Meu Tio é um Vampiro (1959)

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Meu Tio é um Vampiro
Original:Tempi duri per i vampiri
Ano:1959•País:Itália
Direção:Steno
Roteiro:Edoardo Anton, Marcello Fondato, Sandro Continenza, Dino Verde, Steno, Renato Rascel.
Produção:Mario Cecchi Gori
Elenco:Renato Rascel, Christopher Lee, Sylva Koscina, Lia Zoppelli, Kai Fischer, Franco Scandurra, Carl Wery

O vampiro Barão Roderico da Frankurten (Christopher Lee) precisa se mudar para o castelo de seu último descendente e é enviado para Itália. Mas, o que ele não sabia é que esse descendente, o barão Osvaldo Lambertenghi (Renato Rascel), acabou de vender suas propriedades para pagar dívidas e o castelo agora foi transformado em hotel (mais ou menos) de luxo. E agora ele trabalha como carregador de malas.

Pouco depois da mudança no castelo Lambertenghi, chega uma carta avisando da vista do tio, com suas bagagens vindo em seguida. E é claro que nas bagagens vem o caixão com o barão vampiro. A partir de então, segue-se uma série de trapalhadas e confusões no hotel com um vampiro à solta.

Tempi duri per i Vampiri (cuja tradução seria algo como “Tempos Difíceis para Vampiros”) é uma comédia italiana que pretendia surfar no enorme sucesso de O Vampiro da Noite (Dracula, 1958), do diretor Terence Fisher.  Para isso, gastaram uma boa parte do orçamento para contratar Christopher Lee pra reprisar o seu papel (mas com outro nome, para evitar problemas legais). Este foi o primeiro papel de Lee em um filme italiano, algo que o ator – que tinha ascendência italiana por parte de mãe – queria muito fazer, o que explica a sua participação nessa produção de qualidade duvidosa.

Boa parte do filme se dedica a piadas envolvendo vampiros e suas… qualidades em situações normalmente não relacionadas a eles, no caso, num hotel “moderno” e seus hóspedes. Não é dado lá uma grande atenção ao vampiro, sua maldição e uma coerência a esses elementos; ele é um vampiro, isso já basta para se tentar fazer comédia. Aparentemente, vampiros só podem sugar sangue de mulheres e seus poderes se resumem a ter uma voz passada por um efeito com eco, serem pálidos e com cabelo para trás e saberem correr com uma capa.

Em certo momento do filme, o próprio descendente/sobrinho, o barão Osvaldo, se torna um vampiro, o que causa ainda mais confusões quando ele sai mordendo todas as hóspedes bonitas que encontra, fazendo-as ficarem perdidamente apaixonadas por ele, que não se lembra o que fez durante o dia, quando “deixa” de ser vampiro. Sim, isso mesmo.

Apesar da ideia parecer interessante (para uma comédia), o filme é bem ruim e tosco, parecendo uma produção bem barata, com piadas bobas que parecem esquetes feitos para televisão, mas filmados para cinema, num lugar bonito (às vezes). As tramas paralelas, dos hóspedes que aparecem com algum destaque, são péssimas e com mais furos que um escorredor de macarrão e se “resolvem” das formas rápidas e sem sentido. Os dois amigos que querem pegar duas garotas no hotel são terríveis e é muito fácil para o espectador torcer para que tenham um final ruim.

As atuações não são nem dignas de serem assim chamadas, e uma coisa divertida de se ver é o contraste (intencional) da seriedade de Lee com seu vampiro com todo o resto do elenco e das situações. Outro contraste intencional e engraçado é a diferença de altura do tio vampiro (com 1,95m) e o sobrinho falido (com 1,55 m). Renato Rascel ainda se esforça para fazer alguma coisa engraçada, mas não consegue escapar do humor bobinho e simples, com piadas e situações que beira o muito errado em vários momentos.

O som geral do filme é bem ruim, mesmo na versão dublada em inglês (onde a voz de Lee foi criminosamente substituída pela de um ator americano), com música e efeitos sonoros ruins e nos piores momentos possíveis. O tema do interesse amoroso do barão Osvaldo é totalmente deslocado e não faz sentido algum. Aliás, o próprio interesse amoroso é nada mais que uma ferramenta ruim de roteiro e está lá só para ter uma atriz bonita, e uma solução rápida e simples para a trama toda.

O filme é ruim, fraco, mal dirigido, com roteiro capenga, cenas e piadas enfiadas só porque sim e porque alguém achou que ficaria engraçado de alguma forma. Personagens bobos e rasos numa história que só serve pra mostrar situações cômicas (ou mais ou menos cômicas). Mesmo assim, Tempi duri per i Vampiri (que foi lançado nos Estados Unidos como Uncle Was a Vampire) diverte um pouco pela sua tosquice e pelo insólito de se ver um dos Dráculas mais icônicos do cinema numa comédia bobinha, daquelas para toda a família ver no domingo, com o seu tio apontando cenas nada a ver e morrendo de rir com ela (e você se perguntando o que ele achou de tão engraçado).
Ficamos felizes de saber que Christopher Lee, depois disso, participou de outros filmes italianos bons…

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Rogerio Saladino

Rogerio Saladino é escritor, jornalista, editor, tradutor e autor, atuando nas áreas de quadrinhos, literatura, RPG e cultura pop. Um entusiasta do terror em todas suas formas e, inexplicavelmente, adora a série Puppetmaster, mesmo consciente da sua qualidade duvidosa.

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