Psicose
Original:Psycho Ano:2013•País:EUA Autor:Robert Bloch•Editora: Darkside Books |
Há vagas disponíveis para você que procura um descanso em um hotel discreto, à beira da estrada, em companhia de um excelente livro de mistério, principalmente se a leitura tiver servido de inspiração para o clássico absoluto de suspense de Alfred Hitchcock, sob o formato da edição caprichada da Darkside Books, facilitando a hospedagem de seu conteúdo em sua consciência, a partir de uma interessante disposição de capítulos e imagens da produção. Psicose, cuja primeira edição saiu em 1959, é basicamente o roteiro pronto de sua versão para as telas, nas falas do próprio cineasta, mas com diferenças que se complementam.
Oficialmente inspirado nas ações do psicopata Ed Gein, como o próprio Robert Bloch faz questão de evidenciar no último capítulo, o livro encurta ainda mais a participação de Mary Crane, a jovem que, de súbito, decide roubar de seu próprio patrão uma boa quantia de dinheiro para ajudar o namorado Sam Loomis, acreditando que seu crime possa ser ocultado pelos seus disfarces. Enquanto a Marion, de Janet Leigh, demonstrava um certo nervosismo e descuido até mesmo para distrair um policial, Mary é mais hábil em seu plano, sabendo trocar seus veículos sem chamar muito a atenção ou a necessidade de um cochilo na estrada.
Distante de sua morada e cansada pela longa viagem, Mary opta por um repouso em um hotel tranquilo, ermo, próximo a um casarão no alto de uma colina. Mal ela imaginava que o local é administrado pelo subjugado Norman Bates, com características próprias e fascinantes em cada versão. Enquanto nas páginas, ele evidencia sua psicose em sua introspecção, com pensamentos de defesa dos crimes cometidos pela Mãe – além de ser gordo e usar óculos -, a atuação de Anthony Perkins é mais passível de enganar o espectador, através de sua gentileza ingênua e na mudança da voz. Não é possível imaginar como irá agir o personagem das telas, enquanto a leitura permite entender cada passo e método de ocultação dos crimes cometidos.
Tanto Mary quanto Marion são assassinadas no chuveiro do quarto 1 do Motel Bates, sendo que o livro traz detalhes mais grotescos como a cabeça degolada da garota, de modo violento e frio. Marion tem um destino mais poético, lutando pela sobrevivência em uma sequência angustiante até a puxada rápida da cortina como seu último recurso. O descuido do Norman Bates literário, atrapalhado pelo imprevisível, permite que um brinco seja encontrado, assim como manchas de sangue, que trarão as dores de cabeça que culminarão em seu destino conhecido. No filme, é apenas o recorte da conta dos gastos de Marion com o roubo que leva Sam e a irmã de Marion, Lila, a ter certeza da obscuridade do dono do hotel.
Muitas cenas são idênticas nas duas obras, como o encontro com o Xerife na saída da igreja, o telefonema do detetive Arbogast antes de seu fim trágico e a sequência final no porão. As obras se complementam como o sangue negro que escorre pelo ralo do chuveiro e o olhar fixo de Marion, tornando toda a experiência ainda mais fantástica e obrigatória. Se ainda não visitou o Hotel em companhia de Robert Bloch, faça-o para entender os motivos que fizeram sua literatura encantar um dos maiores cineastas de todos os tempos.