DMC: The Chronicles of Vergil (2013)

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DMC: The Chronicles of Vergil
Original:DMC: The Chronicles of Vergil
Ano:2013•País:UK
Páginas:Autor:Guillaume Dorison “Izu”, Jean Bastide, Patrick Pion, Robin Recht •Editora: Titan Comics

Para diferenciar qualquer outra edição em circulação, a avaliada é a da editora britânica Titan Comics, encadernamento em capa dura.

DMC: The Chronicles of Vergil, em tradução livre, seria “As Crônicas de Vergil” e conta uma história pregressa àquela contada no reboot da série criada por Hideki Kamiya em 2001, que teve uma versão também lançada em 2013 pela famigerada Ninja Theory, Capcom como publisher, com recepção mista pelo público e crítica.

Faz-se importante esse aviso uma vez que, diferente da obra original, neste reboot, Vergil não é irmão gêmeo de Dante e sim seu irmão mais novo.

Esta HQ foi escrita por Izu (pseudônimo de Guillaume Dorison) e ilustrada por Patrick Pion com o layout de Robin Recht, com a colorização por parte da empresa Elyum Studios, e dessa amálgama de talentos eu diria que a revista é um fanservice ou transmídia quase que perfeita para acompanhar o lançamento da obra à qual ela serve como auxiliar, não como uma obra separada autocontida ou pelo menos como uma experiência à parte. Claro que, avaliando-a como um graphic novel, seria ainda mais complicado de tê-la em maior consideração, mas ela foi publicada em sequência para depois vir em edição única e capa dura, além de que a intenção óbvia é estender suporte ao jogo eletrônico e não ser algo totalmente independente, como muitos jogos daquela década o fizeram, a exemplo de Dante’s Inferno e sua maravilhosa animação, ou o longa metragem Dead Space Downfall para Dead Space. Dito isso e sob essas premissas podemos contextualizar melhor nossa análise.

Começa com Dante, aprisionado em Hellfire – uma espécie de prisão infernal utilizada por demônios em diferentes realidades para manter alguns desafetos ou importantes agentes políticos de suas tramas no controle das dimensões -, e a manifestação do poder de seu pai através de seu corpo mortal, para abruptamente sermos jogados na próxima cena no mundo dos humanos e a realidade considerada consensual, nosso mundo. Mais precisamente em “Limbo City”.

Em meio a uma massiva quantidade de pessoas se abarrotando em volta de uma ação de marketing de uma empresa chamada “Virility”, com a distribuição gratuita de bebidas da marca, Kat, que virá a ser o nosso ponto de contato durante os próximos acontecimentos – diga-se de passagem muito mais digno que a obra tivesse o título de “The Chronicles of Kat” -, é apresentada como alguém que acompanha um amigo interessado na campanha até que o dom da mesma, de ver além do véu da realidade consensual e a natureza real algumas criaturas que habitam nosso mundo disfarçados de humanos, se manifesta e eis que surge também nosso destemido Vergil dilacerando monstruosidades.

É ele que irá contextualizar Kat sobre aquilo que os humanos comuns não conseguem ver e o que controla nossas frágeis vidas.

O roteiro é simples e funcional, como uma boa campanha de marketing, já que os estereótipos e arquétipos são gritantes em cada página e se repetem à exaustão para que não surjam dúvidas a quem devemos torcer a cada quadro. É angustiante como Kat é jogada de um quadro ao outro, de página em página, como uma mártir, um amuleto indefeso nas mãos não só dos demônios, como nas de Vergil.

Izu parece ter montado uma carreira se especializando em criar essas obras auxiliares, como o que o mesmo fez por Assassin’s Creed, mas ao mesmo tempo eu tinha a nítida impressão de estar lendo um número de Darkness, Witchblade ou Gen13. A dicotomia da eterna batalha do Bem vs. Mal em uma simplória analogia de corporações e um aventureiro púbere e egocêntrico – não direi anarquista porque fere o preceito básico de coletivismo – não é culpa do autor – a matéria básica, sua essência é essa. Por outro lado, dá-se uma liberdade de se estender pela múltiplas camadas hierárquicas de seres ultradimensionais, não só demônios, desenrolando um maior número de situações para serem exploradas e regados à ultra violência e gore artístico que tanto amamos.

E esse fecundo campo nos traz a multiplicidade do bestiário do DMC: demônios com anatomia e poderes diferenciados provocando a necessidade dos personagens de se adaptarem e a Pion a oportunidade para diferentes fotografias, ângulos e anatomias em diferentes painéis com tentáculos, múltiplos braços, formas humanoides e bestiais se mesclando além panoramas que intercalam entre seções intraplanares e paragens infernais. Pion “risca” e enriquece a ação extrapolada e contínua do título e, apesar de eu mesmo ter feito um paralelo com Gen13 e outras revista com DNA Image, vale ressaltar que seus personagens lembram muito mais a fragilidade da vida humana, ao contrário da anatomia grega dos quadrinhos supracitados.

As cores da Elyum Studios funcionam quase como automação dos níveis de “consciência” ou cores dos personagens chaves: vermelho para Dante e infernal, azul para Vergil e cores mais “calmas” e sóbrias para a realidade consensual e humano, incluindo Kat.

DMC: The Chronicles of Vergil é sem sombra de dúvida uma excelente peça de colecionador para quem gosta do universo de Devil May Cry no geral; faz um fanservice respeitando o caminho tomado pelo reboot, injeta e mantém a contínua ação desenfreada da série e mantém intacta a personalidade do elenco do jogo. Essa edição é a coletânea dos números que saíram separados e mereciam um pouco mais de conteúdo antes de se tornarem edição única de capa dura.

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Ed "Toy" Facundo

Cearense nascido e criado na capital, apaixonado pela ideia de dar vidas aos seus brinquedos ou resolver intrigantes configurações do lamento - talvez esteja em um copo de cerveja - e vocalista da banda de death/thrash metal Human Heritage. Veio à Newcastle (Upon Tyne) em busca daquilo que traumatizou Constantine e sobrando tempo para exercer sua profissão de desenvolvedor de jogos.

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