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Bad CGI Gator
Original:Bad CGI Gator
Ano:2023•País:EUA
Direção:Danny Draven
Roteiro:Zalman Band
Produção:Charles Band, Zalman Band
Elenco:Michael Bonini, Maddie Lane, Ben VanderMey, Rebecca Stoughton, Cooper Drippe, Sarah Buchanan, Lee Fealy

Existe uma parcela considerável de fãs de cinema de horror que aprecia filmes ruins. Talvez uma razão pelo gosto duvidoso esteja relacionada à época dessa geração, uma que cresceu acostumada em assistir qualquer porcaria que era exibida na TV (Corujão, Intercine..) ou que ficou acostumada a alugar filmes constantemente e levava qualquer um pela falta de opção. Há também um grupo que herdou uma fome pela ruindade com as produções baratas que foram lançadas na mudança de século, exibidas em canais como o Sci Fi Channel, e capitaneadas por estúdios como The Asylum. É para todas as pessoas que se divertem com a franquia Sharknado (e variáveis como Lavalantula, continuações de Anaconda..) e não se importam com efeitos especiais caseiros que Bad CGI Gator foi realizado.

A sensação de que verá um “filme ruim mas que pode ser divertido” é alimentada pelo selo Full Moon Pictures. Para os infernautas mais velhos, trata-se do estúdio que surgiu com a queda da Empire Pictures, em 1988. Charles Band fundou a marca com a ideia de realizar produções baratas, feitas de maneira séria, imaginando continuações infinitas e um excelente custo-benefício, atingindo principalmente o mercado de vídeo. Daí vieram franquias como a dos bonecos do Puppet Master, das viagens por épocas de Trancers e os vampiros babadores de Subspecies. Com a virada do milênio, após algumas parcerias do estúdio e altos e baixos, a Full Moon continuou com seus departamentos de filmes ruins e até possui um streaming próprio para satisfação dos apreciadores de bagaceiras.

Bad CGI Gator não esconde sua condição patética. Foi moldado como uma sátira aos efeitos digitais de baixa qualidade – que passaram a ser comuns nos últimos trinta anos – e também no estilo “lugar comum” de fazer terror: colocar um grupo de jovens idiotas numa cabana à beira de um lago, enfrentando alguma ameaça. O roteiro de Zalman Band, filho de Albert Band, herdeiro da Full Moon, não quer se levar a sério ao apresentar um elenco estereotipado, da famigerada geração Z. Além de pensarem em beber e transar o tempo todo, com zero preocupação ambiental, eles deixam evidente o interesse apenas nas redes sociais e produzir conteúdo viral para atender seus seguidores.

É fácil identificar os seis candidatos a refeição de jacaré: Sarah (Rebecca Stoughton) é a mais tonta do grupo e sonha em ser influencer, tendo ideias de desenvolver vídeos que possam atrair curtidas, como a ideia que teve de jogar os notebooks em um lago “em algum lugar na Georgia“. Contrariando suas próprias ideias, ela depois sugere que façam uma gravação recolhendo lixo. “Mas e o vídeo em que atiramos os notebooks na água?“, pergunta o deslocado Sam (Michael Bonini, que deve ter algum parentesco com Bill Pullman), ouvindo como resposta de Sarah: “O outro era só para viralizar.” Ela namora o “corpo de atleta e cérebro de minhocaChad (Ben VanderMey), que protagoniza um dos momentos mais bizarros do filme quando resolve enfrentar o animal com uma espada e capacete. Este é meio-irmão da também deslocada Hope (Maddie Lane), presente no passeio a pedido da mãe para conhecer o “parente” idiota melhor. E ainda há o casal de vítimas formado por Pearce (Cooper Drippe) – da quote “Essas fumaças que saem do lago devem ser os sapos fumando um.” – e a que ninguém lembra que existe, Paisley (Sarah Buchanan).

Há, óbvio, um filhote de jacaré no lago. O bichinho, por razões que somente o nonsense explica, é energizado pelos notebooks e se transforma em uma versão adulta, faminta, e com a capacidade de flutuar. Na noite em que Pearce e Paisley resolvem transar à beira do lago, o animal aparece para morder a perna da garota e circundar os demais, ameaçando atacá-los. Se não quiserem fazer parte de um cardápio do réptil, terão que encontrar um meio de alcançar o carro para escapar dos ataques do jacaré feito em CGI ruim.

Acreditem, os efeitos digitais estão entre os menores problemas do filme de Danny Draven, experiente diretor de tranqueiras da Full Moon. O jacaré não somente flutua ao caminhar pelo solo, mas também é capaz de ficar de pé para espiar por uma janela, além de bater numa porta e tocar a campainha. As cenas em que aparecem são mínimas, obrigando o infernauta a acompanhar a paquera desconexa de Sam, interessado em Hope “porque viu uma foto e a estalkeou pelo instagram“, as ideias idiotas dos rapazes com hormônios descontrolados, um drink game tedioso e sequências que incomodam a paciência do público como todo o ato lento e babaca de Chad para sair da cabana para enfrentar a ameaça mal feita. E o que mais impressiona em Bad CGI Gator é a sua duração de média-metragem. Aqueles que quiserem testemunhar os ataques pouco sangrentos e as piadas sem graça do filme só irão sofrer por 58 minutos.

Bad CGI Gator poderia ser mais divertido, se fosse menos bobo. É compreensível a linguagem utilizada, partindo para uma paródia do cinema B de horror, mas poderia ter um roteiro melhor e personagens menos insuportáveis. Ter um ou outro que irrita o espectador até vai, mas quando você tem vontade de ver o elenco inteiro sendo assassinado de maneira mal realizada é porque a intenção de parodiar não está funcionando muito bem. Podiam ter aprendido um pouco com a franquia Sharknado e até com produções com propostas mais interessantes como O Segredo da Cabana. Ao final, aquela sensação de “filme ruim mas que pode ser divertido” não passará da primeira parte da sentença.

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