Monarch: Legado de Monstros (2023-2024)

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Monarch: Legado de Monstros
Original:Monarch: Legacy of Monsters
Ano:2023-2024•País:EUA, Japão
Direção:Mairzee Almas, Julian Holmes, Hiromi Kamata, Matt Shakman, Andy Goddard
Roteiro:Milla Bell-Hart, Chris Black, Andrew Colville, Matt Fraction, Karl Taro Greenfeld, Al Letson, Amanda Overton, Mariko Tamaki
Produção:Yoshimitsu Banno, Al Letson, Kenji Okuhira, Brian Rogers, Scott Schofield
Elenco:Anna Sawai, Kiersey Clemons, Ren Watabe, Joe Tippett, Wyatt Russell, Kurt Russell, Mari Yamamoto, Elisa Lasowski, Mirelly Taylor, Anders Holm, Takehiro Hira, Qyoko Kudo, John Goodman, Bruce Baek

O ponto de união entre todos os monstros gigantes do MonsterVerse, produzida pela Legendary Pictures, é a empresa Monarch. Ela já tem importância desde o primeiro filme, Godzilla, de 2014, na apresentação de seus funcionários como o Dr. Ishirō Serizawa (Ken Watanabe) – nome em referência ao cineasta Ishirō Honda (diretor de Godzilla, 1954, entre outros) e ao personagem Dr. Daisuke Serizawa, responsável pela morte da criatura no longa original. No filme seguinte, Kong: Ilha da Caveira (2017), na reapresentação de King Kong, a Monarch enviou à ilha Bill Randa (John Goodman), e o pós-crédito já prepara o público para um possível encontro depois de Godzilla II: Rei dos Monstros. Mas como funciona essa empresa de monitoramento dos kaijus? Algumas respostas – não todas, além da evidência de alguns furos – são dadas na série Monarch: Legado de Monstros, lançada em 2023, e disponível na Apple TV.

A ideia de expansão desse universo surgiu com o sucesso de Godzilla vs. Kong. Aproveitando os direitos adquiridos, a Legendary se uniu à Safehouse Pictures e à Toho para iniciar a pré-produção, com as filmagens acontecendo em julho de 2022, em Vancouver, Canadá, com algumas gravações no Japão. O primeiro trailer foi exibido na New York Comic Con 2023, assim como a revelação do pôster. Empolgando pela presença de Kurt Russell e seu filho Wyatt Russell, atuando como o mesmo personagem em épocas distintas. Por fim, a série estreou em 17 de novembro de 2023 e perdurou até 12 de janeiro deste ano, com bons elogios aos efeitos especiais – realmente são muito bons – e à participação do Russell pai, que deu um charme aventureiro à produção.

O primeiro episódio, “Aftermath“, dirigido por Matt Shakman, começa com uma pontinha de John Goodman – evidentemente mais velho do que sua versão de 2014 -, ainda na Ilha da Caveira, lançando ao mar uma pasta com materiais importantes sobre a Monarch. Pouco depois, ele seria devorado pelas criaturas que enfrentarão o Kong no local. Em 2015, a professora Cate Randa (Anna Sawai) chega a Tóquio para saber informações sobre seu pai Hiroshi (Takehiro Hira). Ela descobre no apartamento dele uma segunda família: ele era casado com Emiko (Qyoko Kudo), com quem teve um filho, Kentaro (Ren Watabe). Ao investigar o escritório de Hiroshi, descobrem informações sobre a Monarch e sobre o falecido avô Bill Randa, os tais pertences encontrados posteriormente. Para ajudá-los na busca por Hiroshi, dado como morto na ataque de Godzilla a São Francisco, eles se unem a uma velha conhecida de Kentaro, a hacker May Olowe-Hewitt (Kiersey Clemons). O episódio também é alternado por acontecimentos em 1959, no Cazaquistão, onde um jovem Bill Randa (Anders Holm) está com a Dra. Keiko Miura (Mari Yamamoto) e o coronel Leland Shaw (Wyatt Russell) investigando sinais de radiação. A busca leva a uma entrada em uma antiga usina onde há ovos dos insetoides Endoswarmers, que trazem uma situação de tensão concluindo com o desaparecimento de Keiko.

Em “Departure“, além da busca de Cate, Kentaro e May, a investigação atrai a atenção da própria Monarch, através do funcionário Tim (Joe Tippett) e da agente de campo Michelle Duvall (Elisa Lasowski), que querem os documentos que os jovens possuem e iniciam um jogo de gato e rato. Eles chegam a Lee Shaw (Kurt Russell), que, por ter sido um soldado em 1959, deveria ter uns 90 anos, causando um certo estranhamento. Mantido sob observação em uma instituição de prisioneiros insanos, com segurança máxima, ele promovem uma fuga, com destino ao Alasca, onde Hiroshi havia estado numa instalação local. As ações retornam a 1952, quando Lee conheceu Keiko, com a obrigação de vigiá-la, e Bill. Eles chegam às Filipinas para averiguar os destroços do navio USS Lawton, naufragado em 1943, e são atacados por um Dragão de Ìons.

