Brain Dead (2007)

4.8
(5)

Brain Dead
Original:Brain Dead
Ano:2007•País:EUA
Direção:Kevin Tenney
Roteiro:Dale Gelineau
Produção:Daniel Duncan, Dennis Michael Tenney, Kevin Tenney
Elenco:Joshua Benton, Sarah Grant Brendecke, David Crane, Andy Forrest, Alexandra Goodman, Chad Guerrero, Elizabeth Lambert, Greg Lewolt, Tess McVicker, Dennis Michael Tenney, Cristina Tiberia, Michelle Tomlinson, Jim Wynorski, Matt Zemlin

Precisamos falar sobre Kevin. Na verdade, não é necessário dispor de muitas linhas, mas é bem provável que você faça uma consulta no IMDb para saber mais a respeito do diretor da trasheira divertida Brain Dead. O primeiro passo é não confundir a produção com a outra bagaceira clássica, Braindead aka Fome Animal, de Peter Jackson, embora você possa colocar ambas as produções na mesma prateleira, nem com o bom Morte Cerebral aka Brain Dead, de Adam Simon. Na filmografia de Kevin Tenney, é possível que você esbarre em O Porão (1989), A Noite dos Demônios (1988), além de coisas estranhas como Witchtrap: A Noite das Bruxarias (1989), Witchboard 2: Entrada Para o Inferno (1993), A Invasão 2 (1998), entre outras pérolas. Saber desse passado permite que você entenda melhor a proposta de Brain Dead.

Se esse filme tivesse sido lançado entre as décadas de 80 e 90 e estivesse ao lado de outras produções de gosto duvidoso, é capaz que você definisse o cineasta como alguém com poucos recursos e nenhuma experiência. Não é o caso. Brain Dead é um trabalho de fã de horror bagaceira, mas que entende muito bem de condução, e quis prestar uma homenagem ao cinema marginal. Assim, os efeitos ruins são absolutamente justificáveis, além dos excessos, das insanidades, do mulherio desnudo, das altas doses de sangue, desmembramentos e cérebros explodidos. É uma produção que se veste adequadamente, com manchas de mostarda e melecas alienígenas, para a sessão SexTerror do Boca do Inferno.

Clarence Singer: Eles estão desarmados, Bob.
Reverendo Farnsworth: Isso não é verdade! Estamos usando a armadura da fé e empunhando a espada da justiça!
Clarence Singer: E você? Bem, me ligue quando tiver a Granada de Mão Sagrada.

Começa com a entrevista ofensiva de Clarence Singer (Joshua Benton) à polícia, sem ainda mostrar todo o seu leque de frases divertidas. Um asteroide atravessa o espaço, em efeitos de videogame, e cai na Terra, encontrando abrigo na cabeça de um velho pescador, fazendo um pequeno e visível rombo. Em um momento Chapolin, ele rapidamente se transforma em uma espécie de zumbi, com a pele azulada e massas coladas sobre a face, para abrir a mente de seu colega, partindo a cabeça ao meio para se alimentar de seu cérebro intacto. Com o monstro criado, os demais personagens são apresentados, como o Reverendo Farnsworth (Andy Forrest) e sua seguidora Amy (Cristina Tiberia); o criminoso em fuga Bob (David Crane), que leva inevitavelmente o outro preso, Clarence, com ele; além das aventureiras Claudia (Michelle Tomlinson) e Candy (Elizabeth Lambert). Todas as moças aparecerão nuas na primeira metade do filme, de maneira forçadamente gratuita, em um típico exploitation do gênero.

Clarence Singer: Que merda! Eu fui baleado.
Sherry Morgan: Oh, merda. É ruim?
Clarence Singer: Você já levou um tiro e foi bom?

Logo eles chegarão a um chalé no meio da mata, local onde moravam os pescadores do começo, somente para notarem que estão sendo caçados por zumbis alienígenas, e precisam encontrar uma forma de enfrentar os monstros e sair dali. É o clichê máximo do gênero horror, ou seja, numa estrutura preguiçosa, mas extremamente funcional. A linguagem cômica é o recheio do bolo para tornar a experiência mais aceitável, destacando as ações e falas de Clarence, com tiradas inteligentes e respostas divertidas – algumas delas ilustram o texto, traduzidas a partir do IMDb. Além do humor ácido, o longa é embebido de lama viscosa, tem a movimentação lenta de um parasita alienígena (em uma das cenas, a criatura salta de dentro da vagina de uma personagem), e a caracterização tosca dos zumbis.

Clarence Singer: Eu só morro uma vez, então quero fazer isso direito. Então pare de me apressar.

Disponível no streaming Looke – a minha plataforma favorita -, Brain Dead é um espetáculo gore e nojento numa maravilhosa homenagem ao cinema de baixos recursos. Filmado em quatro semanas, com várias cenas acrescidas no decorrer das filmagens, com uma pontinha especial do diretor de bagaceiras Jim Wynorski, é sem dúvida um dos melhores trabalhos de Kevin Tenney, um achado que honra o gênero e traz uma sensação saudosa da época em que a ousadia desenvolveu produções como Trash – Náusea Total e tantos outros filmes divertidamente ruins.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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