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Círculo Vicioso
Original:Vicious Fun
Ano:2020•País:Canadá
Direção:Cody Calahan
Roteiro:Cody Calahan, James Villeneuv
Produção:Chad Archibald, Cody Calahan
Elenco:Evan Marsh, Amber Goldfarb, Ari Millen, Julian Richings, Robert Maillet, Sean Baek, David Koechner, Alexa Rose Steele, Mark Gibson

As exageradas caras e bocas dos dois principais atores de Vicious Fun, Evan Marsh e Ari Millen, impediram a minha empatia por seus personagens. É claro que isso não deve ser o principal parâmetro de análise de uma obra, porém, quando você se irrita com dadas atuações caricaturais, é difícil que a apreciação se torne absoluta. E devido à força de cada um deles dentro do enredo e a intenção constante de tentar nos mostrar que estão fazendo uma comédia de horror, não consegui encontrar motivos para me empolgar com suas ações, o que me traz um certo estranhamento pela quantidade de avaliações positivas que há por aí, assim como as boas notas alcançadas no IMDB.

E a proposta até que era interessante: ambientado na década de 80 – a trilha de Steph Copeland é absurdamente condizente com a época e pode ser considerada o principal mérito da produção -, a trama apresenta o crítico de HQs de terror Joel (Marsh), que em sua primeira aparição traz sua ideia de um bom filme de assassino em série para um produtor envolvendo um motorista de táxi: sem vínculo com seus passageiros, ele poderia muito bem atuar sem atrair a atenção, ignorando o insano Travis Bickle (Robert De Niro), de Taxi Driver, que, embora não seja um serial killer, deveria ser a referência de um personagem para quem se diz fã do gênero. A insistência nessa piada incomoda simplesmente por não agregar nada ao enredo de James Villeneuve e Cody Calahan, este que compõe a produtora canadense Black Fawn Films ao lado de Chad Archibald, responsável pelos filmes da franquia Antisocial.

Interessado em sua companheira de moradia, Sarah (Alexa Rose Steele), ele resolver seguir um de seus pretendentes, Bob (o já mencionado péssimo Millen), para flagrá-lo em um outro relacionamento, porém, ao beber demais, perde a consciência e se vê preso em um encontro de serial killers, uma espécie de Alcóolicos Anônimos, cujos membros se reúnem para expor seu modus operandi, falar de suas vítimas, dar conselhos e apoio psicológico um ao outro, numa interessante reflexão de seus atos. Joel é confundido com o psicopata Phil (Joe Bostick), que, no prólogo, fora assassinado por Carrie (Amber Goldfarb), que também está em busca dos 12 Passos dos viciados por cometer assassinatos. Além de Carrie e Bob, o grupo tem o assassino Hideo (Sean Baek), o palhaço Fritz (Julian Richings em uma boa atuação), o gigantesco Mike (Robert Maillet) e o que comanda o encontro, Zachary (David Koechner).

Quando a máscara de Joel é derrubada, ele vira um alvo dos assassinos em série, tendo apenas o apoio de Carrie, que também tem suas próprias razões para se esconder no grupo. O rapaz terá que resistir às investidas mortais e ainda proteger Sarah, que passa a ser uma vítima em potencial de Bob. Os confrontos envolverão a fraca polícia local, e serão ambientados na delegacia (uma referência a Assalto a 13 DP, talvez) e no hospital, e Joel precisará agir com inteligência, se quiser sobreviver a essa noite maldita.

Uma leitura na sinopse e conferida no trailer, e você ter a impressão que se trata de um filme de sobrevivência, com um personagem lutando contra monstros. Não é o estilo de Cody Calahan. Ele trabalha bastante o diálogo – o próprio grupo de autoajuda ocupa quase vinte minutos do filme -, situações em que os personagens precisam argumentar ao invés de simplesmente reagir. Isso pode não ser um problema, diante de exemplares interessantes por aí (Jim Cummings faz filmes assim e são ótimos), mas pode confundir pela proposta. Contudo, nada pode irritar mais do que as expressões frenéticas de Millen, se passando por um assassino cruel ou até um detetive, dançando ao ritmo de uma jukebox; enquanto Marsh arregala os olhos, escancara a boca, para depois retornar ao seu estado de herói de ocasião, sempre passando a impressão que tudo é mais uma aventura de sua HQ preferida.

Ignorando a profissão do rapaz e que poderia render boas referências ao terror dos quadrinhos, das revistas Fangoria até as da EC Comics, Vicious Fun melhora um pouco em seu ato final, deixando uma leve impressão de que você vira algo bom ali. É uma impressão rapidamente apagada quando volta a refletir sobre o caminho que percorrera, como uma conversa cotidiana com um taxista, sem vínculo algum e facilmente esquecida.

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