No terceiro episódio, “Secrets and Lies“, comandado por Julian Holmes, os jovens de 2015 e Lee chegam ao Alasca, onde encontram pistas da passagem de Hiroshi – ele costumava deixar raspas de madeira dos lápis – e são também atacados por uma criatura gigante conhecida como Frost Vark. Já no passado, em 1954, um ano importante para a franquia Godzilla, Keiko, Bill e Lee estão no atol de Bikini, onde foram feitos testes nucleares, descobrindo como testemunhas oculares que se tratava de uma ação para matar o monstro, com conhecimento do General Puckett (Christopher Heyerdahl). Em “Parallels and Interiors“, um dos episódios fracos da temporada, a ação continua no Alasca, com o estado de saúde preocupante de May, além da missão isolada de Kentaro em atravessar um ambiente gelado enquanto relembra como conheceu sua amiga e ex-namorado hacker.

Dirigido por Mairzee Almas, “The Way Out” também traz uma grande queda no ritmo, ambientada em 2015, com a vice-diretora da Monarch, Natalia Verdugo (Mirelly Taylor) interrogando os prisioneiros até ter a ideia de soltá-los para descobrir mais sobre Hiroshi, e também em 2014, pouco antes do ataque de Godzilla, para posicionar Cate e sua namorada Dani (Courtney Dietz) e um ônibus escolar com crianças sobre a ponte Golden Gate, momentos antes dela ser destruída. O sexto episódio, “Terrifying Miracles“, é interessante porque há o reencontro com Hiroshi e uma aparição de Godzilla na Argélia, com efeitos até surpreendentes para uma série de TV. O monstro também aparece no passado, em 1955, mostrando que o ataque nuclear não surtiu o efeito esperado. Também neste, Lee começa a evidenciar seu interesse por Keiko.

O episódio seguinte, “Will the Real May Please Stand Up?“, dirigido por Hiromi Kamata, é importante por apresentar a empresa em que May trabalhava, Applied Experimental Technologies, que depois passaria a ser a Apex Cybernetics, que tinha ideias de controle das criaturas gigantes, como visto em Godzilla II: O Rei dos Monstros. Mostrando seu passado quando era conhecida como Corah Mateo, May é mantida na empresa, até seus amigos se mobilizarem para resgatá-la. A saída só é autorizada, quando sua chefe recebe o contato da Monarch, o que traz a tal mudança no nome para Apex. Aliás, o próprio sistema de controle dos monstros fazia parte dos estudos de Hiroshi, o que apresenta sinais da conexão com o filme, embora tenha sido deixado de lado em Godzilla vs Kong.

Os três episódios finais terão momentos ambientados no presente, mais próximo do último filme, além de explorar o “mundo dos monstros“, a terra de Godzilla e de outras criaturas vistas nos filmes desse MonsterVerse. É mostrado como uma dimensão paralela e não o centro da Terra, onde habitava os antepassados de Kong. Há também a justificativa para o não envelhecimento de Lee Shaw, além do ressurgimento de outra personagem, dada como morta. Nota-se que a expansão desse universo foi além de simplesmente expor criaturas poderosas ameaçando o Planeta, mas apresentar suas origens e a relação com uma empresa que monitorava os MUTOS, seja para estudo ou controle militar.

É claro que a série deixa algumas pontas não conectadas, como a relação da Monarch com o Dr. Ishirō Serizawa, que teve papel fundamental em duas produções. E ficou faltando detalhes sobre a criação da Monarch, uma vez que ela se formou na década de 40, o que deve dar indicação de aparição de monstros antes do começo dos anos 50. Teria a empresa se formado apenas pelo surgimento de Godzilla ou já havia sinais do acesso à outra dimensão, temendo que novas monstros poderiam se revelar? Quem financia o projeto e quais as suas intenções? Algumas dessas perguntas até permitiram teorias, vistas na série, mas seria interessante realmente conhecer o começo de tudo.

Com aparição de monstros, perseguição e conspirações, Monarch: Legado de Monstros foi até melhor do que se imaginava por ser um produto para o streaming. Deixa um final aberto para uma segunda temporada, que, se for feita, deve depender do sucesso do próximo filme, Godzilla e Kong: O Novo Império. Quais serão os próximos rumos desse MonsterVerse, sem precisar resgatar os dois monstros populares em todas as produções? Talvez as respostas estejam nas pesquisas de Bill Randa e no acesso à dimensão dos monstros.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

One thought on “Monarch: Legado de Monstros (2023-2024)

  • 01/04/2024 em 15:25
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    Quatro caveiras? Eu parei lá pelo quinto episódio, se melhora assim não sei, mas até onde vi merece umas duas estrelas e olhe lá. Pouco kaiju, personagens desinteressantes, quase que os Russells não salvam a série.

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