Os Invasores de Corpos: A Invasão Continua (1993)

3.8
(9)

Os Invasores de Corpos: A Invasão Continua
Original:Body Snatchers
Ano:1993•País:EUA
Direção:Abel Ferrara
Roteiro:Jack Finney, Larry Cohen, Raymond Cistheri, Stuart Gordon, Dennis Paoli, Nicholas St. John
Produção:Robert H. Solo
Elenco:Terry Kinney, Meg Tilly, Gabrielle Anwar, Reilly Murphy, Billy Wirth, Christine Elise, R. Lee Ermey, Kathleen Doyle, Forest Whitaker, Tonea Stewart

Carol Malone: Vai para onde?
Steve Malone: Não, temos que ir! De que diabos você está falando?
Carol Malone: Steve, isso é importante. Vai para onde? Isso mesmo, vai para onde? O que aconteceu no seu quarto… Você está ouvindo? O que aconteceu no seu quarto não é um incidente isolado. É algo que está acontecendo em todos os lugares.
Steve Malone: Do que você está falando?
Carol Malone: Então, para onde você vai? Para onde você vai correr? Onde você vai se esconder? Em lugar nenhum, porque não sobrou ninguém como você.

O sucesso de Invasores de Corpos, ainda que tardiamente, inspirou uma nova invasão. A obra de Jack Finney traz um material verdadeiramente assustador e que poderia render versões dentro da mesma proposta, desde que explorasse outras ambientações e apresentasse elementos novos da mitologia “alienígena ladrões de corpos“. Seria realmente difícil superar a realização de 1978, que, além de seu caráter conspiratório, trazia um elenco recheado de nomes conhecidos, como Donald Sutherland, Brooke Adams, Jeff Goldblum, Veronica Cartwright e Leonard Nimoy. Assim, a direção do novo tratamento ficou acertadamente a cargo do experiente Abel Ferrara (de Rei de Nova York e Vício Frenético), o que foi um primeiro passo para que o longa pudesse apresentar algo significativo.

Os Invasores de Corpos: A Invasão Continua envolveu no roteiro cinco nomes: Raymond Cistheri e Larry Cohen, como os responsáveis pelo argumento, para um texto final desenvolvido por Stuart Gordon, Dennis Paoli e Nicholas St. John. Houve realmente mudanças na ambientação: uma base militar do Exército no Alabama – para dar uma sensação maior de incômodo, provavelmente -, diferenciando do romance, ambientado numa cidade pequena da Califórnia, e do filme de 78, em São Francisco. Marti (Gabrielle Anwar) narra a trama, contando sobre a mudança para a zona militar devido ao emprego de seu pai, Steve (Terry Kinney), que trabalha como fiscal da Agência de Proteção Ambiental e vai analisar as ações dos soldados com a manipulação química. Também seguem para a nova moradia a madrasta de Marti, Carol (a ótima Meg Tilly), e seu meio-irmão Andi (Reilly Murphy).

No caminho, a família para em um posto de gasolina para abastecer. É lá que Marti, ao ir ao banheiro, será incomodada por um soldado insano que trará a principal orientação sobre os alienígenas: “Eles atacam quando você dorme“. O episódio é o primeiro reflexo de que o problema local já está acontecendo e irá se espalhar pela base militar progressivamente. A jovem faz amizade com a filha do comandante, Jenn (Christine Elise, que terá problemas com o boneco Chucky na série, que curiosamente também contou com uma participação de Meg Tilly), enquanto Andi está se sentindo incomodado na creche, onde seus coleguinhas parecem agir e pensar da mesma maneira, como mostrado em um desenho sugerido pela professora.

Depois que vagens são recolhidas dos pântanos e deixadas nos quartos da família Malone, Marti começa a perceber que o medo de dormir de Andi é justificado pelo que está acontecendo no local. Humanos estão sendo substituídos aos poucos por versões frias, insensíveis, mas que mantêm a consciência de suas ações. E quando um humano é identificado entre as raças alienígenas, um grito estridente, com o dedo em riste e a boca escancarada, atrai a atenção de outras criaturas em uma ameaça crescente e assustadora, sem o mesmo impacto visto na primeira refilmagem. Marti vai se unir ao piloto de helicóptero Tim (Billy Wirth) para tentar encontrar um jeito de sair dali e alertar as autoridades sobre o perigo iminente.

Ainda fazem parte do elenco, em participações menores, R. Lee Ermey, como o General Platt, e Forest Whitaker, como o amedrontado Dr. Collins. Enquanto Ermey está mais uma vez à vontade atuando como militar – entre vários papéis, ele é lembrado pela sua atuação em Nascido para Matar (1987) -, Whitaker traz mais uma vez um personagem paranoico, precisando resistir a uma ameaça alienígena como faria depois em A Experiência (1995).

Apesar de alguns efeitos serem ruins, como a queda de um personagem de um helicóptero, Os Invasores de Corpos: A Invasão Continua – obviamente não se trata de uma continuação como o título nacional sugere – é interessante. Tem uma escala menos urbana e mais militar, remetendo a produções como Exército de Extermínio (1977), algumas facilitações do enredo e clichês, mas constrói a mesma sensação de conspiração e paranoia de outros exemplares, seja oriundo da mesma fonte, como o futuro Invasores, como também os que homenageiam ou referenciam, como Prova Final. A atmosfera pessimista percorre todo o enredo, ainda que o efeito “final feliz” tenha deixado sua marca.

Os Invasores de Corpos: A Invasão Continua é mais uma prova da força narrativa da obra de Jack Finney, com simbologias políticas ou virais, mostrando que determinados comportamentos podem ser frutos de influências externas, além da compreensão humana.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

4 thoughts on “Os Invasores de Corpos: A Invasão Continua (1993)

  • 15/07/2023 em 11:04
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    Faltou citar o recente “ASSIMILATE” que também pode ser visto como uma refilmagem de “Invasores de Corpos”.

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  • 12/07/2023 em 21:40
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    Péssimo filme, um grande disperdício do bom elenco. O original e o primeiro remake dão um banho nesse aí.

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    • 16/07/2023 em 18:03
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      Me julguem,mas sou apaixonada por esse filme, lógico que o primeiro é melhor,mas esse marcou minha adolescência,assistia muito nas madrugadas da tv aberta. É um bom filme sim 😀😻😻😻

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  • 12/07/2023 em 19:48
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    Filme excelente … p final nao e feliz … fica um final aberto !

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