Terror no Pântano 3 (2013)

4.3
(15)

Terror no Pântano 3
Original:Hatchet 3
Ano:2013•País:EUA
Direção:BJ McDonnell
Roteiro:Adam Green
Produção:Badie Ali, Hamza Ali, Malik B. Ali, Sarah Elbert, Adam Green, Andrew Mysko, Cory Neal, Greg Newman, Mark Ward
Elenco:Danielle Harris, Kane Hodder, Zach Galligan, Caroline Williams, Parry Shen, Robert Diago DoQui, Derek Mears, Cody Blue Snider, Rileah Vanderbilt

Enquanto um grupo de resgate procura possíveis sobreviventes do massacre ocorrido no Pântano Honey Island, Marybeth busca respostas para acabar de vez com a maldição do lendário Victor Crowley, que aterroriza o local há muito tempo.

Desta vez o cineasta Adam Green, criador da franquia Hatchet (machadinha em sua tradução literal; Terror no Pântano, título genérico adotado pelos distribuidores brasileiros) deixou a direção de lado e investiu somente no roteiro e na produção, ainda que garanta em entrevistas da época que manteve o controle criativo. Esta é a estreia como diretor do experiente BJ McDonnell, operador de câmera que colaborou com as filmagens das partes 1 e 2 de Terror no Pântano e com diferentes produções mainstream de peso, como Zumbilândia: Atire Duas Vezes (2019), Maligno (2021) e Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (2021). Na direção, BJ McDonnell é mais conhecido pelo recente Terror no Estúdio 666 (2022), longa-metragem produzido e protagonizado pelos membros da banda de rock Foo Fighters. Embora seu desempenho aqui não comprometa, igualmente não ultrapassa os limites do adequado à suposta “despretensãotrash da franquia, não demonstrando qualquer marca autoral ou qualidade inovadora que se destaque.

O roteiro de Green segue homenageando e emulando os slashers da velha escola oitentista, tendo como a maior referência a série Sexta-Feira 13. Pouco é acrescentado à mitologia da série e em grande parte o enredo cria situações, algumas cômicas, que servem para o vilão continuar a sua matança. Uma revelação é apresentada, mas que não surpreende nem ao mais desavisado dos leitores: o caráter sobrenatural e quase indestrutível do antagonista Victor Crowley.

Ao contrário da produção anterior, rodada em um estúdio fechado na Califórnia, as locações de Hatchet 3 foram os próprios pântanos da Lousiana, o que de certa maneira contribuiu para uma fotografia bem mais realista. Contudo, o ambiente hostil criou uma dificuldade real para a equipe técnica e para o elenco, que enfrentou muito calor, alta umidade, chuvas torrenciais e uma infinidade de insetos característicos da região. As filmagens ocorreram no semestre inicial de 2012 e Terror no Pântano 3 foi lançado nos cinemas americanos em junho de 2013, sendo disponibilizado simultaneamente também em diferentes canais de streaming.

Em relação ao elenco, a veterana Danielle Harris (de Halloween 4 e 5, e dos questionáveis Halloween: O Início e sua sequência H2: Halloween 2) está de volta como a final girl Marybeth, tal qual o grandalhão Kane Hodder (ator que interpretou Jason nos capítulos 7 a 10 de Sexta-Feira 13), que, debaixo de muita maquiagem, dá vida novamente a Victor Crowley. O tributo ao gênero horror continua com presenças como as de Derek Mears (Jason Vorhees do remake Sexta-Feira 13, de 2009) interpretando o líder de uma equipe da SWAT que literalmente sai no braço com Victor Crowley, em um nonsense crossover Jason vs Jason. Outro presente para os saudosistas é o ator Zach Galligan (que viveu o jovem protagonista de Gremlins, 1984), como o Xerife local. Entre diversas participações, algumas breves, estão Caroline Williams (de O Massacre da Serra Elétrica 2, 1986), Sean Whalen (As Criaturas Atrás das Paredes, 1991) e Sid Haig (o Capitão Spaulding de A Casa dos 1000 Corpos, 2003, e Rejeitados pelo Diabo, 2005). Um destaque menor, porém curioso, é o caso do ator Parry Shen, que esteve nos 3 filmes, interpretando 3 personagens diferentes.

