Os Melhores Filmes de Horror de 2021

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Naquela tradicional lista com expectativas para o ano corrente, coloquei no meu status que estava ansioso para ver em 2021 Um Lugar Silencioso 2, Invocação do Mal 3, Ghostbusters: Mais Além, O Homem nas Trevas 2 e Halloween Kills. Quando você faz uma análise do que viu durante o ano e percebe que apenas duas produções poderiam fazer parte de um top 10, mas jamais de um top 5, é sinal que o ano foi surpreendentemente fraco para o gênero. Pelo menos, no que se refere às produções lançadas comercialmente.

Fraco no sentido de qualidade mesmo. Não podemos esquecer que, mesmo no ano 2 da pandemia, os cinemas e os canais de streaming foram muito bem alimentados. Produções para todos os gostos, incluindo continuações, reboots, reencontro com personagens icônicos, monstros gigantes….tudo banhado a sangue e mortes violentas nas ações de demônios, assassinos e assombrações.

2021 foi o ano de lançamento do novo e decepcionante Jogos Mortais; do reboot/remake de Pânico na Floresta, Resident Evil e até Atividade Paranormal; da volta de Candyman, de Michael Myers, de um novo filme de terror de James Wan; de um novo filme de zumbis de Zack Snyder; do retorno (sic) de Neill Blomkamp; da adaptação de Rua do Medo. O terror esteve em pauta com estreias, divulgação de produções para 2022, eventos online…

Assim sendo, é estranho quando você começa a perceber que os principais destaques de terror de 2021 são exatamente produções que não mergulharam de cabeça no gênero. Nada de rótulos como pós-horror ou o surgimento de um novo estilo; foram filmes que tangenciaram o medo, mas que souberam promover sustos ou pelo menos apresentar sangue novo a um universo repetitivo.

Vamos ao que eu melhor vi em 2021:

Jakob´s Wife: Uma mistura de horror e humor negro e que resgata de maneira sólida os filmes divertidos de vampiros da década de 80. Traz no elenco a scream queen Barbara Crampton, além de Larry Fessenden, como o pastor que começa a notar uma diferença de comportamento em sua esposa submissa. Divide a atenção com outro igualmente interessante filme vampírico intitulado Boys from County Hell, mas que foi lançado em 2020.

Um Lobo entre nós: Inspirado em um game de investigação sobre a possível identidade de uma criatura voraz, trata-se de um filme claustrofóbico, com boas doses de sangue e personagens bem interessantes. Este também rivaliza com outra divertida produção licantropa, a tal O Lobo de Snow Hollow, de 2020, com a ótima atuação de Jim Cummings.

Ghostbusters: Mais Além: Tinha tudo para dar errado como aconteceu com a refilmagem, mas o toque de Jason Reitman, com ótimas referências aos filmes anteriores (incluindo a volta do elenco principal), fez a diferença. Um final mais apocalíptico faria com que o longa subisse algumas posições nesta lista, mas valeu o retorno ao universo dos caçadores de fantasmas.

Espíritos Obscuros: Definitivamente o filme de monstro de 2021. Aliás, pode-se considerá-lo como a produção definitiva que envolve a entidade Wendigo. Fazia tempo que você não via um filme que trouxesse aquela atmosfera de filmes de monstros das décadas de 80 e 90, escondendo a versão final da criatura até os últimos acordes. E o que é mais interessante no filme de Scott Cooper é a acertada ideia de não contar tudo, deixando a imaginação do espectador para preencher alguns pontos do roteiro. Nota-se que é o primeiro filme de terror mesmo da lista. E você achava que Godzilla Vs Kong estaria por aqui!

Tempo: Alguns irão torcer o nariz por encontrar este mais recente filme de M. Night Shyamalan neste top. Não apenas por não achá-lo assim tão bom, como também por considerá-lo um dos piores trabalhos do cineasta indiano. É realmente um filme estranho, extremamente explicadinho, e que traz algumas atuações questionáveis. Mas tem todo aquele clima de mistério, de “além da imaginação”, com crítica social, simbologias e uma perturbadora sensação de claustrofobia. Rivalizou com A Lenda de Candyman como a produção com mais teor social!

