O Culto de Chucky (2017)

3.7
(10)

O Culto de Chucky
Original:Cult of Chucky
Ano:2017•País:EUA
Direção:Don Mancini
Roteiro:Don Mancini
Produção:Ogden Gavanski, David Kirschner
Elenco:Allison Dawn Doiron, Alex Vincent, Brad Dourif, Fiona Dourif, Matthew Stefanson, Michael Therriault, Zak Santiago, Ali Tataryn, Marina Stephenson Kerr

É um brinquedo realmente cultuado. Nem foram necessárias sete produções para que o terrível Chucky se tornasse uma referência dentre os ícones do horror, com uma identidade própria. Nascido na década dos grandes monstros contemporâneos, o Good Guy trilhou inicialmente um caminho de sangue e corpos em três filmes “sérios“, que deram ao boneco as características de sua popularidade. Depois passou a ser resultado de homenagens e auto-paródias, com A Noiva de Chucky (1998) e O Filho de Chucky (2004), e perdeu boa parte de seu conceito assustador, até o lançamento de A Maldição de Chucky, em 2013, segundo filme da franquia, comandado pelo criador Don Mancini.

Durante essa longa pausa, notícias se espalhavam pela net sobre a possibilidade de lançamento de um reboot, desenvolvendo até mesmo uma nova aparência para o boneco. Mancini ignorou os boatos e apostou numa sequência, no retorno aos aspectos originais, sem o uso exagerado de CGI na movimentação do vilão, e construiu um terror claustrofóbico com muita tensão, principalmente por envolver duas personagens “frágeis“: a cadeirante Nica (Fiona Dourif) e a pequena Alice (Summer H. Howell). Ao final de A Maldição de Chucky, ainda promoveu o retorno de Andy Barclay (Alex Vincent), o principal alvo do boneco no início da série. As boas resenhas animaram Mancini a escrever e ocupar a cadeira de mais um longa, O Culto de Chucky, uma continuação direta dos acontecimentos do filme anterior.

Depois de explodir a cabeça do boneco nos acréscimos do filme anterior, Andy a mantém como um troféu enquanto tenta encontrar meios de dar um fim definitivo ao vilão. Enquanto isso, Nica acaba de sair de uma instituição mental rigorosa para uma com segurança média, devido à boa reação ao tratamento do Dr. Foley (Michael Therriault). Ela está convencida da culpa pelos assassinatos do filme anterior, e consciente de que suas ações resultaram no trauma fatal da pequena Alice. No novo ambiente, Nica conhece seus colegas de tratamento: Michael (Adam Hurtig), que possui múltiplas personalidades; Angela (Marina Stephenson Kerr), uma senhora que acredita ter morrido; a incendiária Claire (Grace Lynn Kung), que não concorda com a chegada de Nica; e a tétrica Madeleine (Elisabeth Rosen), assassina de seu filho e que “adota” o boneco Chucky quando ele é trazido para o tratamento de Nica.

Com essa apresentação dos pacientes da instituição, que remete ao filme A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos, de Chuck Russell, já se nota algumas falhas do enredo. A impressão transmitida é que a “assassina” Nica fez um tratamento de longos 4 anos num hospital rigoroso SEM ver o brinquedo, e que só foi exposta ao objeto de seu trauma ao chegar em um ambiente mais brando. Não sou especialista no assunto, mas acredito que essa “melhora” da paciente, considerada assassina, não deveria tê-la mandado para uma prisão comum ao invés de um espaço de segurança média? Sei das intenções do Dr.Foley, mas chega a ser curioso o modo como ela parece ter sua pena abrandada, para, só assim, reencontrar o boneco que considerou culpado.

É claro que Chucky (novamente Brad Dourif) está vivo e prestes a cometer mais uma onda de crimes no local. Ao invés de eliminar de vez Nica, ele passa a “brincar” com a sua mente, gerando acusações e desequilíbrio. Como as situações na instituição acontecem concomitantemente às torturas de Andy com a cabeça falante do boneco, fica a dúvida quanto à ordem dos acontecimentos ou se o filme estaria prestes a desenvolver uma ideia louca. Entra em cena, Tiffany Valentine (Jennifer Tilly), que visita o hospital para trazer notícias sobre Alice e mais um boneco Chucky. Qual deles estaria cometendo os assassinatos? A resposta é um conceito novo, mal explicado e absolutamente desnecessário e absurdo.

