4.7
(18)

O Mestre dos Desejos
Original:Wishmaster
Ano:1997•País:EUA
Direção:Robert Kurtzman
Roteiro:Peter Atkins
Produção:Pierre David, Clark Peterson, Noël A. Zanitsch
Elenco:Tammy Lauren, Andrew Divoff, Angus Scrimm, Ari Barak, Jake McKinnon, Greg Funk, Richard Assad, Robert Englund, Ted Raimi, Dan Hicks, Joseph Pilato, Tom Kendall, John Byner, Wendy Benson-Landes, Chris Lemmon, Tony Crane, Ashley Power Garner, Verne Troyer, Walter Phelan, Ricco Ross, George 'Buck' Flower, Reggie Bannister, Peter Liapis, Kane Hodder, Tony Todd, Tom Savini, Robert Kurtzman

“Certa vez, em um tempo antes do tempo, Deus soprou vida no universo. E a luz deu à luz os Anjos. E a terra deu à luz o Homem. E o fogo deu origem aos Djinn, criaturas condenadas a habitar no vazio entre os mundos. Aquele que acorda um Djinn receberá três desejos. Após a concessão do terceiro, as legiões profanas dos Djinn serão liberadas para governar a terra. Tema uma coisa em tudo que existe… TEMA O DJINN.”
(narração de Angus Scrimm)

Na segunda metade da década de 90, dentre os grandes diretores associados ao terror, o cineasta Wes Craven era o mais bem sucedido. Havia dirigido Pânico, em 1996, e sua continuação no ano seguinte, com boas bilheterias, e teve o nome como produtor relacionado a outras produções do gênero como Parque Macabro e Não Olhe para Baixo, ambos de 1998, e ainda assinaria Drácula 2000, no mesmo ano de lançamento de Pânico 3. O Mestre dos Desejos também está entre os filmes que tiveram seu incentivo financeiro, e que seria o pontapé inicial de uma franquia com quatro filmes. Ter Craven como produtor executivo foi apenas um dos chamarizes do longa de Robert Kurtzman. Havia muito mais terror envolvido.

Um deles está na própria direção. Kurtzman se tornou um reconhecido realizador de efeitos especiais e maquiagem, com mais de 100 trabalhos, muitos relacionados ao horror. Só para relacionar alguns, ele cuidou dos ótimos tratamentos dados à franquia Um Drink no Inferno, fez ainda os alienígenas de Prova Final, Os Vampiros e Fantasmas de John Carpenter, as assombrações das refilmagens de 13 Fantasmas e A Casa da Colina, Cabana do Inferno, além de trabalhar na arte de O Ataque dos Vermes Malditos, fazer os efeitos de Predador, Do Além, Abismo do Terror, A Casa do Espanto III… Ainda na ativa, seus trabalhos recentes envolvem a série A Maldição da Residência Hill, Doutor Sono e Rua do Medo 2. Como diretor, há apenas cinco créditos, além de O Mestre dos Desejos: A Demolidora (1995), The Rage (2007), Buried Alive (2007) e o thriller Impacto Mortal, de 2010.

Os créditos reconhecidos de O Mestre dos Desejos vão além da direção e produção. No elenco, há a narração inicial de Angus Scrimm (da franquia Fantasma), pontinhas de Reggie Bannister (também de Fantasma), Ted Raimi (irmão de Sam Raimi e esteve em A Morte do Demônio, entre outros), o maquiador Tom Savini, Kane Hodder (um dos Jason Voorhees preferidos dos fãs de Sexta-Feira 13), Tony Todd (o Candyman), Rico Ross (de Aliens, o Resgate), Joseph Pilato (de Dia dos Mortos), a participação de Robert “Krueger” Englund e o antagonismo de Andrew Divoff (de A Criatura do Cemitério, Faust – O Pesadelo Eterno). Além de todos esses nomes, o roteiro de Peter Atkins, também envolvido com a série de filmes Hellraiser, utilizou sobrenomes de autores de terror nos personagens (Beaumont, Finney…) e ainda homenageou O Exorcista com a presença da estátua do demônio Pazuzu.

Com tantas homenagens e referências, não é difícil se divertir com O Mestre dos Desejos. Custou U$5 milhões de dólares e conquistou nas bilheterias mais de U$15, chegando a ocupar a terceira posição no fim de semana de estreia. As críticas na época não foram assim tão favoráveis, tanto que o filme alcançou a média 3.97/10 no Rotten Tomatoes, com opiniões que destacavam negativamente as atuações e efeitos. Não vejo dessa forma, mesmo em uma avaliação recente. Boa parte dos efeitos especiais são práticos ou de maquiagens, e o filme ainda promove duas “orgias” sangrentas, no prólogo e na sequência final, com direito a um massacre sangrento, corpos destroçados, mutilados e derretidos, cadáveres ambulantes e sangue em profusão. Não é uma obra-prima do horror, mas você não poderia desejar algo melhor de um orçamento quase irrisório.