Halloween Kills: Quem diria que um slasher sangrento poderia ocupar um lugar de destaque? Mas, sim, é uma produção bem violenta, com alto número de mortes, resgate a personagens do passado e um Michael Myers badass! Um final menos onírico, sem esbarrar no evidente sobrenatural, poderia lhe render uma nota maior. Mas há Michael, há Laurie, há referências…tem tudo o que gostamos de ver no gênero!

Titane: Na categoria filme porralouca de 2021 este longa de Julia Ducournau vence com folga! Bizarro, estranho, doente, insano…ele incomoda, traz cenas de aflição e que provavelmente farão espectadores mais frágeis desistirem de ir até o final. Contudo, vale a pena por todas as provocações que o filme desperta, pela atuação de Agathe Rousselle e pela ousadia de seu tratamento final.

Censor: Construído a partir de um contexto histórico bastante importante na evolução do gênero, este filme de Prano Bailey-Bond trabalha possibilidades interessantes, moldado em um envolvente terror psicológico, cujo final trará duas leituras. Muito bem realizado, ambientado e com ótimas atuações, é indispensável para quem estuda o gênero desde seu período conturbado de censura.

Noite passada em Soho: A melhor experiência em tela grande de 2021, este filme de Edgar Wright promove sensações diversas, saltando entre gêneros, entre poesia e música, entre tensão e medo. Com um ótimo elenco, na melhor atuação de Anya Taylor-Joy, trata-se de uma obra de ótimos impressões, com uma montagem espetacular, e um final surpreendente. Coisa linda e merecedora de muitos prêmios!

A Lenda do Cavaleiro Verde: Desde que os créditos finais surgiram na tela, eu já sabia que acabara de ver o melhor filme de 2021, tanto que até nomeei um artigo com essa definição. Esteticamente perfeito, o filme traz metáforas e simbologias, enquanto aborda a tradicional jornada de amadurecimento ou desmerecimento de um cavaleiro. Há muito o que observar, muito o que enaltecer nesta obra-prima de David Lowery, mas seus principais méritos se concentram na narrativa pouco explicativa e absolutamente profunda.

Considerações Finais

É claro que há muitas outras produções que poderiam rondar esta lista. E você provavelmente deve ter visto muitas outras merecedoras de um destaque em qualquer lista, mas é importante considerar alguns pontos para elaborar a sua:

    • os filmes vistos até o momento (não vi todos os filmes, então posso mudar de opinião a qualquer momento. Um exemplo é o elogiado Benedetta, assim como What Josiah Saw, que está presente em diversas listas dos melhores de 2021).
    • os filmes lançados em 2021. Há muitas produções, como Saint Maud, que você pode ter visto este ano, mas que foram lançados em 2020 ou até 2019.

E, para finalizar, valem menção honrosa Till Death e The Power.  Duas produções bem legais e que poderiam figurar em uma lista com mais de dez filmes.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

2 thoughts on “Os Melhores Filmes de Horror de 2021

  • 01/07/2022 em 03:52
    Permalink

    O melhor: O Cavaleiro Verde
    O pior (de lavada): A Lenda de Candyman

    Resposta
  • 08/01/2022 em 19:05
    Permalink

    “Possessor” – Brandon Cronenberg.
    “Saint Maud” – Rose Glass.
    “Bela Vingança” – Emerald Fennell.
    “Censor” – Prano Bailey-Bond.
    “Noite Passada em Soho” – Edgar Wright.
    “A Lenda do Cavaleiro Verde” – David Lowery.
    “A Chorona” – Jayro Bustamante.
    “Annette” – Leos Carax.
    “Ema” – Pablo Larraín.
    “Um Lugar Silencioso – Parte 2” – John Krasinski.
    “Tempo” – M. Night Shyamalan.
    “Relíquia Macabra” – Natalie Erika James.
    “O Chalé” – Veronika Franz & Severin Fiala.

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