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Sede Assassina
Original:To Catch a Killer / Misanthrope
Ano:2023•País:EUA
Direção:Damián Szifron
Roteiro:Damián Szifron, Jonathan Wakeham
Produção:Stuart Manashil, Aaron Ryder, Damián Szifron, Shailene Woodley
Elenco:Jonathan Wakeham, Ben Mendelsohn, Ben Mendelsohn, Ralph Ineson, Richard Zeman, Dusan Dukic, Jason Cavalier, Nick Walker, Darcy Laurie, Mark Camacho, Frank Schorpion

O dilema da facilitação do acesso a armas de fogo sempre vai estar em voga diante de números crescentes de casos de violência urbana. Ainda que não seja o principal fator responsável pelos crimes, feminicídios e massacres, até porque facas também são usadas em situações de agressão, é preciso ter consciência que elas podem facilitar a ação de pessoas insanas, com suas motivações particulares. Como dado estatístico apontado pelo site The Hindu, há a informação que somente até 30 de maio de 2023, isto é, no 150º dia deste ano, cerca de 260 tiroteios em massa foram relatados apenas nos Estados Unidos, totalizando o assustador número de 327 vidas perdidas. O relatório realizado pela Anti-Defamation League relaciona os atos ao aumento da ideologia extremista do país. Assim, uma produção como Sede Assassina (To Catch a Killer, 2023), do diretor argentino Damián Szifron, pode trazer reflexões ainda mais curiosas sobre o cenário, principalmente se o conteúdo for associado à realidade.

O filme tem início às vésperas de Ano Novo, quando disparos de armas de fogo, confundidos com fogos de artifício, fazem 29 vítimas em Baltimore, atraindo a atenção da jovem policial Eleanor Falco (Shailene Woodley), uma das primeiras a chegar ao local. Sem conexão entre os mortos, apenas a indicação provável de que os tiros, com rifle de precisão, podem ter vindo do 17º andar de um edifício, a observação perspicaz da garota chama a atenção do investigador-chefe do FBI, Lammark (Ben Mendelsohn), que a recruta para traçar um perfil do assassino.

Enquanto esquadrões são mobilizados para tentar encontrar o responsável, algo improvável diante do que pode ser um surto único, o roteiro de Szifron e Jonathan Wakeham trabalha no desenvolvimento de seus personagens, exemplares misantropos que se conectam ao criminoso. Tanto Eleanor quanto Lammark evidenciam o modo como lidam com uma humanidade julgadora e preconceituosa, assim como a provável testemunha. Com o passado como ferramenta de trauma e auxílio, talvez daí parta uma dica para a identificação do inimigo, mesmo depois que ele provoca um espetáculo de morte em um shopping center – como uma pessoa consegue transitar por um ambiente com câmeras por todos os lugares sem que seu rosto seja registrado? Uma falha ou uma sugestão de estudo sobre o “estudo do ninguém” de Hannah Arendt?

Até o último ato, a trama não apresenta a precisão do assassino, atirando para todos os lados em suas críticas ao FBI, medicamentos prescritos, à mídia, capitalismo, à polícia e aos excessos, mas sem encontrar um único alvo. Traz um ou outro momento de tensão, um ou outro bocejo, como um pedido particular do espectador – e da polícia – para que o assassino vista novamente a fantasia de serial killer ou que algo de importante aconteça. É beneficiado pela atuação de Shailene Woodley, distanciando-se de romances dramáticos adolescentes, e Ralph Ineson, com sua voz gutural que fez sentido em A Bruxa e A Lenda do Cavaleiro Verde. Palmas também para a fotografia urbana de Javier Julia, com acréscimo sempre bem-vindo da neve para desenvolver a atmosfera da dúvida.

Sem diferença em relação a outros thrillers similares, com clichês usados a torto e a direito, Sede Assassina serve apenas como reflexão social, promovendo um entretenimento raso, mas eficaz.

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