Com efeitos digitais comedidos, O Culto de Chucky explora a criatividade do boneco em atos violentos, apostando em desmembramentos e algumas doses caprichadas de sangue, mas sem nada que não tenha sido visto antes. Aliás, o que se vê de novidade são algumas mortes off-screen, contrariando a visceral trajetória do personagem. E seu plano de vingança acaba soando bobo, não se justificando na sequência final, que já abre as portas para uma continuação, algo que também nunca foi muito comum na franquia. Com esse novo trato do boneco, a brincadeira perde definitivamente a graça e enfraquece o mistério que envolvia um vilão que tinha que agir pelos cantos escuros dos ambientes para alcançar suas vítimas.

Se a franquia do brinquedo assassino tivesse terminado em A Maldição de Chucky, o boneco teria tido um fim digno e coerente com tudo o que fez desde 1988. Infelizmente, Don Mancini não soube parar no momento certo e agora está levando seu personagem a novos rumos, provavelmente imaginando algo apocalíptico para o futuro. Não precisava. Chucky já é cultuado o suficiente para não precisar de tanta exposição. Só falta agora um crossover com Annabelle

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

25 thoughts on “O Culto de Chucky (2017)

  • 14/03/2018 em 01:35
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    [COMENTÁRO COM SPOILERS]

    Pra mim, esse filme foi muito bom, só não gostei do Chucky ter possuído uma mulher ao invés de um homem no final, de resto esse filme é bom como o anterior, já A Noiva de Chucky e O Filho de Chucky foram mais para a comédia, os 3 primeiros também foram muito bons, mas acho os dois últimos os melhores embora essa ideia de vários Chuckys e várias Tyffanis tenha que ser muito melhor explicada.

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      14/03/2018 em 09:21
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      Qual o problema de ter sido uma mulher, e não um homem?

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      • 12/04/2018 em 09:12
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        Ola carismática Silvana,acho que o cidadão não explicou bem a colocação dele de Chucky possuir uma mulher melhor seria homem que ele quis dizer,só que na minha coerência não por preconceito, mas por logica,chucky não tinha que possuir ninguém,pois até a franquia 3 quando ainda era brinquedo assassino 3,era legal ele querer alma do garotinho do exercito depois disso deu,só que apelaram para a noiva,o filho só faltou o neto de chucky,com tantas palhaçadas virou uma total esculhambação,só que sempre alguem vai gostar e outro alguém criticar alguns de forma drástica outros de formas mais ética,como pra mim o melhor Chucky foi a parte 2(brinquedo assassino) se eu fosse criar o roteiro do filme eu faria como se fosse após o termino do 2 nada de exercito faria Chucky atras da familia de Andy Barclay sem nada de possessão e enrolação pois a cada chucky que fazem na minha humilde opinião, ele foge do que ele foi no primeiro da franquia e isso é muito decepcionante pois só falta agora Chucky virar um espirito ou tirar ferias no lago crystal lake,tudo de bom Silvana!!!

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        • 23/04/2020 em 20:10
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          Esse filme tem uma cena pós créditos a irmã adotiva do Andy aparece nela

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    • 14/06/2018 em 03:54
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      Qual o problema em ser mulher? Achei excelente, principalmente pelo fata da atriz Fiona Dourif ser literalmente a filha de Chucky, e é ai que ta a sacada pq alem de ser filha, ela é praticamente identica ao pai, depois veja as fotos, é igualzinha… Eles deram essa segurada no Andy nesse filme pra no proximo ele ter o seu espaço, e assim fecharia o ciclo e o Charles agora estaria novamente com o Andy no foco… Só q o Andy nao sabe q ele foi pro corpo dela, e isso daria mais opçoes a serem trabalhadas.. Fora q o filme acabou tratando do feminismo indiretamente, ja q a primeira pessoa q o Chucky matou no corpo dela, foi justamente o psiquiatra q abusava dela e por abusar dela, fora as questoes lgbt e isso faz um paralelo com a ficçao e realidade e mostra que a historia nao ficou parada no tempo e nem fechada a apenas mortes e isso da uma inovaçao das boas no filme pq senao seria só continuaçoes repetitivas

