4.4
(7)

Requiem for a Vampire
Original:Requiem pour un Vampire
Ano:1971•País:França
Direção:Jean Rollin
Roteiro:Jean Rollin
Produção:Sam Selsky
Elenco:Marie-Pierre Castel, Mireille Dargent, Philippe Gasté, Louise Dhour, Michel Delesalle, Antoine Mosin, Agnès Petit, Olivier François

Uma das produções de destaque da filmografia de Jean Rollin, Réquiem para o Vampiro (Requiem pour un vampire, 1972) ainda mantém traços de uma tendência poética. O cineasta teve um início de narrativas oníricas, profundas e surrealistas, mas posteriormente atravessou por uma fase financeiramente complicada, realizando filmes convencionais, alguns pornográficos, e trocando o simbolismo pelo sangue em profusão e o gore. Réquiem para o Vampiro evidenciou uma predileção de Rollin pelo vampirismo erótico, cadenciado e metafórico, numa temática que figurou pelas suas principais confecções, mesmo em tempos difíceis.

Tem como uma das protagonistas a atriz Marie-Pierre Castel, uma das gêmeas submissas de A Vampira Nua. Ela passaria a ser uma figurinha carimbada dentre as escolhas de Rollin, incluindo a fase pornográfica, atuando até 1977. Já a irmã, Catherine Castel, que estaria nesse filme mas se afastou pela gravidez, teve uma filmografia mais extensa, acompanhando o diretor até 2002 com La fiancée de Dracula. Marie-Pierre atuou ao lado de Mireille Dargent, explorada por seu agente na época, o que a obrigava a trabalhar de graça em sua estreia no cinema. Rollin precisou contratar um advogado para fazer justiça à atriz, também com carreira curta.

Ambas interpretam duas moças vestidas de palhaço em fuga por uma estrada com um motorista, enquanto atiram contra dois veículos perseguidores. Não se sabe a razão disso, o motivo da fuga, de onde estariam vindo, mas também não importa. Com o rapaz baleado, as garotas, Marie (Castel) e Michelle (Dargent), incendeiam o carro e retiram as vestimentas para uma longa caminhada por campos, vales e cemitérios. No percurso, roubam uma moto, seduzem um sorveteiro – Marie corre pela mata e o deixa tocar em seu corpo antes de distrai-lo para uma fuga – até alcançar um cemitério.

Fugindo de dois coveiros, Michelle cai em uma cova aberta, somente para ser enterrada viva. Uma sequência que não faz muito sentido, nem simbolicamente, até porque ela sai ilesa da situação. Depois de caminharem por uns vinte e cinco minutos de filme, elas chegam a um castelo em ruínas. Atravessam um portão e encontram um local para descansar e desfrutar de momentos íntimos. Mais caminhada por escadarias, avistando crânios, esqueletos com túnicas e até um cadáver decrépito, até encontrarem uma vampira (Dominique), com longos dentes à mostra, mas em um visual risível, e serem perseguidas por homens e aprisionadas em um inferninho, com fotografia vermelha, mulheres acorrentadas e violentadas, mordidas no pescoço.

Assim que conhecem o vampiro-mor (Michel Delesalle), descobrem que se trata do último espécime existente. Isto é, a tal moça-vampira e os demais são apenas escravos, mas que não se mostraram adequados para se transformarem em uma criatura da noite. Com o morto-vivo, a regra, de acordo com a mitologia de Rollin: para se tornar vampiro, você deve permanecer virgem. Marie encontra por acaso em um passeio pelo cemitério um tal Frédéric (Philippe Gasté), convidado a conhecer o castelo e o corpo da garota, um conflito que poderá decepcionar o líder.

Como em outras obras do diretor, o longa se arrasta em sequências que fazem pouco sentido. A câmera estática, observadora, em plano aberto, capta as andanças, fugas e passeios, sem muito horror para explorar. Jean Rollin usa sua lente para prestigiar os corpos das moças, com detalhes, e as longas sequências de violência, até esquecendo de voltar a mostrar as protagonistas. O roteiro, de poucos diálogos, se mostra simples pela proposta, em uma narrativa lenta e sem dinamismo, acompanhado de uma irritante trilha sonora de flautas e bateria. Sabe-se que o diretor fez aqui o de costume ao criar cenas à medida em que as filmagens aconteciam, mesmo que muitas não tivessem uma linearidade lógica, refletindo nos vários erros de continuidade e sequências que não servem à trama principal.

Habituado a uma cinema de baixa inventividade e muitas sensações, Réquiem para o Vampiro é uma amostra do terreno onde Jean Rollin se sente mais à vontade. Consciente de que teria dificuldades comerciais, o cineasta filmou muitas das cenas eróticas duas vezes, ora explorando corpos, ora explorando apenas movimentos. O resultado funcionou pelas boas críticas e o holofote que permitiu que Rollin pudesse continuar alimentando o cinema francês antes de se afundar em crises e erros cinematográficos.

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