O longa começa na Pérsia em 1127, logo após o imperador fazer seu segundo desejo ao Djinn (Divoff), pedindo para visualizar maravilhas. Quando o inferno toma conta do lugar, em um espetáculo de dor e sofrimento, a entidade sugere que ele faça o terceiro pedido, corrigindo o anterior. Contudo, o feiticeiro Zoroastro (Ari Barak), de posse uma opala de fogo, recita algumas palavras especiais e a criatura é aprisionada no interior da pedra. Nos dias atuais, o colecionador Raymond Beaumont (Englund) e seu assistente Ed Finley (Raimi) aguardam o descarregamento de um navio com uma enorme caixa contendo uma estátua de Ahura Mazda. Com um descuido do operador de guindaste (Pilato), a caixa cai sobre Ed, matando-o e liberando a pedra. No local, um estivador nota a opala e a recolhe para depois penhorá-la.

Quando a pedra chega ao local de trabalho de Alexandra Amberson (Tammy Lauren), seu chefe (Chris Lemmon) pede que ela a examine para saber se é valiosa. Alex liberta o Djinn, antes de deixá-la com seu amigo de infância, Josh Aickman (Tony Crane), para uma análise aprofundada, o que ocasiona uma explosão no laboratório e o pedido do rapaz para não sentir mais dor. Pouco depois, no necrotério, a criatura irá roubar a face de Josh, embora não tenha o mesmo rosto de Andrew Divoff, e passará a buscar Alex para que ela realize três desejos e permita que a raça dos Djinns possa andar sobre a terra. Esperta, a garota irá pesquisar a origem da gema, da estátua Ahura Mazda e conversará com Raymond, que mostrará sua coleção, incluindo a ilustre estátua do demônio Pazuzu, e lhe dará mais detalhes sobre a origem da entidade.

Enquanto caminha com a falsa identidade de Nathaniel Demerest, o Djinn tentará descobrir um meio de encontrar Alexandra, realizando desejos, sempre com fins trágicos, pelo caminho. Atenderá o mendigo (George ‘Buck’ Flower, também foi um sem teto em De Volta para o Futuro), numa vingança pessoal contra um farmacêutico (Bannister), que será rapidamente consumido por um câncer, além de transformar uma vendedora em um manequim, fundir um segurança (Hodder) com vitrais e colocar o porteiro (Todd) em uma tina d´água. Cada desejo com a carranca de vilania irônica de Andrew Divoff, e o acento de sua voz distorcida. Apesar de manter o estereótipo de vilão, comum no gênero, Divoff entregou o Djinn definitivo, assim como Freddy Krueger não podia ser interpretado por outro além de Robert Englund.

É claro que o longa não esconde suas falhas técnicas e furos no roteiro. Pode-se lembrar de uma regra determinada pelo próprio Djinn sobre não poder conceder mais de um pedido a uma pessoa, além daquela que o despertou. O problema é que o vilão concede dois desejos a dois personagens, atendendo ao segurança (pede para ele ir embora e depois para atravessá-lo) e ao chefe de Alex, tornando uma pedra valiosa e se tornar milionário. E a sequência da festa de Raymond no final chega a ser engraçada pela correria dos coadjuvantes ao invés do impacto que pretendia promover. Traz uns bons momentos no combate com as estátuas, incluindo Pazuzu, e no quadro em chamas, perturbando a protagonista.

Com o relativo sucesso do filme, mais três continuações indiretas seriam produzidas, com mudanças significativas no enredo e na qualidade. Não foram o suficiente para estabelecer o Djinn como um dos monstros contemporâneos, mas seu longa de origem ainda diverte mesmo décadas depois de seu lançamento. Merecia um reconhecimento tardio por tudo o que representa.

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4 Comentários

  1. Adoro este filme! Marcou pra mim, que adoro filmes de monstros e era algo raro na cinza década de 90, marcada por slashers e horror psicológico. Este inclusive, mais parece um filme dos anos 80, onde a criatividade não tinha limites, só os orçamentos kkkkkk. Vale a pena ser revisto e descoberto por novas gerações. Só uma dica: tem continuações, mas, desconsidere, não acrescentam em absolutamente nada.

  2. Um filme muito subestimado e divertido, ótima maquiagem e cenas violentas, além disso o Djinn é um ótimo vilão e merecia mais reconhecimento.

  3. Eu vi o original lá na época do lançamento, e como um jovem de 16 anos sem lá muito senso crítico cinematográfico, achei o filme muito legal. Mas quando vi a sequência anos depois, já percebi que tinham perdido a mão feio. 😂

    1. Eu acho esse filme maneiro. Legal. Na época que eu assisti eu era moleque nos anos 90 e curti. Até hoje eu gosto dele.

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