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  • 28/02/2018 em 15:24
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    Conseguiu ser muito pior que Filho de Chucky sinceramente. Porque pelo menos ali, tinha um caminho para seguir. Aqui não temos nada. Nem mesmo justificativas para tudo que acontece. A única coisa boa do filme, são as referencias que poderiam deixar ele incrível se usadas. Como a farda da Academia Kent (onde está da Silva se leva em conta o terceiro filme?) e a cena pós credito com a irmã a adotiva do segundo, eu me arrepio só em pensar, porque porra… Porque não usar esses recursos e dar aos fãs o que realmente importa? Tenho absoluta certeza que o filme renderia mais se tivesse sido feito assim. Nos resta aceitar a desgraça e assistir os últimos trinta segundos de filme fingindo que é só aquilo.

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  • 14/12/2017 em 21:22
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    A franquia se tornou cansativa.Mas tirando o Filho de Chucky ,os filmes até que são suportáveis !

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  • 17/11/2017 em 17:54
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    Mesmo depois de um mês, eu ainda não sei definir se gostei ou não do filme. Ele tem umas coisas que eu achei bem interessantes. Eu me mantive engajado na condução do mistério e até pensei que veria um dos melhores filmes do Chucky. Mas algo se perdeu ali do meio para o final, que, embora eu tenha entendido, achei uma imensa bagunça que beirou à mais pura bobagem. Sem contar que o Andy foi muito mal aproveitado. Daí ficou aquele gostinho amargo de “Eu não sei como definir o que achei deste filme”. hahaha.

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    • 29/11/2017 em 23:51
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      O pessoal acha que assistiu tudo kkk, vão ter que assistir denovo ainda tem o PósCrédito!, kkk

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  • 11/11/2017 em 23:31
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    Eu assisti esse filme. Dormi em alguns momentos. Achei muito forçado. Mesmo eu amando o Chucky, que tipo de local que tem uma mega segurança não tem segurança alguma, mesmo as pessoas morrendo? Curti a parte do culto (não é spoiler. ta no titulo). Concordo que deveria ter parado no anterior, mas… O dinheiro fala mais alto.

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  • 04/11/2017 em 12:08
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    eu sou fã desse filme mano! acompanho o chucky des do 1

    mas esse filme é fraquinho.. eu acho q num futuro Oitavo filme, o chucky agora no corpo da nica vai voltar pra buscar a menininha a alice, ou ente a nica vai na casa do Andy, reconstruir o corpo original de chucky

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  • 03/11/2017 em 16:44
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    Eu gostei um pouco, pois traz uma nova reviravolta para o filme. os melhores realmente são os três primeiros. E A maldição de Chucky tenta seguir o mesmo rumo dos primeiros e é divertido. Este filme é legal. gostei da fotografia,de saber que teve mais um filme, com margens no horror, e com menos piadinhas. Mas gostei da ideia do diretor de contar as histórias que ficaram desatendidas tipo o suspense com a Alice, a volta de Andy. as mortes são legais. Menos a da Japonesa. Mas um pouco assustadoras. A imagem do Chucky às vezes lembra a aparência do segundo filme. Enfim não é o pior filme. Valeu por essa volta.

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  • 18/10/2017 em 22:39
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    Sinceramente eu curti. Está a um passo de um retorno as origens. Pra mim o 1 e o 2 são clássicos, mas o Culto chega a ser melhor que o 3 na minha opinião (de merda). Infelizmente o tratamento dado pelo Andy e suas ações tiraram muitos pontos, mas uma continuação pode (e deve) arrumar essa salada, ainda mais pela cena pós créditos.
    Chucky forever!

