não faria a menor falta caso simplesmente não tivesse sido feita. Quadrilha de Sádicos 2 é uma delas, mas há milhares de exemplos. Para não estender muito, segue uma seleção de oito casos lendários de “Partes 2” que não deveriam ter sido feitas, e que apenas envergonham aqueles filmes originais que supostamente “continuam“.

O EXORCISTA 2: O HEREGE (The Exorcist 2: The Heretic, 1977, EUA)
Direção: John Boorman
A sequência de um dos maiores e mais famosos clássicos do horror foi um festival de problemas: o diretor Boorman contraiu uma infecção respiratória rara e gravíssima, obrigando os produtores a cancelarem as filmagens por várias semanas. Depois de voltar ao trabalho, talvez sentindo a bomba que tinha em mãos, Boorman quis pular fora, mas foi obrigado a concluir o filme para não ser processado pelos produtores. E assim o fez, de má vontade, brigando com os atores e tendo de conviver com as crises de alcoolismo de Richard Burton e Linda Blair (que fizeram a maior parte das cenas de porre!). Na noite da estreia, o público se dividiu: uns riam, outros jogavam coisas na tela. Isso obrigou o estúdio (Warner, que torrou muita grana na película) a retirarem a produção de cartaz não uma, mas duas vezes para refilmagens, cortes e novas edições. Ficou do jeito que ficou: uma bomba catastrófica, enigmática, confusa, sem objetivo, onde pouco ou nada se salva. Com o perdão do trocadilho, um filme ruim como o diabo gosta!

O Exorcista 2 (1977)
Nem o Demônio merecia isso…

O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA 2 (The Texas Chainsaw Massacre Part 2, 1986, EUA)
Direção: Tobe Hooper
Depois de bater a cabeça e perder 80% da capacidade de raciocínio e coordenação, o diretor Tobe Hooper pegou os personagens que criou no clássico O Massacre da Serra Elétrica, de 1974, e os jogou numa comédia de humor negro repleta de efeitos sangrentos de Tom Savini (ironicamente, quase todos foram cortados na edição final), baboseiras, personagens medíocres e um Dennis Hooper pra lá de alucinado no papel de um texas ranger vingador usando motosserras ao invés de pistolas! É inegável que filme até tem certo charme, no seu clima de loucura e delírio… Mas a gritaria, a falta de propósito, o excesso de caricatura e o exagero geral fazem dele sério candidato a maior decepção da história do horror moderno – ainda mais para quem é apaixonado justamente pelo clima sério e “documental” do primeiro.

O Massacre da Serra Elétrica 2 (1986)
Mantendo a família sempre unida!

A VOLTA DOS MORTOS-VIVOS 2 (Return of the Living Dead Parte 2, 1988, EUA)
Direção: Ken Wiederhorn
Outra sequência frustrante: enquanto o original é uma mistura perfeita de comédia e horror, esta sequência, que mais parece refilmagem (pois nem ao menos respeita os acontecimentos do final da primeira parte), é apenas uma comédia sem graça, com personagens imbecis e pouquíssima violência. Pior: além de acrescentar moleques pentelhos à trama, para garantir um tom mais infanto-juvenil, o filme chega ao cúmulo de resgatar dois atores do original (Thom Mathews e James Karen), em papéis diferentes, e repetindo alguns dos mesmos diálogos do original (!!!). Nem parece que o diretor Wiederhorn já tinha feito um filme de zumbis bonzinho nos anos 70, o esquecido Shock Waves.

A Volta dos Mortos-Vivos 2 (1988)

CUBO 2: HIPERCUBO (Cube 2: Hypercube, 2002, EUA)
Direção: Andrzej Sekula
Um grande exemplo de como uma excelente ideia desenvolvida no cinema independente pode se transformar em um blockbuster “sem alma” quando o dinheiro fala mais alto. Enquanto o original era um estudo do comportamento humano (e coisas como “efeitos especiais” não importavam), este segundo capítulo prefere avacalhar, apelando para personagens ridículos, que caminham pelo novo cubo sem nem ao menos demonstrar preocupação; diálogos ridículos; efeitos especiais feitos por computador, e uma historinha das mais chinfrins, que tenta explicar – sem conseguir – a origem do cubo, um dos mistérios deixados no ar ao final do primeiro filme. Só que não precisava explicar nada; e, ao deixar mais dúvidas do que respostas ao final, Cubo 2 parece um episódio ruim de Arquivo X. E sem a Scully para enfeitar a tela.