É importante ressaltar que, caso o leitor tenha aprovado os dois primeiros filmes, provavelmente vai apreciar esta terceira parte, pois ela segue as regras já estabelecidas pela franquia, ou seja, toda aquela brutalidade descontrolada (mutilações, decapitações, dilacerações e vários desmembramentos) continua se multiplicando em efeitos práticos e de maquiagem que substituem os quase sempre indesejáveis CGIs da vida. Obviamente, o inverso também se aplica: se você não gostou dos exageros anteriores, este não é um produto para você. Cabe aqui uma observação: o cineasta Adam Green afirmou que a série foi pensada como uma trilogia que deveria funcionar como uma única obra – uma explicação convincente para os incômodos cortes abruptos nos finais das duas produções antecessoras. Nesta perspectiva, esta sequência é uma conclusão decente para a trilogia e apresenta um encerramento sem ganchos explícitos para uma continuação.

Para aqueles que se arriscarem a partir deste terceiro capítulo, segue uma rápida biografia da entidade que assombra Honey Island:

Victor Crowley, em sua infância, era portador de uma doença rara que lhe causava grandes deformidades no rosto. Para protegê-lo de algumas crianças, que o perseguiam por causa de sua aparência grotesca, seu pai passou a trancá-lo na cabana em que viviam no pântano. Certo dia, em uma brincadeira tão maldosa quanto inconsequente, alguns adolescentes atiraram fogos de artifício em direção ao local, causando um incêndio. Desesperado, tentando salvar o filho, o pai arrombou a porta da casa com uma machadinha, entretanto acabou atingindo o jovem, que morreu em seus braços. No segundo filme, outros detalhes sobre a origem do personagem são revelados, atribuindo a trama uma pequena camada sobrenatural: Thomas Crowley vivia feliz com a esposa em Nova Orleans até que a companheira adoeceu gravemente. Durante o tempo em que Shyann definhava, Thomas se envolveu emocionalmente com a enfermeira contratada para auxiliar nos cuidados médicos da esposa. Em seus últimos momentos de vida, Shyann amaldiçoou o marido e a amante, então grávida. A maldição afetou o bebê, que nasceu com a doença incomum que lhe afetava a aparência. No dia do nascimento do pequeno Victor, uma centena de animais teriam morrido inexplicavelmente no pântano, alertando que uma força cruel e demoníaca acabava de despertar.

Embora Terror no Pântano 3 não deixe um gancho para continuações, em 2017 foi lançado Victor Crowley aka Hatchet 4 (Terror no Pântano 4 por aqui) – uma quarta produção em comemoração a uma década da série. O longa, que se passa dez anos após os eventos dos três primeiros filmes, traz o retorno de Adam Green na direção, mantendo Kane Hodder reprisando seu papel de vilão e o sempre presente Parry Shen, como um dos sobreviventes de Hatchet III. Junto com seu lançamento foram realizados vários eventos comemorativos, incluindo a publicação de uma revista em quadrinhos chamada Adam Green’s Hatchet, que derivou outros títulos e sobrevive até hoje.

Enfim, o violento e divertido Terror no Pântano 3 consolidou uma franquia semi-independente que, com poucas pretensões, brinca com o horror, usando e abusando de um fan service indireto (principalmente em relação ao elenco). E, ainda que seja uma repetição do formato dos longas anteriores, a contagem de corpos avança e deve agradar aos fãs hardcore do gênero e da franquia.

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João Pires Neto

João Pires Neto é apaixonado por livros, filmes e música, formado em Letras, especialista em Literatura pela PUC-SP, colaborador do site Boca do Inferno desde 2005, possui diversos contos e artigos publicados em livros e revistas especializadas no gênero fantástico. Dedica seu pouco tempo livre para continuar os estudos na área de literatura, artes e filosofia

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