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  • 18/10/2017 em 11:50
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    Na Boa Era Legal Quando se Chamava Brinquedo Assassino,e tinha que ter parado por ai, no Caso até o 2 pois o 3 já Foi Fraquinho,esta mais para um Entretenimento,tenho Certeza que vai vir Mais Chucky´s por ai, fazer o que é na minha Opinião Brinquedo Assassino Bom o 2 Muito Bom la foram quase Trinta Anos, Amigos vamos ter que ficar no Passado e lembrar dos nossos Saudosos Viloes Jason,Freddy,Chuck e Leatheface, pois duas coisas não lançaram mais sequer um vilão que nos prendesse na poltrona, e fizesse a gente aplaudi-lo no final do filme, muito menos dar vida novamente os vilões do passado que hoje em dia querem inventar moda, e fazem eles tomarem outros rumos que estão longe de serem o que foram no passado, entendo vocês Amigos Do Boca que quando sai algo novo temos que publicar que bom que tem alguém que conte o filme com enfase, pois eu até me négo a contar pois,como nem da vontade de contar o filme e nem mesmo comentar!!!

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  • 17/10/2017 em 11:57
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    Sou fã de Brad Dourif, que já foi indicado ao Oscar por um “Estranho no ninho”, entre outras belíssimas atuações. A verdade é que eu prefiro uma nova lógica nos filmes, ao invés dos famigerados remakes, que, na maioria das vezes, fica muito aquém dos originais. Chucky é um ícone dos anos 80 e seu legado está solidificado. Acredito que estão tentando achar o tom para suas continuações com novas histórias que continue rentável. Não é uma série que prime pelo roteiro e os efeitos sempre foram toscos. O filme é agradável para quem espera apenas filmes do Brinquedo Assassino como um entretenimento sem expectativas. Se espera um blockbuster, não vá.

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  • 15/10/2017 em 18:20
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    Depende muito o que você busca, seja o terror, o suspense, mutilação, trash …
    Sou aquela que acompanha desde o Brinquedo assassino, aquilo sim que é filme, até começar a mudar o caminho com a Noiva do Chucky. Desde então eles se perderam com a temática anterior, não quero ver apenas as mortes em si, poderiam bem contar mais da história do Charles Lee, assim elaboraria algo mais rico e convincente.
    O culto de Chucky deixou muito a desejar, claro que não se compara com o extremo trash do Filho do Chucky, só acho que deveriam parar de tentar criar algo novo, não está dando certo.

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  • 13/10/2017 em 09:40
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    achei tosco, não que o filme anterior fosse uma obra prima, mas pelo menos eles tinha se distanciado dos péssimos a noiva e o filho de chucky, mas aí eles voltam a fazer a mesma porcaria nesse filme….

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  • 12/10/2017 em 22:32
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    Minha gente, o filme é péssimo! Não que precise ter um mega roteiro ou seja um clássico, mas é horrível.

    Eu quero ser internado, soco o policial e alguém me coloca pra dentro… ali não é cadeia e nem delegacia, Deus me livre…

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    • 16/10/2017 em 23:57
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      Horrível mesmo, muito ruim como pode fazer algo tão ruim e que termine péssimo como este terminou, nem tava acreditando!

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  • 12/10/2017 em 19:23
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    Eu gostei muito do filme, achei a premissa do culto em si extremamente interessante, mas eu consigo perfeitamente entender os fãs que não gostaram, afinal de contas, essa reviravolta simplesmente joga toda a mitologia do filme no lixo e pra mim esse é o maior problema do filme.
    De resto, eu me diverti bastante, Brad continua muito bom como a voz do Chucky, ri de várias piadas, a participação da Tiffany é contida e correta, as mortes são muito boas.
    Acho que em alguns efeitos o filme peca, nas primeiras aparições do Chucky, o boneco parecia um tanto robótico, mas não chegou a me atrapalhar.
    Enfim, me diverti, achei um tempo bem gasto.
    De longe não é um dos piores da franquia, obviamente não um dos melhores, mas supera “A Noiva” e “O Filho”.

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      • 04/11/2017 em 12:16
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        o filme anterior a esse, o chucky parecia ser ainda mais robotico

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