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Ring 2: O Chamado
Original:Ringu 2
Ano:1999•País:Japão
Direção:Hideo Nakata
Roteiro:Kôji Suzuki, Hiroshi Takahashi
Produção:Takashige Ichise, Makoto Ishihara
Elenco:Miki Nakatani, Hitomi Satô, Kyôko Fukada, Fumiyo Kohinata, Kenjirô Ishimaru, Yûrei Yanagi, Rikiya Ôtaka, Yôichi Numata, Masako, Miwako Kaji, Katsumi Muramatsu

A maldição de Sadako feriu gravemente sua primeira continuação, Ring Espiral. A Toho imaginava que lançá-lo concomitantemente com Ring: O Chamado poderia ocasionar uma duplicação na bilheteria, sem deixar o conceito perder força. Contudo, o segundo livro de Koji Suzuki, “Spiral“, parece não ser tão bom quanto o primeiro, ou erraram completamente em sua adaptação. Assim, para colocar a franquia novamente nos eixos e potencializar a assombração, fizeram rapidamente um novo filme, desta vez sem se voltar para a versão literária. Ring 2: O Chamado foi lançado em 23 de janeiro de 1999, conquistando mais de trinta milhões nas bilheterias, sendo o segundo filme de sucesso do ano, ao lado de Pokemon: O Filme 2000. Será que desta vez acertaram a mão?

O primeiro dos acertos já se mostrou na direção: Hideo Nakata retornou ao comando da franquia, a partir de um roteiro desenvolvido por Hiroshi Takahashi, o mesmo também do original. Assim, já era possível esperar elementos de horror, ampliação da mitologia e a conservação do mistério sobre a entidade conhecida como Sadako, ainda sem mostrar seu verdadeiro rosto. Também se afastaram da ideia de dar a todos os personagens poderes mediúnicos, ainda que tais artifícios estejam presentes para trazer mais detalhes da “menina do poço“. A atmosfera aterrorizante notadamente se preservou, mas também deixou evidências de desgaste.

Sadako Yamamura (Rie Ino’o) já não está mais no poço. Seu corpo foi levado ao necrotério para identificação de seu tio, Takashi (Yôichi Numata), que teme a continuidade de sua ameaça. O investigador Ômuta Keiji (Kenjirô Ishimaru) informa que a necropsia indicou sinais de que Sadako teria sobrevivido por trinta anos no poço – não somente sete dias como Samara. Consciente de que sua retirada possa trazer consequências, como o suicídio de Shizuko (Masako), posteriormente ele decidirá fazer um “enterro no mar“, para que seus restos mortais nunca mais sejam encontrados.

A polícia está em busca da desaparecida Reiko Asakawa (Nanako Matsushima) e de seu filho Yôichi (Rikiya Ôtaka), os únicos que podem explicar a estranha morte de Ryuji Takayama (Hiroyuki Sanada), algo que tem intrigado sua ex-aluna e assistente Mai Takano (Miki Nakatani). Ela se une a um colega de Ryuji, Okazaki (Yûrei Yanagi), e descobrem na casa de Reiko a fita maldita queimada. Okasaki conversa com a jovem Kanae Sawaguchi (Kyôko Fukada), uma das entrevistadas sobre a lenda urbana do vídeo amaldiçoado, e ela diz que não apenas assistiu ao filme, como também o tem guardado. A próxima a ser investigada é Masami Kurahashi (Hitomi Satô), a jovem do começo de Ring: O Chamado, agora mantida em um hospital psiquiátrico, se esquivando de televisores, tal qual Becca (Rachael Bella) em O Chamado.

Eles conhecem o médico que trata de Masami, Dr. Oisho Kawajiri (Kazu Nagahama), que convenientemente estuda paranormalidade e acredita que consiga canalizar a energia negativa de sua paciente em um experimento com água. Aterrorizada pela visão do poço e de Sadako, Masami afeta a televisão que os demais pacientes assistiram, causando um horror generalizado, em um dos melhores momentos da continuação.

Depois de avistar uma criança fantasma, acreditando ser Yôichi, Mai encontra por acaso, com o apoio de uma visão que transforma a realidade na imagem do vídeo amaldiçoado, Reiko e seu filho, escondidos numa moradia local. A aproximação com o garoto a faz perceber que ele desenvolveu ainda mais suas habilidades, conseguindo afetar pessoas apenas com o olhar. Isto é, Yôichi está herdando os poderes de Sadako, e talvez somente o experimento do médico possa impedir que ele se transforme em uma ameaça tão poderosa quanto a garota do poço. Nessa jornada, envolvendo mortes e um atropelamento sangrento, Mai irá se ver no poço, entenderá o que aconteceu com Sadako, e terá que fugir para evitar que o local se transforme em seu túmulo.

Hideo Nakata resgata o tom investigativo do primeiro, e ousa ao matar personagens importantes – preservou alguns para momentos específicos. Cria sequências de horror, como a subida aterrorizante de Sadako do poço, algo copiado em O Chamado 2, e volta com o conceito das vítimas morrerem de medo do olhar da garota, algo importante no conceito original e que foi deixado de lado em Espiral. No entanto, há alguns momentos arrastados e que afetam o ritmo da narrativa, como os próprios experimentos do cientista louco. Curiosamente Mai está mais bem caracterizada em Rasen, pelo fascínio evidenciado pelo falecido Ryuji. Nesta segunda parte 2, ela parece apenas querer entender o que aconteceu e se aproximar de Yôichi, num sentimento maternal, também resgatado em O Chamado 2.

Ainda que não seja tão bom quanto o original, Ring 2: O Chamado pelo menos complementa o primeiro filme, sem tentar copiar todas as ideias. Sadako perde força, como se sua maldição tivesse se encerrado com o enterro marítimo, mas retorna com força no final. Há também uma conclusão pessimista, porém sem o mesmo impacto que envolveu a morte de Ryuji no primeiro filme. É também oportunista e desnecessário, ainda que corrija as bobagens do anterior, com seu vírus que ataca a garganta e ideia de renascimento de Sadako. Depois, Nakata daria lugar a Norio Tsuruta para a realização de Ring 0: O Chamado, lançado em 2000. E voltaria à franquia com O Chamado 2, continuação americana do sucesso de 2002, e Sadako: Capítulo Final, de 2019.

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