Cubo 2 (2002)

HENRY: PORTRAIT OF A SERIAL KILLER 2 – MASK OF SANITY (idem, 1998, EUA)
Direção: Chuck Parello
Pergunta: por que dar sequência a um dos melhores filmes sobre serial killers da história do cinema? Outra pergunta: será que os produtores realmente achavam que tinham algo a acrescentar ao original dirigido por John McNaughton? Sem qualquer participação dos envolvidos no primeiro (que é de 1986), esta sequência ridícula, feita 12 anos depois (!!!), dá mais destaque para a violência gráfica dos crimes do serial killer Henry Lee Lucas (um personagem verídico). A interpretação soberba de Michael Rooker no original é trocada pela apatia de Neil Giuntoli (quem?), que transforma Henry em um psicopata como outro qualquer. Inédito no Brasil – e espera-se que permaneça assim…

Henry 2 (1998)

O CEMITÉRIO MALDITO 2 (Pet Sematary 2, 1992, EUA)
Direção: Mary Lambert
Se o primeiro filme (uma das melhores adaptações de obra de Stephen King, com roteiro do próprio) tinha ido bem nas críticas e bilheterias, por que não continuar? Porque não, ora bolas! Esta sequência totalmente desnecessária não tem nada a ver com a obra de King (além de meia dúzia de referências verbais aos personagens do original), e ainda abusa da violência e da escatologia ao invés de tentar optar por um clima de medo e tensão. Infelizmente para os produtores, a visão de coelhos com a pele arrancada, cachorros baleados, pessoas atacadas com furadeira e outras barbaridades não influencia em nada: o primeiro é muito melhor, e o segundo é completamente descartável. Como Mary Lambert também dirigiu o original, aí está a prova de que o diferencial do primeiro foi o roteiro de King, e não a direção…

Cemitério Maldito 2 (1992)

OS PÁSSAROS 2: O ATAQUE FINAL (The Birds 2: Land’s End, 1994, EUA)
Direção: Alan Smithee (Rick Rosenthal)
Tudo bem que é uma produção barata feita para a TV, mas isso não justifica a cagada: como é que alguém em sã consciência tenta “continuar” uma das maiores obras-primas do cinema de horror? Ainda mais quando o original, de Alfred Hitchcock, já tinha um final aberto fabuloso? Pior: a sequência é lançada quase 30 anos depois do original!!! Deu no que deu: com vergonha de si mesmo, o diretor Rick Rosenthal (que já fez algumas outras bombas, incluindo Halloween Ressurreição) preferiu tirar seu nome dos créditos, assinando com o pseudônimo “Alan Smithee“. Todo mundo que apareceu em cena queimou o filme, inclusive o candidato a galã Brad Johnson – que tinha trabalhado com Steven Spielberg em Além da Eternidade e afundou sua carreira com o mico! Coitadinha da Tippi Hedren, estrela do original, que topou fazer uma ponta nesta seqüência já velha e acabada – e, aparentemente, também caduca, para aceitar tal queimação!

Os Pássaros 2 (1992)

C.H.U.D. 2 (C.H.U.D. 2 – Bud, The Chud, 1989, EUA)
Direção: David Irving
O primeiro filme – que no Brasil se chama C.H.U.D.: A Cidade das Sombras – é um interessante e obscuro horror classe B sobre mendigos transformados em humanoides canibais. Fez certo sucesso nos EUA, o que justificou esta sequência sem qualquer relação – e sem pé nem cabeça, também. O que parece é que o diretor David Irving simplesmente pegou um roteiro qualquer e botou o nome C.H.U.D. 2 apenas para chamar a atenção de quem tinha visto o original. Nada de mendigos humanoides canibais aqui, apenas um soldado-zumbi, fruto de um projeto secreto do governo, que escapa do laboratório e se envolve em várias encrencas. Quem espera canibalismo ou horror vai quebrar a cara, pois se trata de palhaçada geral, num “terrir” com bons atores (Robert Vaughn, Gerrit Graham) pagando mico à toa. Não foi lançado no Brasil, mas passa direito na TV por assinatura (só não perca seu tempo assistindo!).

Chud 2 (1989)

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Felipe M. Guerra

Jornalista por profissão e Cineasta por paixão. Diretor da saga "Entrei em Pânico...", entre muitos outros. Escreve para o Blog Filmes para Doidos!

7 thoughts on “Quadrilha de Sádicos 2 (1984)

  • 24/07/2019 em 11:48
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    DIZEM QUE “PLANO 9 DO ESPAÇO SIDERAL”, DO ED WOOD, É O PIOR FILME DE TODOS OS TEMPOS… EU DISCORDO, ASSISTI RECENTEMENTE “QUADRILHA DE SÁDICOS 2” E DIGO QUE, ESTE, CONSEGUE SER PIOR QUE O PRIMEIRO FILME MENCIONADO. É MUUUUITO RUIM he he

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  • 02/04/2014 em 12:38
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    Poxa vida rsrs, achei ótimo o primeiro filme, estava ansioso para ver a segunda parte, mas agora com essa critica….perdi a vontade hehehe quem sabe darei uma conferida pra ver se a continuação é tão péssima assim.

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  • 01/04/2014 em 19:16
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    eu gostei desse filme, e do pastor alemão principalmente!!!

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  • 11/03/2014 em 23:09
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    Depois dessa nem preciso ver o filme.

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    • 12/03/2014 em 16:11
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      Me lembro que quando assisti nao achei tao ruim nao haha mas claro nem chega perto do primeiro filme, um detalhe é que vi ele em VHS.

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      • 26/03/2023 em 05:31
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        Nossa a crítica do cara e muito estensa artigo de jornal isso que o filme e ruim se fosse bom ele ia escrever um livro

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