O Bebê Maldito (1991)

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O Bebê Maldito
Original:The Unborn
Ano:1991•País:EUA
Direção:Rodman Flender
Roteiro:John Brancato, Michael Ferris
Produção:Rodman Flender
Elenco:Brooke Adams, Jeff Hayenga, James Karen, K Callan, Jane Cameron, Kathy Griffin, Wendy Hammers, Janice Kent

Uma das lembranças mais palpáveis de minhas andanças em locadoras ali pela metade da década de 1990 é viajar nas prateleiras da seção de horror e ver aquelas dezenas de filmes que, eu achava, nunca conseguiria ver na vida – eu não tinha chegado aos dez anos e não tinha acesso à maioria desses filmes, mas amava viajar nas capas. E uma das capas que mais me chamava atenção era a do aparentemente famigerado O Bebê Maldito II. Era feia, muito trash, e ficava lá embaixo, nas últimas prateleiras, já perto do chão, longe dos lançamentos, e local dos filmes que quase ninguém prestava atenção.

Os streamings e, principalmente, os torrents, têm me permitido correr atrás do tempo perdido e dar uma checada naqueles filmes que marcaram meus passeios em locadoras, pegando a visão especialmente daqueles que minha mãe nunca topou custear naquela época (raramente ela topava me embarcar numa aventura mais mórbida). Recentemente foi a vez de conhecer a história do tal Bebê Maldito (os dois filmes), e olha, o “aparentemente famigerado” que usei lá em cima é só “aparentemente” mesmo, porque a saga do bebê monstro é menos trash do que é sugerido num primeiro momento.

A trama, uma misturada de ficção científica e terror psicológico, foca na gravidez de Virginia Marshall (Brooke Adams), que, após um procedimento de fertilização in vitro, se percebe como cobaia de um experimento não autorizado realizado por um cientista inescrupuloso. A ideia do tal cientista é produzir uma geração de super bebês que sobrevivam à gestação em mães inférteis (ou algo do gênero).

Longe de focar nas bizarrices e tosqueiras que as capas podem sugerir, o que temos aqui é um filme original e honesto, ainda que ecos de outros semelhantes, como O Bebê de Rosemary e Nasce um Monstro, ressoem aqui e ali. Na verdade, O Bebê Maldito condensa o melhor desses dois exemplos, como a paranoia do primeiro, guardando a tosqueira do segundo para seu rápido ato final. Nasce um Monstro, inclusive, é a inspiração direta conforme as palavras do próprio roteirista, John Brancato.

O roteiro, no entanto, conduz o drama de Virginia com maior sensibilidade, trazendo questões típicas da maternidade à baila e que influenciam diretamente o destino dos personagens – como é de ser.

O elenco competente encorpa ainda mais a produção. Brooke Adams já havia protagonizado algumas produções de terror, como Ondas de Pavor (1977), aquela ótima versão de Invasores de Corpos de 1978, e a adaptação do Hora da Zona Morta (1983). James Karen, que interpreta o obstetra, também é figurinha conhecida por papéis em A Volta dos Mortos Vivos (1985) e a versão de Invasores de Marte (1986) de Tobe Hopper.

Já o diretor Rodman Flender, que travou parceria com Roger Corman (que também produz Bebê Maldito)  desde início de carreira, fez bonito neste que é seu debut como diretor. Outros trabalhos de seu currículo são O Retorno do Duende (1994), segunda parte da franquia O Duende, e o irreverente Mão Assassina (1999).

Ao fim, Bebê Maldito se sai melhor que a encomenda. A direção de Flender, que vai do atmosférico ao trash com muita desenvoltura, se sai bem em todos os estilos por onde ousa se aventurar, criando um ambiente angustiante e paranoico na medida certa pra gerar incômodo. Recomendado aos interessados em filmes B de um modo geral e aos saudosos dos anos 90. Quatro caveiras pela impossibilidade de um bom 3,8 rsss.

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Pedro Emmanuel

Cearense, jornalista, quase geógrafo (ainda cursando), meio praieiro e ligeiramente antissocial. Minha viagem é aprender o máximo possível sobre a vida e sobre a morte, e assim ir assimilando alguns mistérios da existência. Vivo como se fosse um detetive, mas minha mente vagueia muito. Sou fã de Star Trek, Jefferson Airplane, e do Massacre da Serra Elétrica original.

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